Amor Acima de Tudo

Prólogo:

Música: Rednex - Hold Me For A While.

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O caixão era baixado à cova, trabalhadores do cemitério jogavam terra com o auxílio de pás, a cena lúgubre era acompanhada por um pequeno número de pessoas, era o enterro de Anthony Parker, apenas sua ex. esposa, sua filha adolescente e as amigas da jovem, com seus pais, acompanhavam esse triste momento.

Depois de estourar o escândalo de que Anthony havia abandonado a família para viver uma aventura com uma aproveitadora que tinha idade para ser sua filha, deixando a família na total miséria, a sociedade da qual faziam parte virou o rosto para as duas, pessoas falavam, cochichavam baixinho quando elas passavam, mesmo não tendo culpa, as duas pagaram pelos pecados de outras pessoas, a sociedade julgava e condenava.

No entanto, mesmo passando por toda essa humilhação, Joanna Martim Parker não podia deixar de se importar quando policiais foram até o pequeno apartamento onde morava com a filha, depois que haviam perdido a casa onde moravam. O anúncio de que Anthony foi encontrado morto na banheira de um motel com um tiro na cabeça, a abalou grandemente. Pela manhã ela havia recebido a notícia de que estava com câncer de mama, depois de vários exames e uma biópsia, enfim, ela tivera o terrível diagnóstico.

A notícia da morte do pai, não abalou Tina da maneira que Joanna achou que abalaria, ela se assustou com a reação fria da filha, Tina havia sido tão apegada ao pai, no entanto, achou que poderia ser um sinal de choque, que quando ela caísse na real sofreria muito, precisava ficar atenta.

Entrou em contato com a melhor amiga da filha, Cristal Foster para dar apoio, achava que a filha precisaria. Cristal e as primas, Elizabeth e Jenny, haviam sido as únicas que permaneceram ao lado de Tina, nunca a abandonaram, eram amigas desde crianças. Os Foster ofereceram ajuda e pagaram todas as despesas com o funeral, permanecendo ao lado das duas durante todo o tempo.

Era difícil para Joanna, acostumada desde sempre a ter tudo do bom e do melhor, não contar mais com as facilidades de um cartão de crédito sem limites, era complicado, até mesmo a escola da filha ela não pode mais pagar, novamente os Foster entraram na jogada e continuaram a pagar. Marta Foster sempre havia sido uma boa amiga, Theodore, seu esposo, ainda não acreditava que o amigo havia se deixado seduzir por uma aproveitadora qualquer e perdera toda a fortuna em poucos meses. Joanna decidiu que não contaria nada a filha sobre seu problema de saúde, seria um baque para a adolescente e ela já havia sofrido muito, contava com a ajuda de Marta que a acompanhava nas consultas.

~*~

Christina Parker não conseguia sentir nada, olhava o caixão que levava o corpo do homem que até poucos meses a tratava como uma princesa, mas seus olhos estavam secos, seu coração não sentia, não que fosse uma pessoa ruim, não era isso, mas sentia que seu pai morrera quando resolveu sair de casa, abandonando a ela e a mãe por causa de uma qualquer, no entanto, o que havia sido fundamental para que Tina enterrasse o pai, foi o fato de terem ficado praticamente na miséria, sem ter como se manter, contando com a ajuda dos amigos, foi abandonada sem piedade pelo homem que mais confiava, seu pai! Por isso já havia passado pelo luto. Ela até poderia ter perdoado a traição do pai, mas, como desculpar um homem que esquecera-se da própria filha e esposa como se elas não significassem nada? O pai não se importara com o fato de que elas haviam precisado vender a casa confortável onde moravam, para pagar os empregados antes de dispensá-los. Sofreu e chorou tudo o que podia na época, agora estava seca, não possuía mais lágrimas para derramar.

Percebia que a mãe a olhava preocupada, mas Tina não estava abalada, ou chocada com o fato, poderia ser que mais tarde, deitada em sua cama ela conseguisse entender como tudo pode repente ter sido tirado de sua vida, assim, de maneira tão trágica.

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Três anos depois:

Daniel Foster e o irmão Roger, encontravam-se em seu apartamento para mais uma das muitas reuniões que faziam para a abertura de seu escritório de Arquitetura, os dois haviam trabalhado muito para concluir esse sonho, estava chegando a hora de colocá-lo em prática. Daniel retirou de cima da mesinha de centro a bacia com um resto de pipoca, latas de cerveja e refrigerante. Maria, a diarista que vinha duas vezes por semana estava atrasada, ele esperava que o irmão não fizesse nenhum comentário, no entanto, dependendo de Roger, seria tarefa impossível.

-Opa! Parece que tivemos companhia ontem à noite! – não havia sido uma pergunta, mas uma constatação.

-É, eu tive companhia. -- respondeu de má vontade, já sabia tudo o que o irmão iria falar.

-É quem eu estou pensando? Dan, vai com cuidado mano, ela é inocente demais, sem contar que é nossa irmã de criação, isso deve até ser pecado, sei lá!

-Você pode até vê-la como uma irmã, mas não eu. Cara, eu estou maluco por ela, mas sou carta fora do baralho, justamente por causa dessa besteira de todos ficarem dizendo que somos irmãos, não somos irmãos, ela foi adotada com quinze anos!

-Desde que nossos pais a adotaram e ela usa nosso sobrenome, ela é nossa irmã, de criação, mas mesmo assim, nossa irmã.

-Então, diga isso para o meu coração, porque ele é burro, ou obtuso demais que não aceita e não quer entender essa verdade. Não sei mais o que faço, já tentei de tudo, mas Tina se afasta de mim cada vez que tento uma aproximação mais íntima, o pior é que sei que ela sente atração por mim também.

-Ela deve ter mais juízo que você.

-Roger, não é questão de ter juízo ou não, estou disposto a tudo para conquista-la.

-A ama tanto assim?

Ao ouvir o irmão falar em amor, ele levou um choque, ainda não tinha se dado conta de que seus sentimentos por Tina eram mais intensos do que pensava, achava que era apenas uma forte atração, desejo, luxúria, queria-a para si, sabia que ela era pura e chegara a pensar que esse deveria ser o motivo que o levava a deseja-la tanto, até agora não tinha pensado na possibilidade de amá-la. Amor? É, a amava, claro, como não pensara nisso antes?

-Acho que... acho que a amo, é, eu a amo, sim!

-Se diz que a ama de verdade, eu poderei ajuda-lo, mas se a magoar, já sabe! Será bem complicado! Cara, isso é uma grande porcaria!

-Eu não vou jamais magoá-la, por quem me toma? Tina já sofreu o suficiente para uma vida toda.

-Justamente por isso que lhe digo, essa menina sofreu muito com tudo o que aconteceu ao pai, e logo, a mãe também morre de câncer.

A família Foster tomou Tina sobre sua proteção depois que a mãe definhara de tristeza logo após a morte do ex. marido, Joanna se deixou levar pela depressão e não teve forças para lutar contra a doença, acabou morrendo nos braços da filha. Tina havia acabado de chegar da escola e encontrou a mãe desmaiada, ligou para Marta e para o socorro, mas não havia mais o que ser feito, Joanna queria morrer, não conseguia mais viver com a vergonha, as pessoas podiam ser muito más.

***

Tina chegava para mais um dia de aula, saiu atrasada do apartamento que compartilhava com Cristal, Elizabeth e Jenny. Ficou até tarde assistindo filme com Daniel, seu irmão de criação, estava apaixonada por ele, mas também sentia muito medo, os homens em geral causavam-lhe medo, achava que todos poderiam ser como o pai, claro que racionalmente sabia ser uma bobagem, conhecia Daniel a vida toda, ele não era desse tipo, principalmente por conhecer toda a história de vida dela.

Cristal achava que ela tinha que investir nessa paixão, assim como suas outras amigas, estava quase convencida de que elas tinham razão, viver esse amor a faria feliz e que mal poderia fazer ser feliz mesmo que por alguns momentos? Estava decidida, da próxima vez que Daniel tentasse beijá-la, não impediria, se é que ele iria tentar algo novamente.

~*~