case closed, day 22

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Só saio do quarto na manhã seguinte. Quando faço isso, não vejo Shawn em lugar algum. Imagino que talvez ele tenha saído ou esteja na sala de música. Decido respeitar seu espaço para pensar. Sei que se ele colocar a mão na consciência por um instante, saberá que eu estou certa.

Não adianta acreditar que estamos em um conto de fadas.

Passo pelo seu quarto e vejo que ele está dormindo.

Pego minha pistola e saio, antes deixando um bilhete avisando Shawn que volto mais tarde.

Dirijo para a sede da CSIS, ansiando por saber mais sobre Samantha e o sequestro. Algo não faz sentido sobre ela, algo não encaixa.

Quando perguntada sobre sua intenção com aquele sequestro, Samantha deu a entender que queria manter Shawn para sempre, em cárcere como se fosse a porra de um boneco Ken. Mas se essa era a sua intenção, por qual motivo ela ligaria pedindo resgate?

Qual era a real intenção dela?

Minha entrada é imediatamente autorizada quando chego à recepção da CSIS. Recebo um cartão de acesso, e subo os elevadores para o setor de detidos.

Rapidamente sou encaminhada para a sala de Samantha. Olho através do vidro espelhado, sabendo que ela não pode me ver do outro lado. Samantha está sentada na cama, de cabeça baixa, de forma que não posso ver seu rosto. Uma mulher que parece ser médica está sentada em uma cadeira de frente para ela.

– Vejo que veio mais cedo do que eu esperava, Kane. – Agente Ross se aproxima, perto de mim.

– Eu não podia esperar. – Eu o encaro rapidamente com um aceno. Então coloco o dedo no vidro. – O que está acontecendo?

– Essa é a Dr. Grayden. Psiquiatra. Está fazendo sessões com Samantha desde que chegamos aqui. – Chefe explica, apertando o botão que libera o áudio da sala.

– ... E acha que tem o direito de fazer isso? – Dra. dizia, calmamente.

– Eu o amo. – Samantha dá de ombros, como se fosse apenas uma garotinha com um sorriso infantil. Parecia não ter noção da situação na qual se encontrava.

– Muita gente o ama. Por quê nenhum deles fez o mesmo que você?

– Eu o amo mais que todos. – Samantha ergue os olhos para Dra. ao dizer isso. – E ele tem de ser meu! Ele é meu! – Samantha rosna, parecendo começar a perder o controle.

– Shawn não é sua propriedade, Samantha. – A psiquiatra diz, com a voz tranquila.

– Ele é meu! É meu! É meu! – Samantha começa a gritar descontroladamente. Ela levanta ameaçadoramente na direção da médica, sua cabeça baixa e cabelos no rosto de forma ameaçadora.

Instintivamente, toco a minha arma no coldre, temendo pela médica, mas quando Samantha tenta dar um passo firme, uma corrente está presa em seus tornozelos e ela é puxada bruscamente para trás, caindo novamente na cama. Dra. Grayden continua impassível.

Então a expressão no rosto de Samantha muda de imediato. Ela ergue a cabeça, finalmente mostrando claramente seu rosto, e arqueia os ombros em uma postura perfeita.

– Ela é estúpida. – Diz, com um tom sereno, quase em uma voz de outra pessoa. Sinto que estou boquiaberta com a súbita mudança em tudo de Samantha, a expressão calma, o tom quase condescendente.

– Quem? – Embora a psiquiatra faça essa pergunta, percebo em seu olhar que ela sabe exatamente do que Samantha está falando.

– Samantha. Ela é quase sempre tão passional... – Samantha se recosta na parede atrás da cama, confortavelmente. – Chega a ser irracional, não acha, Dra. Grayden?

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