52 Orgulho e felicidade

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Nick

Fiquei na sala, vestido como o almofadinha que ela queria, sentado no sofá ao lado da Mi que ostentava seu vestido rosa com a cara da Moana no peito. Se antes ela já adorava roupas, com aquelas duas obcecadas por compras, ela estava no paraíso.

— Você tá buniito, Nick.

Sorri apontando para ela — Você tá bem mais, Monstrinha. Tá animada para passear? Faz tempo que a gente não sai junto, né?

Ela assentiu, mas não respondeu, apenas virou a cabeça para trás, vendo Isabella descendo as escadas junto com Helena. Estavam lindas, Helena em um vestido azul, sério e elegante. E Isa com uma calça jeans escura e uma blusa preta, muito comportada para seus padrões de roupas.
Ela se aproximou e olhei para seu pé, não estava de salto, o que me deixou, pela primeira vez... Frustrado.

— Está de sapatilha. — cochilei em seu ouvido.

Ela sorriu meigamente — Por que sei que te incomoda.

Olhei para o lado suspirando, vendo Helena brincando com a Mi, e apertei a bunda de Isabella puxando-a para mim — Foda-se, se me incomoda, Merdinha. Você não tem culpa do meu tamanho, agora sobe, e coloca o sapato que quiser.

Apoiando os braços em meus ombros, ela sorriu mordendo o lábio. — Eu vou cozinhar Nick, e quando faço isso, prezo pelo conforto, não é só por você, fofinho.

Cerrei os olhos para ela — Fofinho? Acho que aí já é demais, né?

Ela gargalhou — Esqueceu que você é meu presente? Eu te chamo como que quiser agora.

Ia sorrir, mas olhei para o lado vendo a tal Filó me encarar como se fosse arrancar meu fígado com uma colher. Engoli em seco, e pela primeira vez na vida, estava apavorado com a ideia de me ferrar. O que eu sabia que seria justo, mas, naquele momento, os únicos momentos  de paz e de quase felicidade da minha vida...

Interrompi meu raciocínio quando Isabella me puxou pelo braço, Helena já empurrava a cadeira da Mi até a garagem. E mesmo sem olhar, sabia que a mulher me acompanhava com os olhos. Eu ia me foder... Tinha certeza. Era questão de tempo.

Entramos no carro e partimos para a escola de Isabella, uma das mais caras da cidade, um verdadeiro monumento. A entrada já estava decorada como naqueles bailes que se vê nos filmes americanos. Mas não era uma festa, era uma feira, ao longo dos largos corredores, alunos e professores tentavam convencer os ainda, indecisos estudantes a seguir pelo caminhos que eles mostravam.

Era interessante ver aquilo, não que eles não pudessem começar e parar quantas faculdades quisessem, mas as caras de assustados ali mostravam que pelo menos no que dizia respeito a futuro, era completamente injusto jogar uma decisão dessas para alguém de dezoito anos, ainda mais se todos ali fossem como Isabella.

Caminhei ainda mancando ao lado dela pelo corredor, empurrando a cadeira da Mi, que olhava maravilhada tudo aquilo. Assim que pisamos na escola, Helena foi intimada a ir a banca de direito, a maioria das alunas, até muito alvoroçadas, para falar com ela sobre tudo.

— Aonde está a sua? — Perguntei para ela baixinho.

Ela se inclinou — Perto da quadra, estão chamando de canto dos excluídos. Fico ao lado dos que defendem um ano sabático antes do vestibular.

Sorri — Olha que não é uma ideia ruim.

Levei um tapa, e duas garotas pararam em nossa frente, uma delas era a tal "Ju" a outra não conhecia.

— Oi Isa, tudo bem? — perguntou a tal Ju, sorrindo — Quem é esse?

Cerrei os olhos e olhei para Isabella, era muita audácia, ela já até havia dado em cima de mim, agora se fazia de desentendida.

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