CAPÍTULO 14 - ... JUST FOR ONE DAY

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Fui pra casa pra me arrumar pra festinha da Mirella e combinei de encontrar com os caras na estação do metrô. Só a gente vai pra Blue de metrô. Percebi que minha brisa de maconha ainda não tinha passado quando terminei de tomar banho e fiquei rindo da toalha em cima da pia, que tava parecendo um gato. Seria legal se fosse um gato, gosto de gatos. Até tem uma gata aqui de vez em quando, que é, ou pelo menos era da minha mãe. Mas aquilo não é gato, é o demônio. Bicha chata da porra.


Vesti qualquer roupa, foda-se, nem que eu passasse a vida toda procurando não ia encontrar uma que se parecesse com as das pessoas da Blue. Tudo bem, as gurias curtem um cara não convencional em ambientes assim. Eu já me dei bem várias vezes por isso, pelo menos.

Meu pai não tava em casa, devia estar com a puta dele, mas tudo bem. Pelo menos ele não tava com ela em casa. Nada ia me deixar de mau humor.

Fui cantando até encontrar os caras. O Fred tava parecendo uma bicha rica usando um blazer preto com uma corrente pendurada, uma das suas calças pretas e justas, chapéuzinho e uma blusa de viado qualquer. O Matt tava de xadrez, como sempre. Tava com um Vans que eu paguei um pau. Devia ser novo.

Fred: To bonito, diz aí.

Ignorei. Paramos num bar da Mondal pra beber antes de irmos pra Blue. Uma cerveja devia custar um milhão naquela porra, por isso era melhor aquecer num boteco da Mondal.

Uns caras mal encarados ficaram olhando pra cara do Fred, porque deviam estar achando que ele fosse viado. Deve ser muito ruim ser viado, tu mal pode tomar uma cerveja sem ter uns babacas querendo te bater. Não tenho problema com gays, até conheço alguns, mas não sou amigo de nenhum deles, simplesmente porque não tenho muitos amigos mesmo.

Eu: Eu não teria problemas contigo se tu fosse gay, sabia? - disse olhando pro Fred.

Ele me olhou como se eu tivesse falado outra língua e voltou a tomar a cerveja dele.

A gente tava num boteco desses sujos pra caralho, o melhor tipo de boteco. Boteco tem que ter cheiro de boteco, gente de boteco, uma sinuca bem velha e disputada, iluminação ruim, esse tipo de coisa. Na frente, ficava um bar todo vermelho chamado Vitrine, onde eu costumava ir sempre há um tempo atrás. Foi lá que eu levei a Bruna na primeira vez em que a gente saiu. É um dos melhores bares da Mondal, mas ainda é a Mondal, com todo seu nype undergrownd. Era engraçado ver a Bruna, muito loira e arrumada, num lugar daqueles.

Fred: Para de ficar olhando pro Vitrine, porra.
Matt: É verdade, cara. Vai te lembrar da Bruna.
Fred: Não quero ver tu com cara de merda no rolê porque te lembrou dela. Te quebro se fizer isso. - disse apontando pra mim.

Eles tavam certos. Bebi o resto da minha última cerveja num só gole e partimos pra Blue. Eu nem tava bêbado ainda, mas já tinha dado pra começar a entrar no clima.

A Mondal é definitivamente meu lugar favorito.


Já dava pra ver a Blue assim que dobramos a esquina. Era um casarão branco, bonito pra caralho, com umas luzes azuis saindo da porta. Parecia a casa da Natacha, só que muito maior, com luzes fluorescentes e um monte de idiotas na porta. Já tava uma fila do caralho, repleta de vadiazinhas ricas de salto alto, bolsas pequenas com alça de corrente, todas iguais. Era mesmo um monte de Natachas. Os caras tinham cabelo de Zac Efron, até parecidos com o do Matt, só que mais arrumados. Usavam uns tênis de viado estiloso, desses que parecem de mina. Eu acho a porra mais feia que já vi. Tava começando a ficar irritado, mesmo antes de entrar.

Fred: Tu já tá com cara de bosta, pode parar.
Matt: A Bruna não vai estar aí, cara.
Eu: Que mané Bruna, caralho. Nem é nisso que eu to pensando. Olha os caras que colam aqui, que viados. Vou precisar ficar tão bêbado que...
Fred: Shhh!
Eu: Quê?! Tu é louco de fazer "shhh" pra mi...
Fred: Te liga naquela mina.

PQOGSPN?!Where stories live. Discover now