A Última Badalada

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Por todos os bancos, desalento e descrença,
À memória de José, marcado pela sentença.
Tormento!, diziam amigos, em lamento
Ao ver José partir, assim, tão cedo, sem alento.

O velório, um sobreaviso a contemplar,
Ninguém escapa do destino a nos guiar.
No relógio do juízo, às três badaladas soar,
A certeza da morte, a agonia a pairar.

Da vida, dias breves ou longos a ter,
José se foi jovem, outros podem envelhecer.
No desconhecimento, cada um sofria,
Não choravam só por José, mas por sua própria agonia.

Almas vendidas desde o início dos tempos,
À espera da morte, todos em lamentos.
Durante o velório, uma pergunta surgia,
Quem será o próximo, nesta vida vazia?

A sombra da morte, a todos a envolver,
Feições de desalento, difícil esquecer.
Cada rosto presente, refletindo a condição,
De uma vida incerta, sem previsão.

José, o defunto, símbolo de nossa sina,
Que a todos atinge, de forma repentina.
Na despedida, uma certeza se firma,
A morte nos aguarda, em sua fria neblina.

No velório de José, uma verdade se mostra,
Todos somos passageiros, a vida é breve e não nossa.
E assim, na despedida, uma reflexão,
Vivemos à espera do último sermão.

Insônia: O Canto das PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora