Chanyeol atravessou o salão e foi até Jaihara que andava de um lado para o outro nervosa. Seus instintos diziam que ela podia enlouquecer, mas como ela ainda não era tão próxima de si, poderia ser diferente.
Respirou fundo e caminhou resoluto até tocar em seu braço e a olhar sério.
— Suas irmãs não sobreviveram, quando Kristen chegou, elas já tinham sido dizimadas.
Disse direto, não era de rodeios e não seria agora. Contudo... Contudo se arrependeu no segundo seguinte.
Na fila do tato realmente tinha passado longe.
Jaihara o encarou e deu dois passos para trás... Sem uma só fala, mas seus olhos diziam tudo, tudo... E então ela gritou, gritou tão agudo que até mesmo seus ouvidos foram afetados... Droga!
— JAI!
Tentou alcançá-la, mas ela já corria dali em uma velocidade nenhum pouco humana. Ela poderia despertar, não era possível, era?
Droga! DROGA!
Tentou ir atrás dela, mas uma mão suave o parou.
— Você é um Norai?
Ele se voltou para a garota e logo soube que era uma deusa. Era a bruxa, a nova Gaia?
— Sou. Sou o general dos Norais.
— Eu preciso da sua ajuda.
Jaihara correu sem destino certo, apenas era muita dor interna para lidar, suas irmãs... Tudo tinha sido feito por elas, como assim!? Como!? E agora?
Passou por tanta gente, mas todas elas pareciam perturbadas com algo na torre central, por isso seu desespero, seu choro, seus gritos agora internos, não foi ouvido. Acabou passando pela primeira porta que viu e se deu conta que era o tal portal de proteção.
A floresta de fora era quente, ainda que fosse uma manhã fresca e seus pés descalços derrapou no orvalho sobre a grama. Ela ergueu o rosto para o alto e viu aves fugirem do templo...
Dor...
Deixou a dor percorrer seus sentidos e logo corria no mesmo sentido que as aves. Correu e correu até que tropeçou em uma raiz protuberante de uma árvore velha. Suas mãos foram para a lama, mas ao vê-las, suas unhas estavam maiores, como garras...
"Quando a dor for demais, venha para água, o que é da água, a terra não pode tirar"
"Jaihara... Jaihara..."
"Fêmea alfa, sangue puro... Abra os olhos!"
"Acorde... Acorde!"
Aquela cacofonia dentro da sua mente explodiu e uniu a sua dor, seus sentidos, seus sentimentos, seus instintos e ela gritou outra vez, contudo agora era um uivo. Um uivo alto, doloroso, feroz.
Correu de novo, mas já não estava sobre pés e sim sobre patas que estralavam seus ossos e mudava seu corpo, suas mãos caíram de vez no chão, sua cabeça retorcia, seus sentidos aumentaram; visão, tato, audição, tudo aumentava e aumentava enquanto ela corria, uivava, seguia as aves.
Então derrapou em um desfiladeiro e viu um rio caudaloso lá embaixo. Ergueu o focinho para o alto sentindo o sopro do vento, o cheiro de chuva, a terra úmida.
Então uivou mais feroz e saltou do desfiladeiro caindo nas águas profundas. Quando voltou para a superfície nadando com uma destreza que não fazia ideia que era capaz, na outra margem um mundo de animais vinham para si: Crocodilos, elefantes, tigre, bois - selvagens, panteras, ursos...

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Lycan
FantasiEla era uma mulher a beira da morte, ao menos era o que pensava, até ser sequestrada por um estranho obscuro, jogada em uma cova e enterrada viva. Mas não era a morte que a esperava e sim a verdade que uma raça inteira buscava entender. Ela era a ch...