XVIII

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Tomei mais um gole do chá em minha frente enquanto lutava para não acabar cochilando no meio do discurso de Arthur.

— O que acha? — perguntou-me do outro lado de seu gabinete, com um sorriso enorme nos lábios.

Apenas concordei com a cabeça enquanto murmurava um perfeito, fazendo-o sorrir ainda mais forte.

Eu já havia perdido o fio da meada fazia um bom tempo, Arthur havia mandado chamar-me logo no inicio da manhã, não dando-me muito tempo para descansar depois da noite de ontem.

Só sei que ele começou falando algo sobre as indústrias no nome da nossa família e depois algo sobre festa de inauguração... agora já não faço idéia sobre o que conversamos.

— Está se sentindo bem, Eve? — perguntou-me e eu parei a minha xícara no meio do caminho aos meus lábios enquanto o olhava sem entender. — Não está tão frio para usar golas altas e tecidos tão pesados — falou parecendo genuinamente preocupado.

Coloquei minha xícara novamente em cima do pires e toquei a gola do meu vestido verde musgo.

— Acho que estou um pouco resfriada — respondi enquanto tentava omitir o fato de que eu passava longe de estar doente, apenas vestia aquilo por estar com marcas arroxeadas espalhadas pela pele.

Eu mataria aquele desavergonhado!

— Realmente parece não estar muito disposta. Por que não tira o dia para descansar? Pode deixar que cuidarei de tudo aqui, vai ser um dos meus primeiros feitos sozinho, assim vai estar mais disposta para mais tarde — ele havia obviamente dito aquilo em forma de brincadeira, mas não agradou-me muito.

Se estivesse no meu estado de clareza perfeito, eu certamente acertaria essa xícara no meio da testa dele, mas ao invés disso, apenas concordei com a cabeça enquanto levantava-me e saia do escritório da casa, indo em direção do meu quarto.

Quando cheguei no mesmo e fechei a porta em minhas costas, a primeira coisa que fiz foi jogar os braços para trás e desamarrar o espartilho e desabotoar o vestido pesado, suspirando em alivio quando o mesmo passou pelos meus ombros.

Joguei-me em minha cama, sentindo a textura macia das cobertas e em questão de segundos acabei adormecendo.

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Acordei com o som da chuva batendo contra o vidro da minha janela, o sol parecia estar prestes a se pôr. Quando constatei isso, não acreditei que dormi por tanto tempo assim, nem ao menos havia alimentado-me direito naquele dia e por conta disso podia sentir meu estômago reclamar pela falta de comida.

Levantei-me, me vestindo, mas dessa vez colocando um vestido mais leve e deixando o espartilho de lado, peguei um xale e enrolei meu pescoço com o mesmo, logo em seguida descendo as escadas em direção à sala principal da casa, eu certamente encontraria alguém por ali, já que a casa parecia estranhamente quieta naquele momento.

Dito e certo, assim que aproximei-me da sala consegui enxergar os cabelos castanhos claros de Amélie.

— O que tem ai? — perguntei a fazendo levantar os olhos do livro que lia e olhar em minha direção, apontei com o queixo em direção da mesa em sua frente que estava com alguns pratos cheios.

— Bolo, chá e alguns canapés — explicou.

Aproximei-me, sentando ao seu lado enquanto me servia.

— Está melhor? Passou quase o dia todo no quarto, a noite de ontem deve ter mesmo lhe cansado — falou e eu a olhei de esguelha enquanto comia uma fatia de bolo.

✓ CÉU FEITO À MÃO | Loki [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora