Saudades do teu olhar - [DEGUSTAÇÃO]

Parte 1 - Capítulo 2

Dylan

Fiz de tudo para adiar ao máximo voltar para casa, inventei todos os compromissos possíveis, pois sei que no momento que eu abrisse a porta lá estaria minha mãe para decidir minha vida conforme suas vontades. Mas não tem jeito eu tive que retornar. A verdade é que já estou de saco cheio desse jeito controlador de Dona Clarisse, todos os dias brigamos. O sonho dela é que eu seja um Neurocirurgião renomado e agora que me formei em Medicina está fazendo de tudo para que eu faça o que quer.

Abro a porta e passo pelo hall de entrada torcendo para que ela não esteja na sala, e eu possa subir para o meu quarto sem ser visto.

— Aonde você estava até essa hora posso saber?! — A voz de minha mãe ecoa pela sala e quando me viro a vejo sentada em uma das poltronas brancas e meu pai na outra.

— Estava com o Luke e o Henri. Nada com que a senhora deva se preocupar.

— Então agora tenho que ver você jogar um futuro brilhante pelos ares e não me preocupar?! — diz dramática como sempre.

— Mãe não seja dramática! Não estou jogando nada pelos ares, apenas não quero ser Neurocirurgião como você deseja.

— Você está vendo isso, Eduardo? Depois de tudo que fizemos para que tivesse a melhor educação, é assim que esse menino nos agradece. — Como ver que os seus dramas não estão surtindo efeito em mim, ela o direciona ao meu pai.

— Clarisse, deixe o Dylan em paz! Ele não é mais o seu menininho para que você lhe diga o que fazer.

— Mas ele nos deve isso e vai sim ser um Neurocirurgião renomado!

Meu pai e eu olhamos incrédulos para ela, mas não adianta discutir. Se tem uma coisa que aprendi nesses meus quase 25 anos de vida, é que com a Dona Clarisse não se discuti.

Subo para o meu quarto e tomo um banho para relaxar um pouco. Saio com a toalha enrolada na cintura e dou de cara com Sophia.

— Ei! O que faz aqui? E se eu estivesse pelado?

— Deus me livre dessa visão! — diz fazendo careta.

— Olha que muitas dariam tudo para ver esse corpinho. — Falo e aliso o meu peitoral e abdômen fazendo Sophia gargalhar.

— Elas não são sua irmã bobinho! — Pisca para mim e continua: — Eu ouvi a discursão com a mamãe, você vai mesmo fazer a vontade dela?

— Não teve discursão. Ela falou e deu o assunto como encerrado, e você sabe que não tem como ir contra as vontades de Dona Clarisse sem declarar guerra.

— Meu irmão, você não precisa ser um fantoche nas mãos da mamãe. Faça o que o seu coração pede, pois é você que terá de trabalhar o resto da vida com o que não quer, caso se deixe manipular. Pense nisso!