CAPÍTULO5.

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SUJO.

Ele desabotoa sua calça, desce o zíper e se senta na cadeira. Ele me encara, mas não consigo manter o contato visual entre nós.

— Vem até aqui, fica de joelhos — manda.

Um nó se forma em minha garganta, caminho até ele, meus pés silenciosos no chão frio. A madeira range quando me ajoelho. Sei o que fazer mas, não sei o que fazer. Confusão e ansiedade explodem dentro de mim.

Gustaff enfia uma de suas mãos em sua calça, ele massageia a área entre suas pernas sem desviar seus olhos de meu rosto nem por um segundo. Ouço ele suspirar, pressionando com mais força. Quando para e retira sua mão, a ereção faz volume contra o tecido.

— Eu nunca... — tento dizer, mas sou interrompido por um olhar debochado.

— Vai ver que não é assim tão difícil — ele fala enquanto levanta sutilmente seus quadris e abaixa os jeans junto com sua cueca.

Fecho meus olhos com força, um arrepio gelado sobe por minha espinha quando sinto as mãos geladas tocarem minha nuca. Gustaff me puxa violentamente para frente. Seus dedos se infiltram em meu cabelo, puxando para em seguida massagear a parte traseira de minha cabeça.

— Abre a boca — manda, desta vez sua voz soa mais baixa, mais séria.

Meu coração falha enquanto espero pelo desconhecido, abro a boca e um segundo depois sinto quando ele aperta minha nuca, forçando minha cabeça a se inclinar para baixo, sinto a pele quente tocar meus lábios, tento me afastar quando aquilo toca minha língua mas Gustaff me segura firme no lugar. Ouço um suspiro pesado. Ele enfia seu membro um pouco mais para dentro, o gosto estranho e salgado nubla meu paladar. Os dedos dele pressionam minha cabeça.

Gustaff começa a se movimentar para dentro e para fora, minha boca se enche de saliva o que facilita o processo. Minha nuca dói quando ele puxa minha cabeça mais pra baixo, intensificando os movimentos. Não tenho opção a não ser apoiar minhas mãos em suas coxas, tentando me manter de joelhos.

Minhas costas doem por conta da posição, meus olhos permanecem bem fechados. Gustaff diminui os movimentos, suspirando, sinto suas coxas tremerem sob meus dedos. Ele agarra o meu cabelo com força e geme alto, sinto quando a explosão quente e pegajosa se espalha por minha boca. O aperto das mãos de Gustaff cede, e assim que minha nuca está livre me afasto.

O impulso me faz deslizar pelo chão frio e então, abro meus olhos pela primeira vez, forço meus joelhos a me levantarem e assim que estou de pé corro pelo pequeno espaço de meu apartamento. Uso minhas mãos para cobrir meus lábios no percurso até o banheiro, me debruço sobre a pia e cuspo os fluidos do recente orgasmo de Gustaff no ralo e me apresso para lavar minha boca.

Por um segundo me esqueço que não há água encanada, abro a bica da pia só para me lembrar disso. Quando a água não sai, me lanço sobre meus joelhos mais uma vez, me apoiando nas bordas da banheira gasta de meu banheiro, começo a lavar minha boca com a água que está armazenada em um de meus baldes. Quando termino o gosto amargo ainda está lá.

Sinto a umidade em meus olhos. Há um nó em minha garganta e sei que estou prestes a chorar. Mas eu reprimo este sentimento esfregando meus olhos com força antes de me colocar de pé novamente. Eu não ia chorar, não sou fraco. Muito pelo contrário, sou forte. Mesmo que eu não me sinta assim neste momento.

Saio do banheiro com uma sensação estranha que mistura ansiedade, vergonha e medo. Caminho de volta para a área comum do estúdio. Quando procuro por Gustaff não o vejo em lugar nenhum, a janela por onde ele havia entrado está aberta, o vento frio da noite invade o lugar fazendo os pelos de meus braços se arrepiarem. A luz da lua ilumina todo o local, e uma onda de alívio me invade quando vejo as notas sobre o balcão do outro lado do cômodo. Caminho até a área da cozinha, o dinheiro repousa ao lado da sacola.

Pego as notas entre meus dedos e começo a contá-las, meu coração se acelera quando me dou conta do valor que estava bem ali em minhas mãos. Mil dólares.

Coloco o dinheiro de volta no balcão, desta vez volto minha atenção para a sacola que está bem a minha frente. Quando a abro, o cheiro delicioso de comida invade meus sentidos. Enfio minha mão para pegar a embalagem e posso sentir o calor reconfortante em minha palma. Abro o recipiente e vejo que está cheio com uma refeição completa.

Me preparo para comer, pensando em como gastaria o dinheiro. Era uma fortuna, mas não daria para quitar todas as minhas dívidas.

Eu pagaria metade do que estava devendo para o meu senhorio, assim acalmaria o velho e talvez ele não me despejasse. Com o restante vou pagar as contas atrasadas de água e luz. O inverno está aqui e só a ideia de ter energia elétrica para ligar o aquecedor me faz sentir aquecido. O mesmo acontece quando penso em como vou poder ter banhos quentes de novo.

Começo a comer lentamente, mas a imagem de Gustaff volta até mim. Me pego pensando na forma como eu havia visto ele há alguns minutos antes.
Ele parecia vulnerável, o peito subia e descia por conta da respiração acelerada, os olhos estavam fechados e a cabeça pendia para trás. Enquanto o pescoço estava apoiado no encosto da cadeira.

Ele tinha ido embora antes que eu pudesse sair do banheiro, e eu estou feliz por isso. Não sei se conseguiria encara-lo. Mesmo tendo conseguido comida e o dinheiro que salvariam a minha vida, eu não estava contente.

Muito pelo contrário.

Há um incômodo dentro de mim, uma agonia que cresce a cada mordida que dou na carne que ele havia trago. Meus olhos voltam a lacrimejar, desta vez não seguro mais as lágrimas. Empurro a comida para o lado pois já não consigo mais engolir.

Que coisas boas podiam vir disso? Nenhuma. Me sinto sujo.

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