Do filho desamparado

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Fui até a lua por você
Me queimei ao sol por você
Me afoguei na mais gélida água do oceano por você
E quando me dei conta, você havia partido
E meus sacrifícios não valeram de nada
Fiquei nu e desamparado no fim desse mundo
E você haveria de ser como o vento, de sentir e não de ter
Mas essa fé por agora está abalada, e já não quero sentir nada
Sou o filho desprezado e enganado
E veja Pai, que aqui mesmo nesse canto escuro e apodrecido do mundo em que me deixou
Erguerei altares à falsos deuses
E de agora em diante serei o Pagão contra sua vontade
Me lavarei em sangue e pregarei falsas doutrinas
E esse rancor já não basta em mim
E ele me consome e me aprisiona,
Ele me envenena e me transforma em cinzas
E veja se não sou agora o Falso Profeta
Nascido da dor e do abandono onde o senhor me deixou

Insônia: O Canto das PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora