Seguimos pra pista de skate e passamos a tarde por lá. A gente ia pra pista desde quando tínhamos uns treze anos e os caras mais velhos não nos deixavam andar. A gente tinha que ir nos horários certos se quisesse brincar nos halfs sem ninguém pra encher o saco. Lá eu aprendi muita coisa, além de andar de skate. É um lugar do caralho, que tu vai pra relaxar. Tu cai tanto e te fode tanto que desestressa. Lá tu fuma teu primeiro baseado, compra tua primeira paranga, conhece os caras que as gurias pagam pau e arranja umas gurias pra pagarem pau pra ti também. Sempre tem umas maria skate rondando.
Eu tava sem o meu skate, então fiquei a maior parte do tempo sentado no alto do half conversando com os caras, me distraindo. Não contei nada pra ninguém sobre o que tinha acontecido na minha casa, não era da conta deles. Fiquei imaginando se aquela vadia tava em casa ainda. Me perdi nos meus pensamentos e nem vi anoitecer. Já tava tão tonto de ficar sentado fumando maconha que mal reconheci o Matt quando ele chegou. Só me toquei quando o Fred berrou pra ele.
Fred: Mas que porra de blusa de viado é essa, Matheus?!
O Matt acenou de volta. Era uma porra duma blusa de viado mesmo. Escorreguei pelo half e quase torci o tornozelo, mas já tinha me fudido demais no dia pra uma coisa dessas acontecer. O Fred saiu andando na frente com uns outros caras e eu fui atrás com o Matt.
Matt: E aí.
Eu: Que foi?
Matt: Nada, to perguntando.
Eu: Nada.
Matt: Te foderam, né.
Eu: Mas que porra, por que tu não...
Matt: Tu tá com cara de quando te fodem.Fiquei em silêncio. O viado do Matt sempre sabia quando alguma coisa acontecia, mesmo que ninguém contasse pra ele.
A gente seguiu andando e entrou num dos bairros mais fodas da cidade. Até o lixo dos caras era foda. Dava pra pagar meu aluguel se derretesse aquela porra. Um dos caras com o Fred sacou uma vodca da mochila e ficou bebendo pagando de foda. Que imbecil, ia ter bebida de graça na festa, tava só fazendo graça. O Fred sempre arruma uns caras malas pra andar. O Matt não dizia nada enquanto a gente andava um do lado do outro, e eu seguia chutando pedrinhas. Chutei uma pedrinha pro lado dele, e ele passou por cima.
Eu: Porra, Matt. Por que tu ignorou a pedrinha?
Matt: É só uma pedra, cara.
Eu: Isso é traição, mano! Seu traidor! HahaEle sorriu de volta pra mim. Começamos a ouvir um som alto pra caralho, dessas músicas com muita batida, mas que não querem dizer nada.
Fred: TAMO CHEGANDO, BROTHAS!
Ele sacou o celular e ligou pra alguém. Provavelmente pra qualquer vadia. Sairam de uma esquina duas minas abraçadas uma a outra, como se uma carregasse a outra, rindo pra caralho. Eram bem bonitinhas, com cara de gurias ricas mesmo, de cabelo com chapinha e uns vestidos caros. O Fred e os caras já tinham passado da esquina e elas só viram a mim e o Matt.
Matt: Deve ser por aqui.
Eu: Tomara! Se tiver só guria desse nype lá, demorou.As gurias nos ouviram.
Guria1: Olha, que bonitinho, usa óculossss....HAHAHAHA!
As duas riam como loucas. O Matt me olhou esperando que eu fizesse alguma coisa.Eu: É tu, mano. Tu é o único de óculos por aqui.
Guria2: HAHAHAH EI! Vocês tão indo pra festa da Nath?
Matt: Não sei. É Nath o nome dela?
Eu: Foda-se. TAMO SIM! - berrei de volta pra mina.
Guria2: Vamooo então!
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PQOGSPN?!
Teen FictionPQOGSPN?! é uma história idiota sobre três amigos idiotas que um monte de gente legal curtiu. Escrita por Nath Araújo. Três garotos. Sempre os três. Vivendo a vida como se tudo fosse acabar amanhã. E quem garante que não vai? "Não importa quantos im...