Capítulo 7

310 21 0
                                    

Na terça-feira à tarde, enquanto eu e o Salvatore conversávamos, inventei que queria uma cascata no meu jardim e disse-lhe que queria que caísse como se a piscina estivesse a escoar-se e a fugir.

Mas Salvatore me convenceu a ter um lago e me explicou que seria muito mais apropriado, pois já tinha uma piscina do lado de fora da minha janela. Ele me disse que teria os desenhos no dia seguinte, que é hoje.

Mas Joseph estava em casa e eu tive que lhe dar atenção. Non, não foi tão ruim assim.

Agora, sentei-me à mesa da sala de jantar, observando enquanto Joseph terminava o último pedaço de sua torta. Se eu não souber mais nada sobre o meu marido, sei que ele ama doces, tanto que sempre pede algo no final de suas refeições à noite. Maçã, nozes, coco, isso não importa. Ele gosta de todos os tipos de torta.

— Como foi a sua viagem? — perguntei, sabendo que ele gosta que eu espere até que ele termine de comer. Honestamente, aprendi seus hábitos sutis durante nosso casamento e embora eu o esteja traindo, não significa que eu não deseje fazê-lo feliz também.

Ele limpou a boca antes de olhar para mim, surpreso com a minha pergunta. — Tudo bem. Por que você pergunta?

Respondi com um pequeno encolher de ombros, meus dedos brincando com a borda da minha taça de vinho. Esta noite era uma raridade: a baronesa-mãe não estava se sentindo bem e tinha feito sua refeição em seu quarto, deixando-nos a sós. Sem sua incessante conversa, o momento era tranquilo, de paz, quase feliz. — Só curiosa em saber se você foi bem-sucedido ou não.

Ele me deu um aceno de cabeça lento enquanto o empregado retirava os pratos, trazendo seu habitual copo de conhaque. — Fui bem-sucedido, sim. Espero que você não tenha se entediado muito enquanto estive fora.

Eu ri. Se Joseph soubesse o que eu estava fazendo enquanto ele estava fora! — Claro que não.

Ele limpou a garganta, olhou ao redor da sala de jantar ricamente decorada. — Você... Você gostaria de me mostrar o seu jardim?

Sentei-me reta na cadeira, surpresa com o pedido dele. Ele nunca me pediu nada parecido. Nunca se interessou realmente pelo que eu fazia. — Claro. Seria um prazer.

Ele se levantou e me ajudou a sair da cadeira, e colocou minha mão em seu braço. A noite estava quente apesar do sol já ter se posto horas atrás.

— Você tem estado muito ocupada ultimamente — declarou Joseph, enquanto vagávamos pelo jardim, seus olhos examinando cada detalhe. — Está muito bonito, Chloé.

— Obrigada, Joseph — eu murmurei, sentindo-me um pouco culpada em aceitar o elogio. Este jardim significa muito mais do que apenas uma paixão minha. É a paixão que está dentro de mim, paixão que encontrei com outro homem.

Joseph soltou um suspiro e eu percebi que ele estava preocupado com alguma coisa.

— Está tudo bem? — perguntei hesitante, não sabendo o que fazer sobre... Essa gentileza entre nós.

Ele franziu os lábios. — Nós teremos visitantes amanhã ou depois. Espero que você não se incomode.

— Claro que não — disse. — Posso perguntar quem é?

Ele soltou meu braço então, uma sombra cruzando seu rosto. — Meu parceiro de negócios e sua esposa estarão nos visitando por alguns dias, talvez uma semana. Acredito que podemos acomodá-los bem.

— Claro. Será um prazer.

De uma maneira antiquada, ele fez uma pequena reverência, algo que não fazia há algum tempo. — Deixo você com o seu jardim então. Boa noite.

Pelo jeito, não terá visita ao meu quarto esta noite.

Apertei meus lábios observando-o se afastar, imaginando se haveria algum momento em que eu entenderia aquele homem.

Do Diário da Baronesa 2Onde histórias criam vida. Descubra agora