CAPÍTULO10.

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GOLDEN.

Depois das aulas, Abby e eu decidimos ficar no campus para organizar nossas ideias em relação ao projeto. Tínhamos que planejar e construir um modelo de condomínio que fosse sustentável. Ela era inteligente, o que me deixou aliviado já que esse trabalho valia a maior parte da nota.

— Ok, então é isso.

Meu estômago dói, e eu agradeço mentalmente quando Abby começa a guardar seus materiais. Durante o dia todo eu só havia comido uma maçã, e quando minha mais nova amiga sugeriu que fôssemos almoçar eu tive que mentir e dizer que não estava com fome. Eu não tinha dinheiro para bancar um almoço na lanchonete da faculdade, mas isso não me preocupa já que eu poderia comer assim que chegasse em casa.

— Sim, é isso — devolvo.

Repito os movimentos dela e guardo os meus materiais, e então caminhamos para fora da biblioteca. Apesar de já estar de noite, ainda haviam algumas pessoas aqui e ali, o movimento estava bem menor já que os alunos desse horário estavam em aula. Nós caminhamos até o estacionamento, acompanho Abby até o carro dela.

— Obrigada por me acompanhar — ela agradece.

Dou de ombros, mesmo nos conhecendo a apenas algumas horas, eu tinha visto o suficiente para gostar dela, então, não era esforço nenhum.

— Disponha.

— Precisa de uma carona? — Abby oferece. Mas vejo pela sua expressão cansada que ela só estava tentando ser educada.

— Não obrigado, o que eu preciso é uma caminhada pra arejar as ideias — minto, uma carona seria ótima. Mas não quero atrapalhar.

— Tem certeza? — insiste.

— Sim, tenho. Nos vemos amanhã.

— Até amanhã então.

Continuo parado até que ela entre e de partida, espero alguns segundos e assim que o carro desaparece para fora do estacionamento me viro para seguir pela direção oposta. Minhas costas doem e meus ombros estão pesados. Mas só de imaginar que a essa hora a energia já havia sido religada e eu poderia relaxar com um banho quente. Wow. Era mais do que suficiente para me dar forças para caminhar.

O vento frio me acolhe, e as ruas estão tranquilas.

Caminho pela calçada e quando estou nos limites do campus eu o vejo, o carro azul metálico brilhante que reflete a luz da lua, eu o reconheceria em qualquer lugar a este ponto. Meus passos vacilam e eu me convenço de que o veículo do outro lado da rua está vazio, mas quando estou prestes a passar por ele a luz no interior se acende e a porta do carona é aberta.

Ele não precisa dizer nada, como se minhas pernas tivessem vida própria, eu atravesso e vou até o carro, sem dizer uma única palavra eu entro e fecho a porta. O cheio de novo se mistura ao cheiro dele. Gustaff me encara por alguns segundos e então da partida.

Minha respiração está pesada, e meu coração parece que vai explodir a qualquer momento. Gustaff fica em silêncio, seus olhos nunca desviam da estrada, reconheço o caminho para a minha casa e a ansiedade cresce dentro de mim.

Alguns longos minutos se passam, e então nós chegamos. Gustaff estaciona do outro lado da rua em frente ao meu prédio. Respiro fundo, me sentindo vulnerável.

— Você vai entrar? — pergunto baixo, com a garganta seca.

Não quero que ele entre, não quero fazer aquilo de novo. Mas eu preciso que ele entre, preciso do dinheiro que ele pode me dar e eu me odeio por isso.

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