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Passei uma das mãos no rosto tentando espantar toda a raiva que sentia naquele momento.

— Mas eu passei meses os escrevendo! — exclamei enquanto batia meus pulsos contra a mesa de mogno.

Sentia-me humilhada, eu havia passado meses da minha vida apenas para aquelas paginas, apenas para aquelas linhas, estrofes... para cada pequena palavra e ele ao menos havia se dignado a ler a primeira linha de todos aqueles papeis á sua frente.

— Deveria ocupar seu tempo com algo mais produtivo para mulheres, senhorita Rusevell — ele falou e eu senti vontade de pular em direção ao seu pescoço. — Ou melhor, pode até continuar tentando escrever, mas deixe de lado os mistérios e contos de terror. Talvez devesse tentar um romance.

Engoli todo o meu resto de paciência, gostaria de sair fazendo um escândalo, de jogar tudo que havia ali naquele escritório nos ares e depois fazê-lo engolir cada escritura minha, mas ao invés disso, apenas perguntei:

— Então não irá publicá-lo? — indaguei mesmo já sabendo a resposta.

— Infelizmente não — respondeu.

Não tinha nada de infelizmente ali para aquele infeliz! Ele estava adorando torturar-me daquela forma, fazendo-me parecer fraca e menor que ele.

Homens eram todos iguais, eles não gostavam de se sentirem ameaçados e é exatamente por isso que ele estava agindo daquela maneira. Ele estava sentindo-se ameaçado por mim, sabia muito bem que eu era boa naquilo e que se pudesse, eu o ultrapassaria, mas não podia, pois nasci mulher.

Homens e seus narizes empinados, queixos erguidos e o olhar que demonstrava que eles podiam tudo se quisessem.

Ele não gostava de mim por que era exatamente assim também, eu recusava-me a baixar a cabeça e fingir ser uma boa moça.

— Muito bem, tenha uma boa manhã — falei enquanto levantava-me, pegando meu casaco no caminho.

Ele começou a resmungar qualquer desculpa esfarrapada sobre a culpa não ser dele e que o assunto deveria ficar somente entre nós.

Dei uma pequena risada enquanto terminava de vestir minhas luvas.

Ele nem havia se dignado a ler o primeiro capítulo, realmente achava que eu engoliria essa conversa?

— Eu não costumo manter segredos do meu irmão — respondi olhando-o de cima.

Ele pareceu acuado.

— A senhorita precisa entender que eu bem que gostaria de ajudá-la, mas não posso. O patrocínio do senhor Russevel é muito importante aqui...

Virei-me o deixando para trás e indo em direção da porta da sala.

✓ CÉU FEITO À MÃO | Loki [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora