i promise, day 8

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Não me permito sentir auto piedade por muito tempo.

Vou até o bar da adega de Shawn e coloco gelo em um copo, escolho o uísque que tem cara de ser mais caro e me sirvo.

Sento novamente no sofá e estabeleço meus próximos passos para continuar mantendo a segurança de Shawn. Vou até o aparelho de acesso ao sistema de segurança que Jake me deu e altero provisoriamente as senhas da casa. Na primeira hora do dia amanhã, trocar todas as fechaduras e senhas do apartamento, limitando seu conhecimento à Shawn, Andrew e eu. Revisar as imagens das câmeras de segurança do hall do andar, além das câmeras da rua, do estacionamento e da entrada do prédio, talvez falar com o porteiro. Assistir novamente os vídeos que eu possuo das câmeras internas, isso sem que ninguém saiba. Tentar começar a traçar o perfil do suspeito. E por último mas não menos importante, ensinar a Shawn alguma técnica de autodefesa.

Shawn e Andrew finalmente aparecem na sala. Aquela reunião demorou horas, mas eu imagino como deve ter sido impactante para Shawn saber que é alvo de algum psicopata.

– Eu acho que vou dormir aqui. – Andrew avisa.

– Não precisa, eu vou ficar bem. – Shawn diz, apesar de não parecer bem. Ele está pálido e meio inexpressivo.

– É mais fácil para mim se eu tiver que cuidar apenas de Shawn. – Eu completo.

– Tem certeza que vão ficar bem? – Andrew ainda parece inseguro de ir.

– Pode ir, eu cuido dele. – Garanto, tentando passar um sorriso tranquilizador.

Assim que Andrew parte, Shawn vai até a adega e também pega um copo do mesmo uísque que eu deixei fora do lugar. Shawn parece aéreo quando senta no sofá de frente para mim e toma um gole da bebida.

– Como você está? – Pergunto, preocupada.

– Tentando processar tudo isso... – Ele diz, pensativo. – Parece surreal, tipo coisa de filme.

– Eu sei. Mas quero que saiba que vamos resolver isso o mais rápido possível. – Eu afirmo, tentando passar confiança.

– É insano saber que essa pessoa esteve aqui dentro! – Ele exclama, em choque. – Podia ser a qualquer hora, e essa pessoa poderia ter feito o que quisesse comigo!

Deixo que ele desabafe. Sei como é insano sentir medo do que você não sabe o que é. De não saber quem é, e quando virá.

– Não sinto como se fosse possível dormir hoje. – Ele arfa, e toma outro gole.

– Eu já mudei as senhas das portas. Amanhã podemos decidir outra senha definitiva. Uma que apenas eu, você e Andrew saberemos. – Digo, e também tomo em uma golada todo o uísque restante. – Vai contar aos seus pais sobre o invasor?

– Andrew me disse que apenas meu pai está a par das cartas. Mas não vou fazer isso. Não há necessidade de deixá-los de cabelos em pé de tanta preocupação. – Ele tira os olhos do próprio copo e os dirige a mim, me encarando seriamente. – Com sorte, vamos resolver isso logo.

– Sim. – Garanto, sentindo que ele precisa dessa resposta.

Shawn precisa se sentir seguro, de não vai ficar paranoico assim como eu. E tudo o que eu não preciso é de uma super estrela dando surto de paranoia, afinal eu já tenho feito isso.

Levanto e vou até a adega outra vez. Me sirvo do mesmo uísque amargo.

Meu coração erra uma batida quando Shawn levanta e fica atrás de mim. Ele não me toca, mas sua presença é quente e massacrante nas minhas costas. Sinto calor no pescoço.

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