Capítulo três

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Já passara seis meses, e o rei continuava evitando Edria. Ele não a tocava, não a olhava. Ele não falava com ninguém e ficava sozinho a maior parte de seu tempo. Edria não aguentava mais. Ela odiava admitir mas amava o pau de Adam a penetrando firme. Mesmo que ele não fosse seu amor, ela gostava dele.

- Meu rei. - disse Edria, quando Adam entrou nos aposentos.

Ele a cumprimentou com a cabeça e seguiu para uma sala onde estava a bacia de banhos. Edria o seguiu. Viu a contração de seus músculos enquanto se despia. A mulher se aproximou do rei.

- Edria, não. - disse Adam, cansado. Exausto.

- Por favor. - ela sussurrou. Levou a mão até a virilha de Adam. Ele agarrou o pulso dela. Firme. Ela achou que ele iria afastar sua mão, mas o rei pressionou sua palma em sua ereção. - Finja que sou ela.

Adam a olhou rapidamente, surpresa evidente.

- O que está falando, Edria?

- Eu sei que você não me deseja, meu rei. Mas para ser bom para você, finja que sou sua Grop.

Adam suspirou. E então se afastou. Edria se sentiu rejeitada, magoada.

Então foi para o quarto e se olhou no espelho. Era uma mulher bonita, mas sabia que não poderia ser comparada a Fyra. A Grop do rei. Edria se sentia nojenta, nem um herdeiro ela foi capaz de dar ao rei. Era tão patética.

Ela estava cansada de fracassar, queria que o rei a olhasse e a desejasse. Então ela reuniu toda sua coragem e colocou um capuz preto. Abriu as portas e saiu.


O coração de Edria fugiria do peito se ela deixasse. Mas ela tinha que fazer isso. Se não fizesse, o que seria dela? O rei precisava de herdeiros e ela não poderia concebê-los. Ao ver a névoa, Edria tremeu. Ela não entraria, e não precisava. Todo mundo sabia como atrair um Krehn. Os Krhens eram criaturas cinzentas e ossudas, eles tinham olhos da cor de um azul tão claro que chegava a ser cintilante. Os Krhens concediam desejos. Eles davam o que a pessoa queria, mas cobravam algo em troca. Sempre.

Edria apanhou de seu casaco uma adaga, feita de gelo. Os antigos Ahuas criaram as armas, e os de agora eram cópias baratas que não sabiam nem controlar um chafariz sequer.

A lâmina era afiada, e Edria quase nem sentiu quando enfiou a adaga em seu próprio peito. Talvez fosse algum mito e Edria acabara de tirar a própria vida, mas duvidava disso. Tinha certeza. Tinha que ter. O sangue já vertia, mas faltava pouco. A dor era terrível. Edria tirou de seu peito, o coração de seu amado. Sabia as consequências disso, sabia que ele morreria, mas ela precisava. Quando o coração caiu no chão um som muito alto que grotesco cortou os ares. E em poucos minutos, a criatura que Edria julgara ser a mais horripilante estava a sua frente.

O Krhen se ajoelhou e pegou o coração. O cheirou e por fim, o comeu. Edria não conhecera sua alma gêmea, mas ela sentiu sua alma arruinada, sozinha e perdida. 

- Olá, garotinha - disse a coisa. Os dentes afiados se destacavam em um sorriso perverso. - quer que eu lhe conceda um desejo? - ele riu. 

- Quero. - disse Edria, a voz um fiapo. Tão diferente de sua origem, que a voz obtinha todo seu poder. 

- Uma gritadora... - analisou o Krhen. - Interessante. 

Edria levantou o queixo, tentando mostrar que não seria intimidada. 

- Deixe eu adivinhar, você quer ser a garota mais bonita de todo seu reino de merda? - ele riu. - Quer ser a putinha do rei? 

- Você está falando com a rainha de Haendra. - disse Edria com seu ar de superioridade. - E eu quero que me dê filhos. Dois. Lindos e saudáveis, que continuem a tradição da paz. 

- Tudo bem, vossa alteza. - debochou. - Mas se quer dois filhos, terá que me dar algo em troca. 

- Mas eu já lhe dei meu coração! - irritou-se ela. 

- O coração vale para uma coisa, você quer duas. Então terá de me pagar duas vezes. 

- Que seja! - ela o olhou nos olhos e se arrependeu. Teria pesadelos com aqueles olhos pelo resto da vida. 

- Lhe darei duas filhas. Gêmeas. Lindas e saudáveis, com poderes interessantes. Serviram para o rei. Mas em troca... 

- Não quero saber. - disse ela. - Apenas coloque as crianças na minha barriga. Não quero saber o que terei que lhe dar em troca. Quando perder isso, não saberei. E gostaria que fosse assim. 

- Se assim deseja. - gargalhou o Khren, e desapareceu na neblina. Edria, desmaiou. 

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