UMA QUESTÃO DE AMOR-Armando Scoth Lee-Romance gay

CAPÍTULO 4-O HERDEIRO

__SOBRE A INFÂNCIA DE HEITOR LECLERCK__

Otávio Diógenes Leclerc herdara o sobrenome francês dos avós que haviam nascido na França.

O desejo de poder ele herdou do pai Argino, um homem ambicioso como o filho e que sonhava um dia chegar à presidência do Brasil!

Os sonhos de Argino Leclerc não passaram de três candidaturas fracassadas  para vereador de sua pequena cidade. Pouco menos de trezentos votos, se for somar as três eleições.

Mas Argino acreditou que talvez os seus pais, que viviam sonhando em retornar a França a fim de morrerem em sua terra natal, não o tivessem criado com a força e a garra suficientes para lutar e chegar ao poder.

Com o filho de Argino seria diferente e foi assim que Otávio Leclerc aprendeu a fazer campanha eleitoral ao lado do pai mesmo antes de aprender a andar!

_Os filhos da puta me rejeitaram pela terceira vez, filho! Desgraçados!_lamentou Argino com o filho Otávio após a terceira e infrutífera candidatura.

Argino morreu sem chegar ao poder e fazendo um último pedido ao filho que era seguir a política e honrar o seu nome colocando a corja toda do governo, como ele dizia,  aos seus pés!

Otávio jurou atender ao último pedido do pai que era pra ele seguir carreira na política! 

O jovem Leclerc já acompanhava a política de perto e foi aprendendo as manhas, fazendo as alianças necessárias e foi assim que, melhor do que o pai Argino Leclerc, conseguiu ser eleito várias vezes: duas  vezes vereador, uma como prefeito e a atual como deputado estadual!

Otávio sabia, porém, que era improvável que passasse dali,  que quase não conseguira se eleger na última eleição...passara apertado...por isso tinha certeza de que mais alto não chegaria.

Agora, as esperanças de Otávio Leclerc estavam todas concentradas em Heitor, seu único filho homem...o caçula. As três filhas mais velhas não contavam como suas candidatas na carreira política, pois ele não iria mandar uma mulher em seu nome para um cargo de poder! Na mente machista de Otávio, homens deveriam ocupar o poder. Se dependesse dele, nenhuma mulher seria aceita para ocupar cargos políticos no Brasil!

Ele não respeitava a esposa, muito menos se prestara a considerar as filhas mais do que ensaios e erros para gerar seu herdeiro ao trono político.

Heitor já veio fadado a seguir os caminhos do pai e do avó, porém, onde eles falharam, Heitor iria vencer: um dia ele seria o presidente do país,  o pai o fazia repetir desde que ele aprendera as primeiras palavras.

A mãe de Heitor, Eugênia, dona real da fortuna que o marido queimava na política, não aprovava ver o pai arrastar o pequeno para os palanques, para os comícios a fim de que ele pegasse gosto pela coisa.

Mas o marido não daria ouvidos à esposa que queria que o filho, à exemplo das filhas mais velhas, fosse estudar fora, duas nos Estados Unidos e uma na França. 

As garotas eram espertas e logo deram um jeito de fixar residência lá fora, a fim de se afastarem do pai machista que humilhava tanto a mãe e só se dedicava ao caçula que seria o seu orgulho na carreira política.

_Venha ver, Heitor! Um pronunciamento do presidente!_chamava o pai entusiasmado.

O filho não tinha escolha e largava os brinquedos espalhados pela sala e vinha correndo se sentar no colo do pai e ficar ali, olhos fixos na televisão fingindo entender o que era constituição, congresso, emendas...