Isa
Estava em estado de nervos esperando, com a teve ligada, ninguém dava notícia nenhuma. Já fazia algumas horas que Nick e Antônio haviam saído. Dália se sentou ao meu lado no sofá enquanto Mi desenhava na mesinha de centro, estava furiosa pelo Nick ter saído sem se despedir, mas depois de algumas negociações, e um generoso bolo de chocolate da Dália, ela se distraiu com os desenhos na mesa.
Dália me abraçou, e encostei minha cabeça em seu ombro tentando me encolher para ver se conseguia fazer meu interior parar de tremer. - Quer orar menina?
Suspirei me encolhendo - Não Dá, eu quero respostas, não quero pedir nada agora.
Continuei parada com meus olhos indo da tv para a Mi e seus desenhos. Apesar de seus movimentos serem comprometidos, e de seus dedinhos mal se moverem, ela fazia desenhos até que compatíveis com a sua idade. Gostava de ver como ela sorria para as coisas que descobria, como ela se alegrava só em dizer o nome dele. E eu não podia sequer imaginar o que aqueles dois já haviam passado na vida, as coisas que ela já havia visto ele passar.
Fechei os olhos apertando a mão de Dá, quando ouvi a chamada do plantão, a imagem era bem ruim, daquelas de transmissão pela internet, na verdade, parecia a de um celular bem ruim, mas dava para ver perfeitamente enquanto um repórter chocado, tentava, trêmulo, explicar a situação.
"A polícia acaba de chegar ao sítio da família Finkler junto com os paramédicos, segundo nossas informações, o chamado partiu da Advogada Helena Finkler, desaparecida há duas semanas".
Me arrumei, me sentando na borda do sofá apreensiva, e me esquecendo de todo o resto, só querendo saber mais, ver mais, queria estar lá para abraçar minha mãe.
Vi minha mãe passar pelo vídeo, de cabeça baixa, coberta de sangue, enrolada em uma manta, sendo amparada por um bombeiro. Em seguida, uma maca trazia um corpo parcialmente coberto com uma manta térmica, mas o rosto era... Estava destruído, e eu o havia visto daquele mesmo jeito, algumas horas atrás.
Baixei os olhos sem saber se ele estava vivo ou não, e notei Mi se esticando para a TV. Seus ombros começaram a tremer e antes de conseguir respirar direito, desliguei a televisão assustada.
Me ajoelhei ao seu lado e segurei sua mão. Fitei seu rosto e suas lágrimas escorreram.
- Is... - Ela não conseguiu dizer, e seu rosto ficou ainda mais estranho.
- Mi... Olha para mim, meu amor, o que foi? - virei-a para mim, e Dália começou a ficar desesperada.
No segundo seguinte seu corpinho frágil começou a se debater, eu havia visto um colega da escola daquele mesmo jeito. Uma convulsão. Fiz o que vi na ocasião, a segurei de lado amparando seu corpo, afastando os objetos que pudessem machucá-la.
- Dália! Chama ajuda! Temos que levar a Mi para o hospital agora!
- Meu Deus! - Exclamou vendo a cena, e saiu correndo.
Segurei Mi forte, quando a convulsão parou. Teria que depender da ambulância, não havia nenhum carro em casa, e justo naquela hora.
Meu Deus, será que ver o Nick daquele jeito... Chorei enquanto a segurava, desesperada. Seu rostinho estava parcialmente paralisado e a mancha que lhe dividia o rosto, me deixava ainda mais assustada.
- Mi, me escuta, o Nick está bem, estavam cuidando dele. Fica comigo, tá? Olha pra mim, a ajuda está chegando e logo a gente vai ver seu irmão. Fica comigo. - apertei sua mãozinha
- Segura minha mão, Lindinha. Você vai ficar bem, eu prometo.A mantive no meu colo, embalando seu corpo como se fizesse um bebê dormir. E me lembrando de tudo o que ele me disse "Mi, é a luz da minha vida" "Por ela, eu faço tudo!"
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Atroz
Romance(+18) Nick é o líder de uma gangue que comanda crimes e tráfico por todo o estado de São Paulo. Com poder nas mãos, o jovem de apenas dezoito anos é temido por todos, e respeitado como o chefe no lugar onde vive. Porém, o bem estar da pessoa com que...