T R Ê S

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-Como foi hoje? - Minha mãe pergunta assim que me vê chegando

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-Como foi hoje? - Minha mãe pergunta assim que me vê chegando.

-Eu já falei que sou um gênio?! -Brinco, jogando a mochila no chão pra abraçá-la.

-Todos os dias desde que passou na bendita prova. -Ela diz, me abraçando também.

-Então, eu sou um gênio. -ela ri me soltando.

-Eu sei, eu que te fiz. -Ela acaricia meu rosto. -Fez amigos?

Pergunta e eu dou de ombros.

-Achei alguém aceitável. -Respondo me referindo a Sophie, que dedicou seu próprio tempo pra me mostrar todas as salas escritas no meu horário e também toda a escola.

Acredita que até piscina tem?

-E o que seria aceitável pra você? -Ela se afasta pra me encarar com as sobrancelhas franzidas.

-Educada? -Sugiro e ela me olha com os olhos semiabertos.

-Por acaso ela é bonita? -Minha mãe pergunta com um sorriso zombeteiro nos lábios.

-Quem disse que seria "Ela? -retruco, levantando as sobrancelhas também.

-Eu te conheço a 19 anos. -Ela da um tapinha no meu ombro.

Sorrio.

-Ela é bonita pra caralho. -Respondo, Sophie além de bonita, é educada, estava na cara que ela não é como eu, mas não se vestia como o resto do pessoal, esbanjando a riqueza que tinha.

Ela é simples.

-Se xingar de novo na minha frente, vai pegar dois turnos na loja. -Ela diz dando outro tapa no meu ombro, agora mais forte.

-Desculpa. -Dou um beijo estalado na testa dela. -Já vai?

Pergunto analisando o uniforme dela.

-Sim. -Ela suspira. - A Sandra pediu o dia de folga pra cuidar da filha.

-Quer que eu vá ajudar a senhora? -me ofereço, sabendo como é cansativo cuidar da loja sozinho.

-Não, você vai é ir estudar. -Minha mãe se afasta indo em direção a porta. -A comida está dentro do forno, tchau.

Ela sai antes que eu possa responder.

-tchau, né. -respondo pra porta e solto um longo suspiro, eu com certeza não poderia estar mais satisfeito com minha vida.

Quando meu pai morreu, acabamos ficando cheios de dívidas.

A única coisa que sobrou foi a lojinha do meu meu pai. Vendemos nossa casa, meu carro que era lindo pra caralho, vendemos tudo que valia alguma coisa pra pagar as dívidas que meu pai acabou fazendo.

Vivemos nessa casa que é da minha vó, que nos emprestou sem se importar com o tempo que ficaríamos.

Passar nesse colégio foi algo muito grande pra nós, passar pra ele é muito difícil e seria mais fácil pra alguma faculdade me aceitar.

Então eu finalmente poderia fazer alguma coisa por nós, além de lavar carros nos feriados e ajudar em alguns turnos na loja.

Talvez um dia eu compre uma casa pra ela, que ela finalmente possa chamar de sua.

Vou finalmente poder comprar um carro que esteja totalmente inteiro, sem nada faltando ou quebrado.

Vou finalmente poder comprar um carro que esteja totalmente inteiro, sem nada faltando ou quebrado

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-Você chega muito cedo. -Sophie diz sentando no lugar vazio ao meu lado, na verdade, todos os lugares da sala estavam vazios. -Pelo visto você conseguiu achar a sala sozinho.

A loira ao meu lado comenta, dando um leve sorriso.

-Eu aprendo rápido. -Brinco, eu já estava com a boca aberta, pronto pra falar que eu na verdade me perdi uma vez, quando a porta é aberta.

Nós dois olhamos pra ela, a garota de ontem estava parada na porta, nos encarando como se estivesse decidindo se entrava ou não.

Se ontem a roupa dela poderia concertar meu pára-brisa, essa pode comprar um carro.

Sua calça era colada no corpo, enquanto o suéter vermelho cobria a parte de cima, com uma algumas pedrinhas.

Provavelmente não são falsas.

Sorrio na direção dela, de maneira provocativa quando o olhar dela cai sobre mim.

Ela franze o nariz, empinando ele logo em seguida.

Adentrando a sala, sentando no primeiro lugar.

-Todo mundo é assim aqui? -sussurro pra Sophie, que olhava pra garota.

-Não, só ela. -sussurra de volta, deixando um certo desprezo aparecer.

Eu não a jugo.

-Vocês deveriam aprender a falar mais baixo. -A garota diz sem sequer nos olhar. -Ou pessoas como vocês não sabem fazer isso?

Ela olha pra trás, levando seu olhar diretamente pra Sophie, que a encarava.

-Pessoas como nós? -Pergunto com as sobrancelhas erguidas.-O que seria pessoas como nós?

-Reflita. -Ela sorri e volta a se virar pra frente.

Olho pra Sophie, que abaixa a cabeça.

-Por que não diz? -Pergunto.

-Eu acho que você entendeu, você me parece tudo, menos burro. -Ela responde.

Eu iria insistir, mas os alunos começam a chegar.

-Eu sinto muito. -A loira ao meu lado diz.

-Tudo bem, o que ela disse não diz nada sobre nós, a não ser dela mesmo.

-Tudo bem, o que ela disse não diz nada sobre nós, a não ser dela mesmo

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