𝙇𝙖 𝙇𝙖 𝙇𝙤𝙫𝙚 - 𝑀𝑎𝑟𝑘ℎ𝑦𝑢𝑐𝑘

Six

— Hyuck, o que houve? Por que você está chorando? — Ele perguntou quando abriu a porta e viu o amigo em estado crítico, com os cabelos desgrenhados e o rosto vermelho. Se aproximando dele, Jaemin passou os braços ao redor dos ombros do garoto, o puxando para si e ali o garoto chorou mais um pouco, nem ao menos ligando se alguém da vizinhança via a cena. Ficaram abraçados por alguns minutos antes de Jaemin dar passagem para ele e os dois subirem para o quarto do Na, Donghyuck quase se arrastando pelas escadas. — Por favor, me explica o que houve...

— Eu acabei de perceber que gosto do Mark mais do que amizade, Jae... — Disse baixo e Jaemin riu, achando engraçado o motivo que levou o amigo àquilo, já que ele era dramático, porém não esperava que ele chorasse pelo canadense.

— Eu não acredito que Lee Donghyuck está chorando por isso! — Zoou mais um pouco, dando um leve empurrão no braço dele, mas o garoto pareceu pior ainda, já que começou a chorar ainda mais e com isso Jaemin se desesperou.

— Eu fui na casa dele e ele estava com uma garota no quarto e ela estava se declarando para ele, Jae... — Explicou e o Na se sentiu péssimo por ter rido dele, fechando a expressão no exato momento e a trocando por uma triste e sincera, o que o fez abraçar o amigo mais uma vez. — Eu sei que eu deveria estar feliz por ele, mas eu estou me sentindo péssimo.

— Ei, calma... — Sussurrou, puxando o amigo para sentar na cama, se sentando ao lado dele, segurando seu braço por impulso. — Não se culpe, eu sei que você gosta dele, então isso é normal.

O Lee deitou na cama e ficou ali encolhido e em silêncio, enquanto o Na fazia um leve carinho na cabeça dele, bagunçando ainda mais os cabelos do amigo. Se perguntou de repente como Jaemin sabia daquilo e parecia tão convicto, mas não questionou  em voz alta, não queria mais tocar naquele assunto. O Na por fim avisou que iria buscar chocolate no andar de baixo e iria ligar para Chenle e para sra. Lee.

— Tudo bem, já chego aí... — Chenle disse do outro lado da linha, após o amigo ter pedido que ele fosse até ali e dizendo que apenas que Donghyuck estava mal.

A Sra. Lee apenas concordou em deixar o filho dormir na casa do Na, já que era final de semana agradeceu por Jaemin ligar avisando, já que acreditava que o filho nem ao menos lhe daria alguma satisfação, não que ele fosse culpado e nem que ela reclamava, já que sempre buscava dar liberdade a ele.

Jaemin buscou por alguns chocolates que guardava — lê-se escondia — em cima do armário superior e subiu para o andar de cima, subindo de dois em dois degraus.

— Chenle já está vindo para cá. — Avisou ao sentar ao lado do Lee, que se mantinha na mesma posição desde quando ele havia saído do quarto, porém agora tinha parado de chorar. Estendeu uma das suas barrinhas salvadoras para o garoto e ele aceitou depois de alguns segundos olhando a mesma, como se estivesse se questionando o que era aquilo. Sentou-se na cama com um bico nos lábios enquanto desembrulhava o doce, como uma criança entretida.

— Eu não acredito que estou chorando por causa de homem, Jaemin! — Berrou do nada, quando terminou de remover a embalagem do chocolate e começou a chorar mais ainda enquanto comia. — Eu me recuso à isso!

Jaemin riu do amigo, involuntariamente e falou para ele se acalmar e os dois assistirem algum filme que o Lee gostasse. A campainha tocou um tempo depois de Rei Leão começar e o Na avisou que iria atender, já que provavelmente era Chenle que havia chegado.

— Mark me ligou enquanto eu estava vindo para cá. — Foi a primeira coisa que falou quando a porta foi aberta e ele teve visão de Jaemin. — Eu não sei o que está acontecendo, mas ele disse que o Hyuck entendeu errado e que aquela garota era apenas a melhor amiga dele, que estava ajudando ele a se declarar para o Donghyuck. — Soltou tudo de uma vez, ficando se fôlego, antes de continuar. — Que garota, Jaemin? O que está acontecendo? — Questionou rápido demais e quase que o coreano não conseguiu acompanhar. Não podiam perder tempo se não o Lee iria desconfiar que eles estavam fofocando sobre algo.

— O Donghyuck tá chorando por causa do desgraçado, Chenle! — Falou, puxando o chinês para dentro e pegando as sacolas de suas mãos. — Quanta coisa! — Reclamou, olhando para as sacolas, mas deu de ombros, em seguida continuando o que estava dizendo, afobado novamente, como se não tivesse nem ao menos parado brevemente para falar sobre as sacolas. — Ele disse que viu essa garota aí se declarando para o Mark!

— Mas e se ele realmente tiver entendido errado, Jae? — Questionou preocupado, pensando que a versão de Mark poderia ser a verdade.

O coreano murmurou um "não sei" e os dois subiram para seu quarto, antes que parecesse suspeito a demora no andar de baixo, onde o Lee estava entretido assistindo ao filme que ele tanto gostava, embolado nas cobertas e parecendo um bebê.

— Chenle trouxe coisas para um mês! — Jaemin falou alto quando entrou no quarto com o chinês ao seu encalço e colocou as coisas em cima da cama, para que o Lee pudesse atacar o que queria a vontade.

[...]

Quase duas horas depois Donghyuck estava dormindo profundamente, agarrado a um dos travesseiros de Jaemin, após o filme ter acabado e logo ter começado outro que eles escolheu aleatoriamente. Após os pais de Jaemin, que haviam chegado quase junto com Chenle e agora estavam indo dormir, ele e o Zhong desceram para o andar de baixo e sentaram no sofá, decididos a conversar com o canadense para entender algo.

— Chenle! O Donghyuck está bem? — Questionou do outro lado da linha, parecendo aflito e no aguardo da ligação, já que atendeu no primeiro toque.

— Ele está dormindo agora, Mark. Pode nos explicar o que aconteceu? Ele chegou aqui em casa chorando... — Jaemin disse em tom calmo e paciente, mas a vontade de bater no idiota que fez seu amigo chorar era grande.

— Eu não sei ao certo o que ele veio fazer aqui em casa, Wendy disse que ele estava eufórico quando chegou. — Mark começou a contar sua versão e os dois se mantiveram quietos, apenas ouvindo. — Eu estava no quarto com Irene, minha melhor amiga desde o colegial. Eu expliquei para ela que estava gostando de alguém e não sabia como me declarar, esse alguém é Donghyuck... — Ele deu uma pausa depois disse e suspirou, Jaemin encarou Chenle, este que colocou a mão sobre a boca. — Ela me disse algumas palavras para dizer a ele e foi nessa hora que ele apareceu na porta e entendeu tudo errado...

Jaemin suspirou antes de falar algo ou simplesmente surtar, mesmo que soubesse que levaria uns bons tapas por acordar a mãe. Por fim, após o silêncio estar pairando sobre eles por tempo demais, ele voltou a falar:

— Eu sei que não sou eu quem deveria falar isso, mas ele gosta de você, Mark.

— Ele está péssimo porque achou que criou esperanças sozinho e no fim você acabou ficando com uma garota. — Chenle acrescentou à fala anterior do amigo, querendo dar ênfase na situação. — Ele sabia desde o começo que você é hetero, mas acabou se deixando levar mesmo assim.

O Na se arrumou no sofá após o chinês terminar de falar, ainda segurando o celular entre os dois, olhando rapidamente para as escadas para ver se por algum obséquio o menino de sono pesado havia descido ali e estava ouvindo eles.

— Por muito tempo eu achei isso, foi por isso que eu sumi depois do aniversário de Chenle. — Mark contou de repente e os dois se lembraram da frustração do menino sem resposta às mensagens que mandará para Mark. — Depois da música que dancei com ele, do modo que ele me olhou, eu fiquei muito confuso, afinal, eu nunca tinha gostado de nenhum garoto, mas vi que Donghyuck mexeu comigo...

O coreano sorriu com a declaração, encostando a cabeça no sofá e dando um surto silencioso, balançando as mãos e os pés de uma só vez, tentando não proferir nenhum som para tentar manter o ar de amigo protetor perante Mark.

— Ok, vamos te ajudar com Donghyuck. — Ele disse por fim, tentando fingir que nada aconteceu, antes de desligar a chamada e se virar para Chenle, abraçando o amigo chinês, que também sorria como um bobo, os dois dando minis surtos por conta do que acabaram de ouvir.