UMA QUESTÃO DE AMOR-Armando Scoth Lee-Romance gay

CAPÍTULO 58-HEITOR ENCONTRA-SE COM O PAI

___AS COISAS SE COMPLICAM...___

A melhor amiga de Heitor não se conformava com o fato de Aldir ter duvidado da integridade moral dela!

Como era possível aquele homem, depois de se amarem de forma tão linda...mágica o bastante para ter dado vida a um bebê...pode pensar aquilo dela?

Neo estava dividida entre nunca mais ver Aldir, ou ir atrás dele naquele exato momento para lhe jogar umas verdades na cara!

Ao lado da melhor amiga, estava ele, o namorado de Lucas, o filho do deputado que já tivera mais crises de síndrome do pânico na vida do que a maioria dos internos da clínica onde ficara internado por longos meses!

A clínica...talvez esse fosse o maior pavor de Heitor: o pai achar realmente que ele havia enlouquecido ao procurá-lo para assumir-se gay...assumir que estava ficando com outro homem...assumir que nunca iria lhe dar netos e que, sendo um homossexual, talvez não tivesse o apoio necessário  da maioria da população brasileira  para ser eleito presidente do Brasil!

Heitor reconheceu que  deixara aquilo ir longe demais!

O problema era dele (se é que se apaixonar por alguém do mesmo sexo poderia ser chamado de problema), mas ali estava uma mulher grávida indo lhe dar apoio moral.

Corrigiu-se imediatamente: amar Lucas não era problema em sua vida, mas a solução para todos os seus problemas, ele tinha certeza!

O problema real era o seu pai com aquela ideia de fazer dele um homem público! Mais do que isso: Otávio Leclerc queria realizar os seus sonhos no filho! Ele sabia que não conseguiria ser presidente, então, que o filho o fosse!

Nunca quisera ser político...nunca quisera se candidatar a nada...nem a representante de turma quando estava na escola...muito menos a presidente do Brasil!

Deveria ter dado um basta naquela ideia louca do pai assim que se entendeu adulto, dono de seu próprio nariz e capaz de dizer ao pai que carreira queria seguir: ambientalista.

Mas Heitor sabia que não podia se enganar...Nada a ver ser dono do próprio nariz...adulto muito menos, já que dependia do pai financeiramente, ainda, inclusive precisando dele para pagar sua faculdade, caso ele lhe permitisse estudar algo que não fosse direito ou algo mais condizente com o que o pai sonhava pra ele.

Lucas trabalhava...Lucas já lhe dissera que não se via fazendo outra coisa que não mexer com hortas, cuidar de produtos orgânicos da forma que aprendera com o pai e com o japonês.

Heitor sabia que se o namorado quisesse se tornar independente, ele conseguiria, pois tinha as mãos boas para as plantas, lhe revelara o senhor Tanaka no período em que o ajudou nas plantações, enquanto Lucas estava internado.

Um homem que depende do dinheiro do pai para pagar os estudos...para pagar todas as suas despesas, até as mais básicas...um homem que ainda morava com o pai não por opção, mas justamente por falta de opção.

Ele aceitara e até, reconhecia, pedira ao pai para ser internado na clínica, onde ele tentava não pensar em outra coisa a não ser em se matar...a não ser por fim a sua vida vazia e idiota.

Heitor olhou a mulher forte e linda ao seu lado...grávida do homem que amava. O que teria sido da vida dele se Neo não tivesse aparecido? Talvez ainda estivesse internado na clínica, dando depoimentos de suas crises de pânico quando ele pensava que iria decepcionar o pai ao recusar-se a subir num palanque para discursar mentindo sobre todas as melhorias que ele faria no Brasil, assim que se tornasse o presidente.