Me jogo nesse mar em que a vida me cerca, mas hoje não quero nadar, e de bom grado me deixo afundar nessas águas frias; quero sentir meus ossos tremerem, minha alma se contorcer, e essa dor e escuridão do fundo me abater. E quero me afogar e sentir toda o ar de meus pulmões me deixar, e a esperança por me abandonar. Quero abraçar a morte e nela me abrigar; quero nada sentir, já não quero nada falar. Quero apenas por hoje nesse fundo do mar minha alma deixar.
Mas pela manhã, quero novamente sentir em meu peito o fôlego de vida; e irei nadar para longe dessa angústia que hoje me intimida. Minha alma largarei ao vento, e flutuando sobre as ondas, sei que chegarei em terra firme em pleno contento. E o Sol há de me socorrer do peso das águas frias em minha pele, e o passado irá se evaporar, e o medo e a dor eu hei de superar, e nova criatura hei de me tornar.
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Insônia: O Canto das Poesias
Şiir'... E eis que nasci, e em mim, vertigens da alma, e o coração acelerado sem entender a peça. O espetáculo era eu, e as cortinas que então se abriram, era todo o mundo em exuberante tragédia em existir, brilhando feito água do mar diante meus olhos...