dezoito

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E o chat de Rafael agora também era seu.

Ao passar dos dias, Mariana via as lives como uma forma de distração, e logo tomou grande apreço pela stream.

Às vezes, se permitia pensar, quem era a Mariana de semanas atrás? Chorando por seu ex-namorado e quase se matando de tanto desgosto?

Aquela Mariana, de fato, não existia mais. E tudo isso, desde que Rafael entrou em sua vida.

Talvez, pensava, seu término com Vitor tenha sido uma benção. Sem ele, sem toda a tristeza em que se afundou, não teria nunca tomado coragem para falar com seu vizinho.

Continuava divagando um pouco mais a fundo sobre sua vida. Pensava sobre sua família. Sua mãe, que a criou sozinha, sempre a desprezou, mesmo que sem motivo. Mariana nunca fez nada de errado, sempre foi uma boa filha, mas sua mãe persistia em apontar seus defeitos e em deixar claro o quão desagradável era sua existência. Não se surpreendeu muito quando foi enxotada de casa com 18 anos.

Agora, com quase 20, já sabia muito sobre morar sozinha e se manter, mas ainda era ingênua como sempre foi. Acreditava em tudo e todos e isso nem sempre lhe fez bem.

Mariana tinha mania de sonhadora, mesmo com as péssimas experiências sociais que teve, ainda tinha esperança de que o ser humano podia sim ser gentil e bondoso.

E, aparentemente, ela não estava sonhando tão alto assim. Pessoas generosas, ainda que raras, existiam, e Rafael era um bom exemplo.

Nunca tinham conversado antes do ocorrido com Mariana, apenas trocado meia dúzia de palavras para saberem o nome um do outro.

Isso a fazia acreditar ainda mais nas pessoas, ver que ela não era tão surrealista quanto achavam.

Talvez ela tivesse encontrado uma luz na escuridão.

E essa luz tinha lindos e brilhantes olhos azuis.

LIGHT | rafael langeOnde histórias criam vida. Descubra agora