vinte e três

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Fase um: ignorar. 

Fora a primeira vez que demonstraram o amor um pelo outro verbalmente. Isso porque sempre mostravam o afeto entre si: quando paravam e conversavam por horas, acarinhando o cabelo um do outro; quando tentavam cozinhar juntos e se divertiam horrores, até tudo sair errado por culpa de Mariana, e por fim, acabarem pedindo comida pronta; quando assistiam filmes bobos adolescentes a pedido dela, e Rafael não entendia nada, ou de ficção científica a pedido de Rafael e Mariana ficava ainda mais perdida; quando Rafael observava por minutos, em silêncio, como Eredin se afeiçoou à Mariana; quando Mariana assistia Rafael por horas em live, e como aqueles olhos azuis brilhavam porque gostava do que fazia, e muitas outras situações.

Demonstravam amor o tempo todo sem perceber, mas agora que haviam jogado as cartas sobre a mesa, o que fazer? Bem, se ignorarem o fato, não terão de fazer nada... certo?

Talvez.

Passaram uma semana estranha. Continuavam se vendo, mas já não falavam sobre o dia um do outro, muito menos Mariana prolongava seu tempo no apartamento sessenta e quatro; pelo contrário, tentava ir embora o mais rápido possível.

Ignorar era a opção mais fácil, mas também a mais difícil. Fingir que nada tinha acontecido parecia extremamente simples, porém foi um mero engano dos dois. O clima entre eles nunca esteve tão distante.

E odiavam.

Odiavam não conseguirem falar sobre nada sem lembrar das malditas palavras. Odiavam estarem se bloqueando. Odiavam como se sentiam com aquilo, porque alguma coisa, sentiam, só não sabiam o quê e muito menos como lidar com isso.

E, cansado, Rafael decidiu avançar.

LIGHT | rafael langeOnde histórias criam vida. Descubra agora