Parte 2-3 • Hyunwoo

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Eu pensei em seriamente excluir essa história por causa de tudo o que está acontecendo com o fandom, afinal, o teor da fanfic não é nem um pouco feliz. Mas eu resolvi manter a fic no ar com um aviso logo de cara de que ela NÃO TEM UM FINAL FELIZ.

Enfim, aos que estão se aventurando por aqui, espero que gostem do capítulo!

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Hyunwoo

Uma das provas de que a pesquisa de Hoseok caminhava para o sucesso está aqui, na minha frente. Minhyuk não se lembra de mim, ou de Soul, nem mesmo de Hoseok. Não chego a mencionar Changkyun e não sei ao certo porque não o faço, mas Minhyuk não se lembraria dele também. Nesse instante, embora eu tenha sentido uma felicidade que dificilmente me invade, eu me preocupo com o que está por vir.

Aqueles que criam sempre precisam de suas cobaias e, se uma pesquisa como aquela estava dando resultados, Hoseok certamente fará de tudo para tê-los em suas mãos. É por isso, eu digo a mim mesmo, é por isso que eu encontro Minhyuk tão depressa. Porque eu sei o que tem de ser feito.

O rapaz a quem eu segui se chama Hyungwon e obviamente não simpatiza comigo. Escuta com paciência e calma enquanto eu explico que vim de Soul e que só o que eu quero é proteger Minhyuk de um perigo que logo se manifestará. E quando Minhyuk quer saber o motivo que me levou a forjar minha própria morte apenas para alcançá-lo eu sequer penso e digo a primeira coisa que me vem em mente: que somos namorados. O cordão que eu peguei sem permissão do apartamento de Changkyun é a única prova de nossa ligação e, mesmo que eu tenha mentido sobre estarmos em um relacionamento, eu sempre serei honesto ao dizer que o amo. Ele parece entender e pede desculpas por não ter uma mísera recordação sobre quem eu sou. Já Hyungwon tem a expressão de quem está louco para me mandar embora daqui, porque não confia em mim.

Porém, ele muda quase totalmente de opinião quando, ao examinar Minhyuk a meu pedido, descobre uma espécie de chip implantado na pele em seu braço esquerdo. Explico que essa peça quase imperceptível faz parte de um teste criado por um colega de laboratório e digo que é a única forma que ele tem de rastrear Minhyuk. Eles concordam em removê-lo e destruí-lo para a segurança de todos nós.

Com o passar do tempo, demonstro minha aptidão e habilidade com máquinas e começo a ajudar Hyungwon no que ele chama de laboratório, muito diferente e carente em comparação ao que se via em Soul. Os utensílios são complicados e não servem para o conserto de máquinas. Apesar de ter um leve conhecimento sobre ferramentas médicas, eu nunca precisei lidar com nada do gênero antes.

Durante as refeições e alguns períodos é comum que eu conte sobre como a cidade, que chamam de cidade modelo, é regida, e sobre a convivência entre humanos e robôs, que soa como uma ideia absurda na cabeça deles.

E quando Hyungwon sai para buscar medicamentos ou tratar de alguém, eu passo o tempo conversando com Minhyuk no quarto onde ele costuma ficar durante horas, sempre tentando ajudá-lo a se lembrar de seu passado, o que se prova exaustivamente difícil. Há coisas novas prendendo sua atenção neste lugar e meu esforço para também fazer parte disso está sendo imenso. Tenho de controlar minhas emoções e o modo como lido com ele, porque nada é como antes e até mesmo parte de sua gentileza foi substituída por sentimentos duvidosamente negativos. Ele não é o mesmo garoto e isso faz de mim alguém ainda mais esperançoso.

Porque isso me permite moldar meu plano sem parecer tão egoísta quanto pensei que seria.

-x-

Cinquenta e dois dias. Eu improvisei um calendário em algumas páginas em branco que encontrei no laboratório de Hyungwon para que eu possa me orientar sobre o tempo - embora não tenha certeza sobre quantas horas ou dias eu permaneci desacordado antes de chegar a área 20785 - tomando como partida o dia em que minhas cinzas teriam sido entregues a meus pais. Eu ainda penso neles com o coração apertado, imaginando que minha mãe continuou a chorar durante dias a fio, tão pesarosa como quando eu lhe disse que havia recebido minha sentença. Meu pai leu minha carta de intimação inteira, palavra por palavra, e tive medo de que ele desconfiasse de que algo estava errado, mas ele se manteve calado durante toda aquela manhã. Apenas quando me acompanharam até o laboratório da ala norte foi que ele me disse, enquanto me dava um último abraço, que não importava o que eu pensasse, ele e minha mãe sempre sentiriam orgulho de mim.

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