quatro

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Mariana já não ia ao trabalho há uma semana. Seu chefe tinha ligado ontem, perguntando o porquê do sumiço, ao que a garota disse que estava gripada, apenas. Achou que seu nariz entupido de tanto chorar seria convincente.

Passou todos esses dias trancada em sua casa, raramente saindo apenas pra jogar o lixo fora e ver se haviam correspondências.

Se deu conta de que seus suprimentos tinham acabado e que precisava reabastecer a geladeira. Não tinha outro jeito, tinha que sair de casa e ver o rosto de desconhecidos.

Eram cerca de três da tarde, e a garota, que sempre foi vaidosa, agora estava pronta pra sair de seu apartamento com um coque mal feito e bagunçado, um moletom que quase chegava até seus joelhos e uma Havaianas com meias nós pés.

Abriu a porta, e parou por um momento para observar o imóvel em sua frente.

Apartamento sessenta e quatro.

Se, por acaso, os dois se encontrassem hoje, ela estava convicta em perguntar o nome de seu vizinho.

Respirou fundo, finalmente saindo de seu apartamento e indo em direção ao elevador. Enquanto esperava o mesmo chegar em seu andar, ouviu uma voz desconhecida atrás de si.

Alguém no telefone, que parecia com pressa, mas que ela não foi corajosa o suficiente para olhar quem era.

A voz masculina se aproximava, e Mariana continuava concentrada no painel do elevador, que estava parado no quarto andar há alguns segundos.

O dono da voz parou ao seu lado, olhando a menina de canto, tentando ser discreto. A garota, por outro lado, deixou a timidez de lado, e encarou aquele par de olhos azuis bem a fundo.

LIGHT | rafael langeOnde histórias criam vida. Descubra agora