Eu continuei sentado na cabine do banheiro por um tempo. Depois me lembrei que ele nunca saberia de que lanchonete eu tava falando, e eu precisava ir lá pra fora. Abri a cabine, o faxineiro tava me olhando.
Eu: Bom dia.
Faxineiro: Ahn... Bom dia.Me sentei na sarjeta da lanchonete. Tava tudo doendo. Demorou uma eternidade pro Fred aparecer. Ele chegou e me botou dentro de um taxi.
Me sentei no banco de trás do taxi, fechei os olhos e deitei a cabeça.
Eu: Valeu mesmo, cara.
Fred: De nada, velho.
Matt: De boa, Thom? - ouvi uma voz vinda do banco da frente. O Matt também tava lá.
Eu: Tu tá aí também, porra?Ainda tava passando meio mal, mas o taxi tava muito melhor que a calçada da lanchonete, com certeza.
Eu: Por que vocês foram embora cedo ontem?
Fred: Passei meio mal, mano.Estranhei mesmo que ele não tava me zuando por eu estar malzasso. Ele deve ter ficado pior ontem a noite.
Eu: Achei a Alícia, viu, Matt?
Matt: To ligado. Ela ligou avisando que já tava em casa.
Eu: Pode crer.Ela não deve ter falado nada, melhor assim. Não tava a fim de me lembrar daquilo agora.
Fred: Não é aqui que tu vira pra ir pra rodoviária?
Ele tava falando com o taxista, provavelmente. Os caras costumam saber o caminho muito menos que tu, ou então se fingem de idiotas pra fazerem caminhos maiores e tu ter que gastar mais dinheiro, maior filha da putagem. Mas o que ele tinha falado mesmo?
Eu: Tu falou o que? Rodoviária?
Fred: É, a gente não vai pra fazenda da tua vó?QUE?! Eu tinha me esquecido daquela porra. Nem sabia que eles iam junto, como assim? Nem tenho mala, cadê tudo? Abri os olhos em choque.
Fred: Relaxa, passamos na tua casa e fizemos uma mala pra ti.
Eu: Como assim, velho?!
Fred: Sei lá, o Matt que fez, eu queria botar todas as tuas roupas lá, mas ele deu um jeito. Tá de boa. Tu sabe o nome do lugar pelo menos?Fiquei em choque, mas não tinha outro jeito. Lá estávamos nós indo pra puta que pariu.
Chegando na rodoviária, eu tava moído. O taxista, filho da puta, ainda nos deixou no subsolo só pra foder, pra eu precisar subir escadas com aquela ressaca toda que eu tava. Tem que mandar matar um cara desses.
Fred: Melhora essa cara aí, Thomito.
Tava com preguiça de responder, a escada não acabava nunca. Eu não sabia que porra de ônibus a gente devia pegar, não sabia o preço, horário, porra nenhuma, só que o nome da cidade mais próxima da fazenda era São Leopoldo. Que porra de nome escroto. Passei tudo que eu sabia pro Fred, e fiquei sentado passando mal naqueles bancos de espera desconfortáveis. Minha vontade era de tirar a blusa e deitar ocupando uns três bancos, mas eu já tava sóbrio demais pra aquilo. Me limitei a só ficar sentado com a cabeça entre os joelhos.
Matt: Ei, Thommy.
Levantei uma mão pra ele saber que eu ainda tava vivo.
Matt: Tu e a Alícia... Tá tudo bem?
Fiz sinal positivo com o dedão.
Matt: Tu sabe que eu sei quando tá mentindo, né?
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PQOGSPN?!
Novela JuvenilPQOGSPN?! é uma história idiota sobre três amigos idiotas que um monte de gente legal curtiu. Escrita por Nath Araújo. Três garotos. Sempre os três. Vivendo a vida como se tudo fosse acabar amanhã. E quem garante que não vai? "Não importa quantos im...