16 Um cala a boca

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Nick

Isabella era um livro fácil de se ler. Bancava a rebelde em casa, a amiga preocupada de poucas, e a gatinha assustada em multidões, essa mistura, não era coisa boa, uma hora essas coisas colidem e não é nada fácil separá-las.

Entrei na casa atrás dela, e nos separamos em seguida, ela foi para a cozinha e voltei para perto dos idiotas, que se divertiam bebendo feito gambás em volta de uma mesa.

— E aí Nick! Chega aí irmão! Vamos jogar! — um deles, que eu nem sequer sabia o nome me chamava, já visivelmente bêbado e totalmente idiota, eu não havia dado liberdade para ele me chamar de irmão, muito menos de Nick. Qual era o problema daquelas pessoas?

— Tô suave — respondi negando com a cabeça.

— Para, preciso de você no meu time! — insistiu, arrumando os copos na mesa.

Passei os olhos pela sala, vendo Isabella virando um copo de caipirinha como se fosse água depois de correr debaixo de sol.

— Foi mal, mas eu não bebo. — falei baixo demais, ainda olhando Isabella.

O chato pra caralho do insistente, pousou o braço sobre meus ombros acompanhando meu olhar, e começou a gargalhar em meu ouvido.

— Iiii cara... Aquela é mó pé de cana, eu te avisaria antes, mas... Sem futuro, além disso ela é a mina do Alex, e o cara é... Cê sabe, né?

Empurrei seu braço, e me virei para ele. — Não, não sei não, e sobre isso, ela não é mina de ninguém! Tá comigo agora.

Todos começaram a rir como se eu tivesse contado uma piada nível stand up. Exceto o filho da puta de antes.  — Nick, amigão... Não fode, a mina é mó rodada, e ainda por cima, cheia dos problemas, manja, rejeitada, orfãzinha... É um caralho que você não vai querer pra tua vida.

Cerrei os olhos tentando absorver a informação — Como assim? O que quer dizer com orfãzinha?

Ele olhou para os outros rindo, e depois se escorou em mim. — Acha mesmo que aquela loira gostosa é mãe dela? — ele gargalhou ainda mais — Bom, não sei se já conheceu a delícia da dona Helena, mas se não conheceu, saiba que ela é um filé, e Isabella não saiu dela, nem fodendo.

Senti meu ar ser engolido por meus pulmões. Que caralho de história era aquela? Aquele filho da puta tava zoando com a minha cara, só podia! Tá, eu desconfiava desde que ela falou sobre o aniversário... Mas como eu ia confirmar aquela porcaria de informação? Aquele puta que pariu do Pedenga! Ia acabar com a raça dele por não fazer a porra do serviço direito!

— Mas ela é o que? Adotada? — investiguei.

Ele parou de rir me encarando — Não velho! Pelo que roda na língua das coroas, quando dona "Delicelena" se casou com o negão, ele já tinha Isabella, mas ela tinha tipo uns dois anos, e a dona Delicelena pegou como filha.

Engoli em seco, se aquele merda falasse mais uma vez o tal de "Delicelena" eu ia arrebentar os dentes dele... Mas se aquela história toda era verdade, então...

— Ela sabe?

— Que? — ele me encarou, mas estava distante, e oscilando o peso do corpo entre as pernas.

— Isabella sabe dessa história? Sabe que não é filha dela?

Novamente ele riu — Claro! Todo mundo sabe. Ela deu até B.O. quando o pai morreu, há uns três anos...

Fechei os olhos. Mas que caralho! Por que ela não me contou? E por que eu não perguntei? Tive a chance na noite de "trocar merdas", mas estava tão irritado por ter que falar sobre o lance do nome, que não aproveitei a chance.

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