Descemos as escadas até a portaria, não sei por que tive uma sensação estranha, um frio tomou conta de toda a minha espinha e até senti uma leve tontura. Sabe aquela sensação de estar sendo observada? Era tipo isso, mas nem levei em conta, deve ser coisa da minha cabeça ou cansaço devido a esses dias de trabalho puxado que eu estava enfrentando. Eu queria aproveitar a noite.
Meu grande amigo estava sendo bem prestativo, fomos até o restaurante em uma conversa bem animada dentro do carro. Entramos e logo nos sentamos, enquanto a comida não chegava eu decidi ir ao banheiro, fiz o que tinha que fazer e dei de cara com uma moça com rosto familiar, um rosto que eu jamais pensei que iria rever na vida.
Era ela Ana Paula, a mocreia praiana. Decidi passar direto e fingir que não a vi, mas a coisinha petulante estava a fim de me irritar.
— Não dá mais oi Alicia?
— Cumprimento quem eu quero — ela se recostou na porta me impedindo de sair. Ela estava pedindo um belo escândalo.
— Não tão rápido. Adivinha quem veio me acompanhar nessa noite? — disse com a sobrancelha arqueada.
— Não sou vidente, cartomante ou mãe de santo para adivinhar as coisas — minha paciência já estava no último, se continuasse eu arrancaria fio por fio daquele cabelo loiro.
— Vejo que minha presença incomoda, mas então, eu vim com o Thizinho — nessa hora eu não sabia se ria ou se a espancava, juro. Thizinho? Que apelido ridículo. Senti uma raiva se acender em mim, meu estômago revirou... Quer dizer que ele se declara e aparece com ela?
— Faça bom proveito — a encarei e sai martelando na minha mente aquelas palavras.
ზ
Ana Paula
O Thiago estava sendo um verdadeiro lorde, mas eu não gosto muito dos comportadinhos, o que importava era a sua conta bancária e sua beleza. Passei a maior parte da ida ao restaurante olhando aquele belo homem, notando cada detalhe e obviamente jogando meu charme, hoje eu pesco esse peixe.
Assim que chegamos, nos sentamos em uma mesa e ficamos mais um tempinho conversando, percebi a presença de certa menina que na adolescência foi tipo uma ameaça para meu relacionamento e do Thiago (que antigamente só existia no pensamento dele, mas que hoje só existe no meu, por enquanto), jurei para mim mesma que não deixaria que ninguém atrapalhasse meu caminho.
Disse que iria ao banheiro e a segui. Vi que a mocinha não deve ter sido muito bem educada, já que iria passar direto por mim.
— Não dá mais oi Alicia?
— Cumprimento quem eu quero — recostei na porta e vi que ela continuava a mesma idiota de sempre.
— Não tão rápido. Adivinha quem veio me acompanhar nessa noite? — disse com a sobrancelha arqueada.
— Não sou vidente, cartomante ou mãe de santo pra adivinhar as coisas — odeio admitir, mas a bonequinha estava com uma língua afiada.
— Vejo que minha presença incomoda, mas então, eu vim com o Thizinho — disse com a voz mais melosa existente do mundo e percebi que ela ficou meio perturbada com isso, ponto pra mim!
— Faça bom proveito — simplesmente me encarou e saiu.
Dei alguns retoques na minha maquiagem com a certeza de que tinha plantado a sementinha da discórdia entre os dois. Sorri sozinha com esse pensamento.
ზ
Voltei para a mesa e o prato já tinha sido servido, ensaiei meu melhor sorriso a noite toda e percebi os dois estavam a apenas vinte passos da minha mesa, que vontade de os esganar ali, mas não podia. O que pensariam de mim?
O clima estava agradável, a conversa desenrolava, mas meu amigo percebeu que algo me incomodava.
— Ei, Ali? Está tudo bem?
— Tudo, por quê? — me fiz de sonsa, a cara de boba é para o meu uso!
— Nada, percebi que anda olhando muito pra outra mesa. Conhece alguém de lá? Aliás, o cara estava me olhando com cara de poucos amigos — rimos juntos.
— Não conheço não, acho que estão nos olhando porque somos lindos! — nessa hora meu amigo quase se engasga com sua bebida enquanto ria da minha pequena gracinha.
Continuamos nossa noite na mais pura paz, mesmo com as olhadas que eu dava e recebia dos nossos vizinhos.
ზ
Thiago Santos
Aninha estava querendo mesmo causar, a todo o momento me jogava indiretas e posso dizer que estava até gostando, porque não me deixar levar? Mas, mesmo assim quem sempre domina meus pensamentos é a minha pequena Ali. Sei que eu estou sendo um babaca de não ir atrás dela depois do que conversamos, mas não sei por que estou tendo uma sensação estranha.
Chegamos e percebi um rosto conhecido, mas nem me dei conta, Aninha foi ao banheiro e fez questão de se insinuar mais e mais. A ficha caiu e percebi que a Ali estava com o Rúben bem na minha cara.
Fiquei possesso e o encarei com a cara mais fechada possível, estava completamente revoltado. O que mais me irritava eram os sorrisinhos dela para ele, e a Ana Paula também não ajudou, estava cansado dos seus joguinhos de sedução.
Bebi alguns drinks para ver se isso fazia a raiva acabar, mas não funcionou. Me encontrei completamente perdido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ALÉM DO QUE SE VÊ
RomanceQual seria o poder de uma simples frase? O que meras palavras poderiam mudar em sua vida? Alicia Moreira, uma menina cheia de sonhos e planos passa por diversas confusões e por terríveis situações durante a sua trajetória e aprende a lidar com os pr...