Capítulo 3

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"Será que naquela noite a luz da lua era tua

E agora preciso dessa luz para minha noite escura.

Ainda não te esqueci, mas tento

Ainda sinto frio quando escuto tua voz

E como fazer pra te arrancar depois de te beijar

E de fazer tantas vezes, mas tantas vezes, o amor com você

Ainda não te esqueci, ainda não, mas te esquecerei."

Río Roma – Todavía No Te Olvido

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No mesmo instante, o coração de Maria disparou. Não podia acreditar que via aquela pessoa que há anos destruira sua vida. Tinha vontade de sair correndo, gritando e pegar o primeiro vôo, não para os Estados Unidos, mas para outro planeta. Tudo o que mais queria era que a imagem daquele ser a sua frente fosse uma miragem, uma ilusão, mas não, era realmente Estêvão San Roman, em carne, osso, e muito charme, não podia negar.

Uma respirada com calma bastou para que a mulher com classe viesse à tona, pois, mais que nunca, precisaria dela, não era hora de vacilar, não ia expor seu passado negro na frente das filhas. Por mais que soubesse de toda a história, Cláudio não sabia quem eram os protagonistas da humilhação que a esposa passou, Maria fez questão de não dar nomes, Cláudio, contudo, respeitara.

Fabíola, que não estava presente quando eles apareceram, chegara até onde estavam às visitas, e seus olhos quase saltaram quando avistaram a figura a sua frente.

— Maria?! – Fabíola se aproximou ainda mais para ter certeza que a pessoa que estava a sua frente era quem pensava ser.

— Espera aí, vocês se conhecem? – Cláudio perguntou olhando para os três, meio perdido.

— Hum – Maria, nervosa, e um pouco trêmula, procurou as melhores palavras para dizer, de modo que não se atrapalhasse nelas – Estêvão é um colega da época da escola, e Fabíola – olhou o marido – é minha irmã.

— Ah Fabíola, mil desculpas! – Fitou a cunhada, e segurou as mãos da mesma. – É que nos vimos poucas vezes, e você mudou tanto, eu não te reconheci.

— Tudo bem, afinal, são mais de vinte anos, não é. – Riu, e olhou para as gêmeas. – Essas só podem ser minhas sobrinhas.

— Eu sou a Giovana.

— E eu sou a Juliana.

As meninas se apresentaram com um sorriso cordial.

— Maria, como você consegue discernir quem é quem? Elas são idênticas! – Exclamou deslumbrada.

— Somos muito parecidas, mas só fisicamente, porque Juliana e eu não nos parecemos em nada. – Giovana adiantou.

— Sim, e eu fico muito feliz por isso. – Juliana acrescentou.

As meninas se olharam com aversão, algo bem normal entre elas, mas logo o pai as olhou, e elas entenderam o recado.

— Bom, o jantar já está na mesa, vamos?

Fabíola os convocou assim que a empregada lhe avisou.

Maria e Estêvão ficaram a maior parte do tempo calados, apenas se encaravam discretamente. O marido e as filhas em momento algum desconfiaram que houvesse algo mais entre ambos, e Fabíola os observava de forma imperceptível, pois sabia o que Maria significara para Estêvão, mesmo depois da canalisse que o mesmo cometera.

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