Ela é formada por Expressões falsas e sorrisos maldosos, ninguém se aproximava o suficiente para não se machucar, mas ninguém sabia que ela era inofensiva.
Mas ele chegou, o novato que não sabia do perigo e quando soube, amou.
Capa: @FreyjaDak
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Apoio minha cabeça em cima dos meus joelhos. Eu não sei o que foi aquilo, ou como exatamente aconteceu.
Mas aconteceu.
Ele se aproximou, eu não me afastei, mas sei que ele esperou que eu fizesse isso, mas fiquei.
Os lábios dele tocaram os meus, então eu esperei por mais, ele me deu mais e eu continuei querendo.
Mas não foi certo.
Mas eu continuo querendo mais, isso está mais do que errado.
Eu fui embora, mas queria voltar.
Mas eu sou a Jade e ele é o Noah, nós não gostamos um do outro.
Eu odeio a maneira que ele sempre sai por cima, eu odeio a síndrome de herói que ele tem, eu odeio quando ele pergunta se eu estou bem.
Eu odeio o sorriso que ele da quando percebe que conseguiu me abalar.
Eu odeio o jeito que ele anda, tão confiante.
Eu odeio as mãos dele, que me seguravam com firmeza.
Eu odeio tudo que tem nele.
Deixo meus pensamentos pra trás quando a porta é aberta. Helena é a única que tem a audácia de entrar sem bater.
Ela sorri fechando a porta atrás de mim, mas esse sorriso é diferente.
-Está tudo bem, meu amor? - ela se senta ao meu lado, acariciando meus cabelos.
-Estou. -Respondo ignorando o que de fato estou sentindo.
Ela da o mesmo sorriso de antes e me entrega um papel.
-O que é isso? - pergunto olhando para o papel.
-Minha carta de demissão. -Olho pra ela.
O quê?
-Como assim?- Pergunto mesmo não querendo saber a resposta.
Ela abaixa a cabeça, como se também não quisesse dizer.
-Eu preciso ir, jade. -Ela acaricia meu rosto. -Essa carta é somente sua.
Ela aperta minha mão que estava segurando a carta.
-Por que? Você não pode ir. -Me levanto sem querer escuta-la. -Eu posso contratar alguém pra te ajudar, eu posso te ajudar, você pode morar aqui.
-Jade...-não deixo ela terminar de falar.
-Você não precisa trabalhar mais, mas por favor, não vai embora, não me deixa sozinha aqui, por favor, fica comigo. -Sinto um aperto no peito, que veio acompanhado com as lágrimas que começavam a cair. -Eu não quero ficar sozinha aqui, Lena, por favor.
Imploro, abraçando meu próprio corpo, como se isso fosse me consolar em algo.
-Jade...-Ela se levanta. -Eu nunca vou deixar você, você vai ser sempre a minha garota. -Ela segura meu rosto com as mãos, enquanto tentava secar as lágrimas que caiam. -Vai ser sempre a minha menininha que adorava ficar me observando na cozinha.
Ela me abraça quando eu já não consigo mais controlar meus soluços, ela não pode me deixar sozinha.
-Eu ainda vou estar por perto sempre que você quiser, prometo te visitar e você pode me visitar também. -Ela me abraça forte.
-Por que você vai ir embora? -A aperto mais.
-Eu tenho 55 anos, jade, tenho filhos pra cuidar, tenho uma vida pra Viver, passei mais de vinte anos nessa casa. -Ela me afasta. -Mas nunca vou deixar você.
Deixou, ela deixou sim.
-Então vai embora. -Falo firme, me afastando por completo.
-Jade, por favor, eu preciso que você me entenda. -Ela se aproxima, mas eu recuo.
-Apenas vá. -Olho pra porta, sinalizando que era pra ela sair.
Ela solta um suspiro, me olhando pela última vez com os olhos molhados tanto quanto os meus.
Ela vai embora e não olha pra trás, deve ser pra não ver o pouco que sobrou de mim.
Caio de joelhos no chão, sem conseguir parar de chorar.
Pego a carta, a abrindo :
"Oi jade, eu sei que você vai me odiar, mas também sei que não vai durar muito, então por favor, não faça nenhuma besteira.
Eu vivi quase metade da minha vida nessa casa, apenas por você, não foi pelo seu pai, sua Madrasta ou sua irmã, foi por você. Eu vi tudo meu amor, eu vi o que eles fizeram com você.
Eu fiquei porque achei que você merecia ser amada e você foi, foi muito amada por mim. Peço que lembre dos nossos momentos bons, de quando te ensinei a fazer bolo, de quanto te dei sua primeira tela, de quando brincávamos enquanto tudo em sua volta era só caos. Me perdoe por isso e quando estiver pronta, venha até mim.
Você é forte, você vai aguentar, eu acredito em você."
-lena.
Amasso a carta e jogo mais longe que consigo, me deito no chão, sem me importar com a temperatura e choro.
Choro por todos aqueles que deveriam me amar e sempre partem.
Eles nunca ficam.
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