Capítulo 5

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"Hoje eu tive medo de acordar de um sonho lindo
Garantir, reter, guardar essa esperança
Ando em paraísos, descaminhos, precipícios
Ao seu lado eu vejo que ainda sou uma criança."

Jorge Vercillo – Sensível Demais

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A respiração dela era ofegante, e alguns segundos depois de terem se separado, algo fez Maria voltar a si, e então lembrar-se o quanto odiava Estêvão.

— Você ficou louco! – Gritou pegando um roupão e vestindo-se. – Como teve a audácia de fazer isso?

— Eu? Audacioso? Você gostou Maria, gostou não, você adorou o beijo!

— Não seja presunçoso!

— Eu não estou sendo presunçoso, em nenhum momento você se opôs. – Ele disse rindo, gostando da situação.

— É que você me deixa maluca! Argh, como eu te odeio Estêvão San Roman! Você é louco, acaso se esqueceu que eu sou casada?

— Ah Maria, não se faça de boa moça. Eu sei muito bem do seu caso extraconjugal, não seria a primeira vez que você trai seu esposo. – Acusou sem a menor piedade.

— Você é patético. – Riu balançando a cabeça de um lado ao outro. – Agora sai e me deixa em paz! Já teve o que queria não é? Agora vê se me esquece! – Ela gritava, mas não muito alto para que os funcionários não a escutasse.

— Ok, eu vou, mas uma última coisa: – ele se aproximou um pouco mais dela e segurou seu queixo com doçura, e a olhou pícaro – amei ter matado a saudade dessa forma. – Ele sorriu travesso.

— Sai!

Maria pegou uma roupa qualquer que estava jogada pelo chão para atirando nele, e antes que o acertasse, ele saiu rindo vitorioso.

...

Maria ainda ficou no cômodo por alguns minutos tentando entender o que se passara ali.

Sua mente estava atordoada, a única coisa que não esperava era ser beijada, não por aquele homem, o homem a qual entregara a si por inteiro, mas o mesmo tomara tudo de si. Maria sentia-se a própria fraqueza, desprezava a si mesmo por não ter sido tão forte e acabara sucumbindo à vontade de estar nos braços desse mesmo homem. Mas seria a última vez, jurara para si.

Contara até cem antes de voltar aos seus afazeres, não podia dar pinta e iniciar um burburio, afinal, a última coisa que precisaria era ter seu nome metido em fofocas.

— Minha deusa master! – Jacques se encontrou com Maria no caminho de sua sala, piruetando como sempre, segurou-a pelo braço, rodopiando-a. Maria ria.

— Jacques, faz um favor pra mim?

— Não só um, como dois, ou melhor, todos os que você quiser! – Ele ofereceu o braço e ela de pronto aceitou.

— Leva um copo d'água e dois analgésicos pra mim, na minha sala? Estou com uma dor de cabeça infernal.

— Claro, minha diva, em menos de cinco minutos eu apareço lá.

Maria seguiu sozinha para sua sala enquanto aguardava por Jacques, que por sua vez, cumprira o que havia dito e trouxara com rapidez o que Maria lhe pedira.

— Obrigada Jacques. – Num movimento só, ela enfiou os dois comprimidos na boca e os engoliu com a ajuda da água.

— Posso saber o motivo dessa dor de cabeça? Sim, porque há pouco menos de uma hora você estava muito bem. – Ele coçava seu queixo com os olhos semicerrados.

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