DINHEIRO.
Abro meus olhos para encontrar um dia cinza, coberto de nuvens e uma chuva fina. Me levanto, indo direto ao banheiro. Tomo o banho mais rápido de toda a minha vida, a água fria faz com que meus dentes tremam. Me visto com uma das poucas mudas de roupas limpas que tenho, uma blusa branca, casaco de moletom cinza e um par de jeans escuros. Coloco meias e calço meus tênis, depois de fazer tudo o que precisava, pego o dinheiro que ainda está sobre o balcão e deixo o apartamento. Os corredores estão vazios, desço as escadas rapidamente e assim que chego ao térreo avisto o senhorio. Ele me encara com o mais puro e genuíno ódio.
Seus olhos flamejam quando nós nos aproximamos, respiro fundo antes de começar.
— Senhor — chamo suavemente, mantendo minha voz baixa. A última coisa que eu precisava era uma briga no saguão.
— Não fale comigo Gray! A não ser que seja sobre os pagamentos que você me deve! — ele ataca, largando o regador que estava usando para molhar os vasos de plantas que ficavam do lado das portas.
— Sim, é sobre isso que eu quero falar senhor — aviso — Quero falar sobre os pagamentos.
— Ótimo, são novecentos dólares por três meses de atraso — o senhor põe as mãos na cintura e espera.
Eu não ia poder pagar tudo agora, eu tinha que religar a luz e a água em meu apartamento.
— Então, sobre o valor — começo, assistindo enquanto uma das sobrancelhas brancas se erguia em descrença — Não tenho todo o valor, mas tenho metade — ofereço.
Ele revira os olhos enrugados para mim, abanando sua mão no ar e concordando. Alívio preenche todo o meu peito.
— Eis como isso vai acontecer — ele começa, — Você pode pagar metade agora, e metade no mês que vem, e nos próximos meses voltamos a rotina normal.
— Sim senhor — concordo.
O acordo era ótimo, eu pagaria quatrocentos e cinquenta dólares agora e quitaria a metade do aluguel que devia, as contas de água e luz somadas davam um total de quatrocentos e cinco dólares, pagando tudo iam me sobrar cento e quarenta e cinco dólares de mil.
E esses cento e quarenta e cinco dólares eram pra comida, e para pagar a lavanderia. Há um mercadinho fora da cidade onde os preços eram bons. Eu ia conseguir comprar algumas verduras para me fortalecer. Ainda tinha metade das duas refeições que havia feito nos últimos dois dias no meu pequeno freezer. O que era bom.
Tiro o dinheiro de meu bolso e me viro para trás
para contar as notas, quando tenho o valor certo em minhas mãos me volto para meu senhorio e lhe estendo a mão. Ele pega o dinheiro e conta, o clima entre nós muda completamente e ele até esboça um pequeno sorriso. Mas o esconde rapidamente.Meu humor também melhora de imediato. Só por saber que ainda teria um teto sobre minha cabeça.
— Muito bem, muito bem — ele diz enquanto enfia o dinheiro em seu bolso. Me dando as costas para voltar sua atenção para suas plantas.
Caminho para as portas duplas de vidro, a moldura escura e pesada range quando uso minha chave para destranca-lá. Assim que estou do lado de fora volto a trancar. Quando vim a este prédio em busca de um lugar para alugar, amei este prédio de imediato.
Os requisitos para conseguir um apartamento não eram muitos, a cidade universitária ajudava, todos ao redor da região estavam dispostos a fazerem bons preços e pedir pouca documentação, pois sabiam que nós, estudantes, estávamos começando nossas vidas. A única coisa que meu senhorio exigiu foi que as portas do saguão fossem trancadas toda vez que que entrasse e saísse. E isso eu podia fazer.
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MONEY.
RomanceQuando as coisas não saem como planejado, Eliott observa a espiral desafortunada que se torna sua vida. Prestes a ser despejado, as contas vencidas se acumulando e se misturando a novas contas que estão prestes a vencer. Já não há luz ou água ou com...