Capítulo 2

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Boas meninas também se divertem


Mon Cher Journal,

Eu nunca tinha discutido com a baronesa-mãe antes.

Não sei o que aconteceu comigo.

Será que foi o sol batendo na minha cabeça por horas? Fome e tontura? A luxúria fervente que foi imediatamente extinta com a sua chegada repentina?

Fosse o que fosse, tenho que admitir que gostei. Houve uma emoção inesperada em tomar uma posição oposta a ela e manter a minha posição firme.

Ela não me queria na sala de jantar com minha roupa suja e então fizemos um acordo. Comi uma maçã na banheira – me sentindo tal qual Jane da Selva – enquanto Martha me restaurava daquela condição primitiva.

Minha rebelião foi tão inesperada para ela quanto foi para mim mesma e quando ela me rebocou de volta para a casa, ela me disse que se eu não fosse novamente a dama que meu marido havia casado, ela seria obrigada a informá-lo do que eu tinha feito, e que ela tinha certeza de que Joseph poria um fim nisso.

Estou decidida a trabalhar no jardim e passar tanto tempo com Salvatore quanto puder, entre agora e a chegada do barão e seus convidados, a quem serei obrigada a distrair como uma boa esposa.

Mas eu também espero que eles fiquem por um tempo, já que será uma boa mudança dos meus dias solitários.

Quando Joseph não está, eu me sinto mais como a garota que chegou aqui com estrelas nos olhos, iludida pelo que eu pensava que meu casamento e o marido seriam. Eu sinto que posso respirar sem os limites de uma vida tão horrível e um decoro antiquado pairando sobre minha cabeça.

Se minha sogra não morasse conosco, posso imaginar em quais travessuras eu me meteria. Afinal, eu já tinha feito l'amour com meu jardineiro lindo – ou melhor, com o lindo jardineiro do meu marido. Ah, as possibilidades seriam infinitas.

Com um suspiro, eu puxei meu robe para mais perto do meu corpo, observando enquanto Martha vasculhava meu armário sempre crescente para encontrar o vestido perfeito para eu usar pelo resto do dia.

Eu queria dizer a ela que não importava. Não havia ninguém que eu quisesse impressionar – a não ser Salvatore – ninguém diante de quem eu desejasse estar e ver o olhar de apreciação em seus olhos.

— Pode escolher qualquer um, Martha — retruquei, incapaz de assistir por mais tempo. Mas eu imediatamente me arrependi. Sei que ela é os olhos e ouvidos da minha sogra, mesmo que ela sempre tenha me tratado como se fosse minha babá. — As amigas da baronesa-mãe já devem ter chegado para o chá.

Martha olhou para mim e sorriu gentilmente. — Sim, milady, já estão no salão de chá. E parece que o barão também chegou.

Eu me afastei da empregada com desgosto – embora não estivesse chateada com ela, mas com a minha situação – e atravessei o quarto até a janela que dava para o jardim no qual eu vinha trabalhando tanto, vendo de longe o carro esporte empoeirado de Joseph.

Ah. Embora eu não quisesse suportar o toque de Joseph, poderia ser uma oportunidade que eu não poderia deixar passar.

Eu imploraria ao meu marido que me permitisse continuar meu trabalho com Salvatore, talvez trouxesse algumas lágrimas aos meus olhos para que ele se sentisse desconfortável e pedisse à mãe que me deixasse em paz. Mesmo que Joseph e eu não tenhamos nada em comum, além das três vezes que ele visita minha cama todos os dias durante meu período fértil, ele é gentil e cuidadoso e não suporta minhas lágrimas.

Do Diário da Baronesa 2Onde histórias criam vida. Descubra agora