Capítulo 21 - O reencontro.

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Quando ele disse "oi, querida", arregalei os olhos. Meu coração quase saiu pela boca. Não podia ser ele.

- Não acredito - murmurei, dando um passo para trás - Não pode ser você.

- Poxa, mas eu vim até aqui e continua duvidando de quem sou?

Fiquei em silêncio.

- Tudo bem - ele corrigiu a postura - Você deve ter suas dúvidas, pois você nem deve se lembrar do meu rosto, não é? - assenti, intrigada - Mas tenho uma coisa que talvez você não duvide mais de mim - ele tirou uma foto do bolso - Pra você.

Conhecia aquela foto muito bem. Eu e a Luana minúsculas fantasiadas de joaninha e abelhinha. Minha mãe têm uma igual no seu álbum de fotos.

- Como você tem essa foto?

- Como eu poderia deixar vocês sem levar nenhuma lembrança?! - aquilo me irritou. Então ele tinha consciência de que deixou nós três! Ele tinha decidido isso antes de sair de casa!

- Por que você foi embora? - perguntei com a voz embargada - Como você teve coragem de voltar?!

- Não planejei isso, filha - Filha. Era a primeira vez que ele me chamara assim depois de anos - Quando fui para Anedley, meu avião caiu.

- Isso não justifica! - respondi com rispidez - Você não morreu! Poderia muito bem ter voltado depois desse seu tal "acidente". Mas você não voltou!

- Sofri muito com esse acidente, Le - ele passou a mão na testa - Até perdi a memória. Fiquei anos morando em Anedley e tentando me lembrar de coisas e só depois de quase 2 anos de tratamento, consegui me lembrar de poucas coisas. E uma delas foi você - ele sorriu pra mim, fazendo-me arquear as sobrancelhas - Não conseguia parar de pensar em você por um minuto sequer. No início, nem lembrava de quem você era, mas sabia que era uma pessoa muito importante. Então me lembrei da sua mãe e da Luana, foi aí que percebi que vocês eram a minha família. Mas eu não sabia onde vocês estavam... Resumindo: passei anos tentando encontrar vocês.

Prestei atenção em cada palavra que ele dizia. Não queria acreditar naquilo. Passei anos acreditando que ele iria voltar em duas semanas - que foi o tempo que minha mãe dissera que duraria sua viajem - mas isso não aconteceu.

Enquanto minha mãe e a Luana tinham um profundo ódio dele, sempre dizia para elas: "Calma, a viagem dele não deve ter acabado", mas elas sabiam que nada daquilo era verdade. Só eu queria acreditar nisso. Porém com o tempo, percebi que ele não ia voltar. Foi a maior decepção de toda a minha vida. Senti ódio dele. Ele não tinha o direito de partir meu coração!

Ele tinha me dado todo o amor do mundo e um dia resolveu colocar uma parte do meu coração em sua mala e partir. Nem me lembrava mais de seu rosto. Todos os dias, abria minha caixinha de música - que ele mesmo tinha me dado - e pedia para Deus que aquela viagem acabasse o mais rápido possível. Mas aquela "viagem" só tinha acabado naquele dia. E agora estávamos frente a frente.

Depois de ter todas aquelas lembranças de esperança e sofrimento, lágrimas escaparam dos meus olhos e não consegui segurar o choro. Ele achando que eu estava emocionada com o acontecido, me abraçou.

Enquanto ele me abraçava, pensei que ia sentir uma sensação boa, me lembrar do cheiro dele ou ter algum déjà-vu, mas nada disso aconteceu. Era como se eu estivesse abraçando um estranho.

- Só preciso que você me ajude em uma coisa - ele se afastou e olhou para o meu rosto - Acho melhor sua mãe e a Luana não saberem da minha volta ainda. Quero fazer uma surpresa.

- Acho que elas não vão querer essa surpresa.

- Por que?

- A Luana ia jogar um sapato em você, se aparecesse do nada. E a minha mãe está namorando.

Eu Só Queria um Conto de Fadas [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora