Lycan

Farol

 Lulu segurou mais firme o Garfield, seu gato querido e já um senhor idoso, e suspirou quando sua mãe recitou aquele feitiço antigo e abriu as brumas que protegiam o lugar. O que se descortinou a sua frente foi uma pequena ilha rochosa com um farol e uma caverna. Ela já tinha ouvido sobre o lugar, vagamente, das histórias que Cernunnos lhe contava do que foi e de futuros que não aconteceram.

Cresceu protegida pelo deus das florestas que descobriu mais tarde ser seu consorte. Ela não era só uma bruxa da água, ela era a reencarnação de Gaia e deveria aprender a ser uma deusa e cuidar do planeta e de seus moradores. Cernunnos a ajudou muito a entender tudo aquilo e o quanto sua irmã mais velha tinha trabalhado para assegurar mais tempo ao mundo e a proteger a humanidade e os noturnos.

Deuses se lembravam e ele lhe jurou que a ensinaria tudo para ela ser a melhor Gaia que já existiu. Lulu sabia que ele era mesmo seu melhor amigo e consorte e agora dono do seu coração. Um terço dele, já que os outros dois terços pertenciam a dois humanos, Kai e Lay, idols coreanos e pessoas maravilhosas.

— Nossa, como o clima e a aura desse lugar é estranha e densa...

Prima Mia disse pensativa e ela assentiu. Sim, também achava.

Como Laine tinha construído aquilo do nada a tantos milênios atrás?

"Não gosto desse lugar, Lulu, meus pelos estão arrepiados, coisa boa não é!"

Garfield disse ranzinza e ela assentiu, concordava, contudo Cernunnos disse que ali estava a solução de alguns dos problemas que teriam e a preocupação da sua família atualmente era os renegados que podiam dar o ar da graça a qualquer momento. Eles iriam destruir tudo e elas tinham que detê-los quando esse dia chegasse. Mas não sabia que sua mãe dominava aquelas técnicas avançadas de magia antiga...

Uau... sua mãe era mesmo uma coisa!

"Eu não quero morrer aqui, Luana! Eu quero comer aqueles petiscos coreanos maravilhosos que seu marido dançarino me prometeu! Cuide de mim, está ouvindo?"

"Credo Garfield, para de ser pessimista! Mamãe está aqui, ela não vai deixar nada de ruim acontecer conosco"

"Por que viemos mesmo hein?"

"Porque você é um curioso e eu uma bruxa da água, sem o tio Jin em casa, sobra eu, ué!"

A conversa dos dois acabou quando o barco atracou na praia e Mônica desceu primeiro testando o ambiente e se o chão era seguro. Logo ela se voltou para nós e assentiu, sua mãe saiu em seguida, depois prima Mia e ela com o gato amarelo e fresco no colo.

Caminharam pela pequena praia de pedras e foram até o farol. Parecia um farol comum como todos os faróis que já viu na vida, entretanto assim que chegou na entrada, Lulu percebeu que não era nada igual.

Se retesou, mas sua mãe colocou a mão na porta de metal negro e estranho e recitou palavras em uma língua que nunca ouviu e a porta se abriu silenciosa.

Sua mãe sabia aquele tipo de magia mesmo... CARAMBA!

Dentro, havia um salão vazio e na penumbra, um espelho estava pendurado na parede curva, com se seguisse o arredondando do apoio. Um espelho curvo? Um espelho curvo quase do seu tamanho.

Lulu sentiu calafrios antinaturais e estranhos.

— Tia Rosa, isso é magia Altrariana?

— É sim, e tem sangue da sua prima em outra vida em cada pedaço desse lugar, Mia. Estamos na Terra, mas sobre um fino limiar. Dentro da caverna está o portal que liga esse mundo ao de Altraran, que como sabe, está do outro lado do Universo. Esse portal só tem uma porta, daqui para lá e de lá para cá... Esse farol foi a criação mais estupenda da minha filha.