____ALDIR TENTA ARRUMAR UMA NAMORADA PARA O FILHO.____
O ano de 1987 não devia ter existido, na opinião da enfermeira Kátia Flávia.
Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros cantaram a música que iria inspirar dona Marlene, mãe de Kátia Flávia*, a colocar na filha aquele nome que ficou tão marcado na memória de alguns brasileiros amantes da música nacional.
Fora difícil sobreviver na escola ouvindo pelos corredores trechos da música jogados sobre a então criança e depois adolescente filha de dona Marlene.
O bullying correu solto e a garotada adorava ver as bochechas vermelhas da menina vítima de tanta zoação devido à música!
Logo, logo o apelido da garota virou "calcinha...louraça Belzebu...louraça Lúcifer...louraça Satanás...ex-miss Febem...encarnação do mundo cão" que eram trechos que apareciam na música.
Talvez influenciada por tanta marcação negativa, a personalidade de Kátia Flávia se moldou como uma garota depressiva, sentindo-se mal amada, rejeitada e que se tornou uma moça amarga e capaz de coisas terríveis para se defender.
Entre os colegas, ela não media esforços para sempre se dar bem, mesmo que isso significasse ser um "trator" capaz de tirar de seu caminho todos aqueles que pudessem prejudicá-la!
A mãe poderia tê-la batizado com outros nomes de garotas que apareciam em outras músicas como Ana Júlia*...Luciana*...Jennifer*, mas não...fora Kátia Flávia e isso levou a garota a abandonar os cabelos louros logo cedo para deixá-los ruivos para sempre!
Anos depois, a cantora Fernanda Abreu tivera a infeliz inspiração, na opinião da enfermeira, de voltar a gravar a música e, mais uma vez, Kátia Flávia veio sofrer com o seu nome.
_Ei! Kátia Flávia não era aquela garota da música da calcinha?_ria um.
_Acho que é a "louraça Belzebu...louraça Satanás", não?_ria outro.
A garota chegara a perguntar à mãe se ela, Marlene, estava revoltada, com ódio do mundo no dia em que lhe dera aquele nome infeliz, mas a senhora apenas disse que gostava da música e pronto! Talvez a mãe não tivesse prestado atenção na letra, concluiu a filha.
Mais tarde vieram as Ana Júlia*...Jennifer*...e aí deu uma aliviada para o lado de Kátia Flávia, felizmente. Mas a certeza de que o mundo não era justo com ela apenas por conta de seu nome de batismo a levou a não aceitar mais ser humilhada por qualquer outra pessoa na fase adulta!
Aos 30 anos, porém, ela percebia que talvez tivessem sido realmente todas aquelas referências injustas a ela ser uma mulher pouco confiável, carregada de negatividade e com a velada alcunha de "vagabunda diabólica" como na música que afastou os homens dela! Não conseguia namorar, era abandonada por todos, não a respeitavam...sentia que era pisada pelos homens, humilhada, ignorada!
A enfermeira pulava de hospital para hospital, sempre deixando atrás de si histórias tristes de uma garota abandonada pelos homens.
_Daqui a pouco você fica velha demais para me dar um neto, Kátia Flávia._reclamava a mãe sem assumir que contribuíra para aquela situação toda.
Louca para finalmente se casar, ter um relacionamento firme, estável, estava sempre de olho em um e outro paciente gatinho que dava entrada nos hospitais...alguém que a valorizasse como pessoa e não como um nome apenas. Algum homem capaz de desvincular o nome dela àquele da música...alguém capaz de nem saber que aquela música existia...alguém jovem bastante para isso, concluiu!
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UMA QUESTÃO DE AMOR-Armando Scoth Lee-Romance gay
Roman d'amourIMPRÓPRIO PARA MENORES DE 21 ANOS_Heitor, um homem dividido entre o amor e a política...Lucas, uma alma atormentada por um dom que não queria...Para Heitor, Lucas é o seu verdadeiro eu, a sua alma gêmea, o seu corpo em chamas por um desejo incontrol...