Prólogo.

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Quando criança, amava brincar e fantasiar. Meus amigos imaginavam ser piratas, animais, uma família, astros de cinema... E eu brincava somente com uma coisa: uma caixa. Porém, aquela simples caixa de madeira, me levava para outro mundo!

Antigamente, brincava com minha irmã, Luana. Ela me dizia que a caixa era mágica. E qualquer coisa que pudéssemos imaginar, sairia dela.

Ficamos por anos brincando com aquela caixa.

*

- A Valentina me humilhou na frente de todo mundo! - Luana contou-me entre lágrimas.

Estávamos deitadas de bruços em nossa cabaninha. Olhei para a caixa e fechei os olhos. Quando abri os olhos, simulei pegar algo de dentro da caixa e a entreguei.

- O que é isso? - ela fungou.

- Imaginei um lenço para você - sorri.

- Obrigada - falou rouca e sorriu. Em seguida, fingiu enxugar seus olhos cor de mel, assim como os meus.

Nós duas sorrimos uma para a outra.

Um dia minha irmã entrou no quarto sem entender nada, me vendo rodopiar. E então viu a nossa caixa no chão.

- O que está fazendo, doida? - ela riu.

- Estou dançando com um príncipe encantado que imaginei - sorri enquanto dançava - Ele dança muito bem! E é muito romântico e lindo!

- E como ele é? - ela perguntou.

-Ele é perfeito! Tem olhos azuis e cabelo loiro! E tem um sorriso com dentes branquinhos!

-Já consigo imaginar! - falou animada - Ele é muito lindo mesmo!

Continuei dançando com o príncipe da minha imaginação. Como se estivesse em um sonho!

*

Passaram-se alguns anos. Eu tinha 10 anos e a Luana 11. Nessa época, ela não acreditava mais no Papai Noel, na Fada do Dente, nem no Coelho da Páscoa e nem em magia.

-Você tem que entender que tudo isso não passa de uma mentira! Você tem idade o suficiente para saber que isso não passa de uma brincadeira! Nada daquela caixa era real! - Ela gritou.

-Não! É real, sim! Eu vi! Como pode ser mentira?!?

-Tudo o que você viu é da sua cabeça, Letícia! Era tudo da nossa imaginação!

-Não é verdade! - falei entre lágrimas.

-É, sim! - falou, triste.

Saí da sala chorando para o quarto.

Luana não brincou mais comigo, e durante alguns meses brinquei sozinha. Mas na maioria das vezes, imaginava um amigo ou uma amiga para me fazer companhia nas minhas aventuras imaginárias ou simplesmente para conversar sobre os meus problemas de criança.

Com o tempo, me senti uma boba imaginando companhia, sendo que não havia ninguém no quarto, além de mim mesma. E isso me fez sentir solitária.
Até que um dia deixei de brincar.

Meses depois, achei a caixa de madeira sem graça jogada na bagunça da garagem. Então pensei, "Por que não?".

Fui para o meu quarto, peguei umas tintas na minha gaveta de material escolar.

Sentei na minha mesa de estudos e a forrei com jornal. Pintei a caixa de branco, desenhei flores roxas e algumas folhas. E ficou muito bonito! Sabia que meu talento para desenhar valia mais alguma coisa além de sempre tirar 10 nas provas de artes.

Nem parecia que duas crianças brincavam de imaginar que coisas saiam daquela caixa há 4 anos atrás.

Depois escrevi no papel detalhadamente todas as vezes que me lembrava de quando imaginávamos que saia algo da caixa. Coloquei todas essas lembranças e mais algumas cartas que recebia no Natal, dentro dela.

E adorei a ideia de guardar algumas recordações, já que sou uma pessoa muito esquecida.

Por incrível que pareça, a Luana nem reconheceu a caixa. Não queria mais tocar no assunto com ela. Não sei por quê, mas acho que isso a deixa triste. Será por causa do papai?

Fiquei realmente muito triste por algo tão marcante na minha vida, ter ficado no passado. Então, pensei que poderia levar o passado comigo, guardando coisas importantes naquela caixa.

E anos se passaram. Minha caixa guardou muitas coisas boas da minha vida. E sabia, que um dia leria todas aquelas lembranças.

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Eu Só Queria um Conto de Fadas [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora