Capítulo 17:

20 4 0
                                    


Música: Patrick Swaizw - She's Like The Wind.

***


Depois da revelação, Tina quis ir até a delegacia prestar depoimento, Daniel a levou juntamente com Roger e Theodore que fizeram questão de acompanhá-los, já que ela não quis advogado nenhum, sabia que não tinha nenhuma culpa no acontecido, então para que ter alguém para defendê-la?

O delegado foi muito gentil como sempre e pode avaliar o que ele já suspeitava, aquela doce jovem nunca poderia ter arquitetado um plano tão tenebroso daqueles, porém, outra dúvida o assolava, algo que ainda não queria revelar a ninguém, só ele e o médico legista suspeitavam, até que se comprovasse levaria ainda algum tempo, mas, mesmo assim ele aconselhou os Foster não se livrarem dos seguranças, ele suspeitava que algo ainda aconteceria, se pudesse, ele mesmo seria capaz de servir de segurança para aquela adorável jovem senhora, que o fazia lembrar sua própria esposa quando mais jovem.

Dava para sentir o amor que os dois sentiam um pelo outro, alguém com a capacidade de amar dessa maneira nunca teria a coragem e a frieza de tirar a vida de outra pessoa, planejando algo tão baixo.

***

Os meses passaram rápido, Tina sentia-se bem, cada dia melhor, sua pressão quase nunca se alterava, mesmo assim não deixou de tomar a medicação, seguia à risca tudo o que Bárbara lhe recomendava, estava sentindo-se mais segura com o futuro, os pesadelos ainda continuavam, dessa vez com o conhecimento de Daniel já que uma noite o sonho fora tão intenso, tão real que ela acordou gritando desesperada, fazendo-o acordar assustado.

Nem isso lhe tirava a alegria de ver chegar o momento que seu bebê estaria em seus braços, ainda não puderam ver o sexo, o bebê insistia em ficar com as perninhas cruzadas fazendo Daniel rir emocionado todas as vezes que o viam pelo monitor do ultrassom, davam razão a Theodore que insistia em dizer que seria uma linda menininha. Por conta da morte de Sophia, Tina desistiu de ir para a fazenda.

Os desejos estrambólicos continuavam, deixando Daniel quase de cabelos em pé, já que ele tinha que compartilhar da degustação de misturas cada vez mais estranhas, como por exemplo, anéis de cebola com mostarda e chocolate, banana com ketchup, sorvete com molho de tomate, melão com sal. Cada desejo era motivo de risos na família e piadas de Roger, apesar de não escapar de experimentar algumas dessas misturas.

Quando Tina chegou na metade do sétimo mês, começaram as ligações estranhas, o telefone tocava e quando ela, ou alguém que não fosse Daniel atendia, simplesmente desligava, quando acontecia de Daniel atender, ele ouvia uma voz longe que não conseguia identificar de quem seria, o elogiar e dizer que ele ainda seria dela. Se não fosse pelo fato de Sophia estar morta, Daniel poderia jurar que era ela a autora da brincadeira sem graça.

Uma noite porém, o telefone tocou e Tina o atendeu, a voz lhe perguntou se ela estava preparada para morrer, porque o dia de sua morte estava chegando. Tina desligou o telefone com um grito desesperado, sentiu seu ventre se contrair de dor. Daniel que estava se despindo para dormir correu ao seu encontro vendo que ela estava assustada e com os olhos cheios de lágrimas, fez de tudo para acalmá-la, pegando-a no colo deitou com ela encostando sua cabeça em seu peito.

-Calma minha pequena, não fica assim, isso lhe fará mal, eu estou aqui e nada de ruim lhe acontecerá. Amanhã mesmo eu irei falar com delegado e ver o que pode ser feito para que se descubra quem é o autor dessa brincadeira de mau gosto.

-Eu estou com medo Daniel, estou começando a ficar muito assustada, tenho receio de dizer o que me passou pela cabeça ao ouvir essa voz.

-Diga para mim meu amor, não fique guardando nada que possa lhe fazer mal.

-Eu tive a impressão de estar ouvindo a voz de Sophia, podia jurar que era ela no telefone, me ameaçando me perguntando se estou preparada para morrer que o dia da minha morte está chegando.

-Não coloque isso na cabeça meu anjo, não é verdade, nada irá te acontecer eu não vou deixar ouviu bem? Eu não vou deixar, não vou te perder.

-Eu tenho medo Daniel, estou apavorada!

-Não fique amor, isso não fará bem para você e nem para o bebê. Fica calma por favor!

-Me abraça, me abraça forte!

-Sempre minha vida, sempre!

E assim, naquela noite ela dormiu enrolada nos braços de seu marido, o que se tornou uma constante pois ela percebeu que dormindo dessa maneira ela não tinha pesadelos.

Na manhã seguinte como o prometido, Daniel foi até a delegacia a procura do delegado e narrou tudo o que vinha acontecendo, inclusive sobre o telefonema da noite passada o que fez sua esposa ficar apavorada.

-Senhor Foster, algum tempo depois de uma conversa que tive com o médico legista que fez o exame de necropsia no corpo da senhorita Sophia, eu fiquei desconfiado e comecei a investigar, no começo da semana saiu o resultado da necropsia e minhas desconfianças se concretizaram, o corpo encontrado no apartamento não era de Sophia De Angeli, era de uma prostituta que trabalhava para o cafetão da mãe dela.

-Meu Deus! O senhor tem certeza delegado?

-Infelizmente sim meu filho, infelizmente sim, se lembra que na época eu lhes aconselhei a não dispensarem os seguranças? Por causa dessa desconfiança.

-Então quer dizer que não nos livramos desse pesadelo? Como eu vou dizer isso para minha esposa? Ela estava bem esses meses todos. Agora vai começar tudo de novo.

-Eu não vou descansar até colocar essa mulher atrás das grades Daniel, temos muitas denúncias contra ela. Mas até que aconteça faça o que for preciso para proteger sua esposa.

-Tudo bem delegado, eu cuidarei, mas lhe digo uma coisa, para proteger a mulher que amo eu serei capaz de tudo, até mesmo de matar, nada irá tirar a razão da minha vida.

-O que for necessário Daniel, o que for necessário, sei bem como se sente.

-Obrigado por me entender e me compreender.

-Estou do lado de vocês não se esqueça disso.

Daniel saiu da delegacia angustiado, porque não podia ter paz? Eles nunca fizeram mal a ninguém, sempre ajudaram as pessoas, os menos favorecidos, tinham fé em Deus, eram pessoas de bons sentimentos e de bom coração. Então porque essa provação? Era mesmo necessário tudo isso? Para quê? Para provar que o amor que sentiam um pelo outro era mesmo forte? Todos sabiam que sim, eles sabiam que esse amor era tudo, era mais forte que qualquer coisa e com certeza sobreviveria a mais essa provação.

~*~

N/A: Olá, boa noite! Estamos chegando no final dessa história.

Amor Acima de TudoOnde histórias criam vida. Descubra agora