Ten

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— Hyuck? — A voz do outro lado da linha chamou falhada e o coreano percebeu que assim como ele, Mark havia chorado muito.

— Oi, Mark... — Disse calmo, sua voz saindo abafada por conta dos cobertores sobre a cabeça.

— Quem poderia imaginar que meu namorado é meu irmão... — Mark riu amargo do outro lado da linha, mas Donghyuck o acompanhou mesmo assim. — O mundo dá voltas mesmo, não é?

— Agora eu só consigo pensar o quão estranho é beijar meu próprio irmão. — Donghyuck disse e riu, assim como Mark, mas sentiu as lágrimas tomarem seu rosto. — Eu não vou aguentar isso, Mark...

— Podemos sair para conversar? — O canadense disse do outro lado da linha, sentindo o coração apertando por conta do choro do menor.

O coreano concordou e duas horas depois eles estavam sentados no banco do parque que sempre frequentavam. Donghyuck se encontrava olhando para as próprias mãos, encostado em Mark. Não haviam trocado uma palavra desde que haviam chegado ali, a uns cinco minutos atrás.

— Você era muito próximo do seu pai? — Donghyuck questionou finalmente.

— Eu era muito pequeno, nem ao menos lembro. — O canadense disse calmo.

— O que a gente fez para merecer isso, Mark? — Ele voltou a questionar depois de alguns minutos, já com a voz chorosa.

— Não temos culpa de nada, Hyuck, você sabe. — Mark disse, o abraçando mais forte.

— Eu não dormi essa noite, fiquei só pensando a noite toda, Mark. — Ele disse breve. — Eu acho melhor que nós dois nos afastemos por um tempo.

Mark jogou a cabeça para trás, apertando os olhos para tentar não chorar. Seu coração doía mais ele sabia que o garoto estava certo.

— Por favor vá, Mark... — O coreano disse, se desencostando dele.

Sabia que se ficassem ali mais alguns segundos ele não aguentaria. Mark também sabia disso, então levantou, olhando para o garoto.

— Eu te amo, Hyuck — Ele disse, colocando algo no banco do lado de Donghyuck, saindo do local e começando a caminhar para fora do parque.

Após ele sair, o menor desabou novamente. Doía como inferno, estavam tirando uma parte dele que ele já havia se acostumado. A cada lágrima que saia era como uma facada. Para Mark parecia o mesmo, já que passos depois ele se pôs atrás de uma arvore e também desabou. O telefone de Donghyuck tocou, anunciando ser Jaemin.

— E aí, pombinho, como foi seu Natal? — Questionou e o Lee conseguiu chorar ainda mais, preocupando o amigo. — O que aconteceu? Por que você está chorando?

— Eu preciso de vocês, Jae... — Respondeu, desligando o celular.

[...]

Quase 3 horas depois de andar muitos pelas ruas, até cansar, ele apareceu em casa e quando chegou na frente dela, um Jaemin desesperado o abraçou, com Chenle abraçando os dois em seguida.

— O que houve? Você brigou com o Mark? — Chenle questionou preocupado e o Lee sorriu amargo.

— Vocês vão achar que é piada... — Disse baixo, com o olhar perdido.

— Claro que não, Hyuck. — Chenle disse e o amigo o olhou. Ele estava acabado. Os cabelos todos emaranhados por conta do vento, seu rosto vermelho e molhado e roxos em baixo de seus olhos que indicavam que ele não havia dormido de noite.

— Ele é meu irmão. — Disse e riu. Jaemin abriu um sorriso.

— Como assim, Hyuck, de onde você tirou isso? — Questionou confuso.

— Ele é meu irmão, Jaemin! O caralho do meu namorado é meu irmão! — Gritou, se sentando no meio fio da rua e sentindo as lagrimas descerem pelo seu rosto. Por um momento se questionou como poderia chorar tanto. — Minha mãe deve um caso com o pai dele, mesmo ela não sabendo e eu e Wendy nascemos. — Disse rindo, enquanto olhava para os amigos. — Feliz Natal!

Jaemin olhou para Chenle, anda de caminhar até perto do coreano e se sentar ao lado dele, que tinha o rosto escondido nas mãos, negando com a cabeça. O Na o abraçou e Chenle sentou do outro lado, abraçando ele também.

Minutos depois de ficarem ali sentados, ele levantou o rosto, dizendo para que entrasse e fossem para seu quarto. Os três caminharam pela casa até chegar ao andar de cima. Jaemin não viu a mãe de Donghyuck por ali e se questionou onde ela poderia estar. Eles se deitaram na cama e o Lee olhou para a sacola agora em seu colo. Tinha medo do que era aquilo que estava ali dentro, pois quando Mark havia adquirido, eles ainda namoravam.

— Mark me deu isso antes da gente se despedir. — Ele explicou, ainda encarando a sacola. ­— Vocês acham que eu devo abrir?

— Se você acha que está preparado para ver o que tem aí abre, mas caso não, guarde isso e abra quando estiver pronto. — Chenle disse, brincando com seus próprios dedos. Tinha algo para contar para os amigos mas achava que aquele não era o melhor momento, então apenas permaneceu olhando a sacola do Lee.

— Então acho que não estou. — Donghyuck disse por fim, se arrastando pela cama e caminhando até o guarda roupa, guardando a sacola de papel no fundo dele e voltando a deitar no meio dos dois amigos, pegando uma mão de cada um. — O mundo é realmente pequeno, não é? Qual a probabilidade de eu namorar meu irmão?

Jaemin riu nasal: — Quase nula e você ainda conseguiu isso.

— Pelo menos você vai ter história para contar para seus filho. — Chenle argumentou, depois riu.

O telefone do coreano tocou e ele buscou ele dentro do bolso do seu moletom, atendendo o número desconhecido e perguntando quem era. A voz feminina do outro lado da linha respondeu que era Wendy e o Lee sorriu brevemente.

— Oi, Wendy, como você está? — Questionou.

— Eu quem deveria estar perguntando. Como você está? — Ela disse calma.

— Estou tentando me recuperar da surpresa ainda, na verdade. Vi Mark hoje e resolvemos nos afastar. — Ele explicou breve.

— Ele chegou em casa muito mal, perguntei o que vocês conversaram mas ele foi direto para o quarto. — Ela disse calma, parecendo triste. — Eu sinto muito por vocês dois.

— É, eu também sinto... — Ele disse e soltou uma risada triste, mexendo na sua coberta.

Ela questionou se poderia se encontrar no dia seguinte e o Lee concordou, marcando horário e local. Após desligar o telefone, explicou para os amigos do que se tratava e eles assentiram. Donghyuck então propôs de assistir algo e comerem algo, o que foi aceito pelos dois amigos, os dois que horas depois quando entardeceu, resolveram dormir ali.

Quando estavam todos prontos para dormir e em suas devidas camas, Chenle resolveu que não tinha o porquê de esconder mais aqui, então apenas soltou o que estava se segurando para falar o dia todo:

— Eu e Jisung tivemos nossa primeira vez! — Disse rápido e cobriu a cabeça, ouvindo os amigos caminharem em sua direção e subirem e seu colchão, puxando a coberta de cima de sua cabeça.

— Pode tratando de nos contar mais, Chenle! — Jaemin exigiu e ele concordou, puxando novamente a coberta para si e se cobrindo até o nariz.

𝙇𝙖 𝙇𝙖 𝙇𝙤𝙫𝙚 - 𝑀𝑎𝑟𝑘ℎ𝑦𝑢𝑐𝑘Onde histórias criam vida. Descubra agora