Nossos convidados saíram hoje de manhã e o barão também partiu. Embora tenha sido bom ter uma mudança de ritmo na mansão e ter outros com quem conversar, fiquei mais entediada do que eu imaginava, e minha vontade de estar com Salvatore estava se tornando insuportável.
O cheiro doce, quase doentio, de flores, cortou o cheiro suave da grama orvalhada da manhã enquanto eu corria para a estufa hoje de manhã.
Salvatore estava trabalhando, podando um delicado crisântemo com suas tesouras, com uma carranca profunda em seu rosto.
Parei para admirá-lo. Esse homem bonito e robusto me deu muita felicidade no ano passado. Esse homem é incrível.
Cada semana que temos para nós mesmos – dez dias, melhor dizendo – quando o barão está viajando, chega a ser mais intensa do que a anterior, já que nós dois sabemos a natureza limitada de nossa capacidade de estar juntos por longas horas.
No entanto, não há nada mais intenso do que o sexo – a foda – a que Salvatore submete meu corpo quando ele sabe que o barão deve chegar no dia seguinte.
Nesses dias, Salvatore é agressivo – se eu não o conhecesse bem, eu diria que ele estaria sendo insensível – mas conhecendo-o como eu faço agora, posso dizer que ele faz isso porque quer que eu me lembre dele e a quem eu pertenço quando eu estiver sob o barão.
Eu esperava que nossa união hoje fosse similar àqueles dias, mas desta vez por causa da nossa separação. Pensei que o nosso reencontro seria apaixonado demais. Certamente ele estava sentindo minha falta tanto quanto eu sentira a dele. Mas não foi assim que as coisas aconteceram. Minhas expectativas não foram frustradas. Pior, meus sonhos foram destruídos e não sei onde encontrarei nova felicidade depois de tudo o que se desenrolou esta semana.
Deixe-me contar um pouco mais em detalhes.
Eu calmamente assisti Salvatore cortando a planta jovem, permitindo a minha excitação e antecipação se construir. Ele não sabia que eu estava atrás dele e tive prazer em admirá-lo em seu estado natural.
Mas não pude me torturar por muito tempo. Fazia dias desde que eu o vira e o desejava loucamente.
— Com licença, senhor.
Ele se virou, surpreso por alguém ter vindo atrás dele sem ele perceber. Pensei que ele sorriria quando descobrisse que era eu, mas não aconteceu.
Com um olhar sério, mas simples em seu rosto, ele se aproximou de mim, colocou os braços a minha volta e me puxou para ele sem uma palavra. Eu não me lembro de Salvatore ter me abraçado dessa maneira antes. Era incomum, mas bom. Ele não estava sendo ele mesmo, nem estava respondendo como eu esperava.
Ele me soltou do abraço e olhou para mim por alguns segundos. Eu estava prestes a contar-lhe do meu plano para ele me engravidar, mas quando abri a boca para falar, sua boca estava lá, me beijando. Isso parecia mais com o meu Salvatore, mas ele não deslizou as mãos pelas minhas costas até a minha bunda. Ele não acariciou meus seios. Ele apenas me segurou e me beijou.
Eu definitivamente poderia ter o bebê desse homem. Se ao menos houvesse uma maneira de casar com ele, pensei de maneira tola.
Depois que ele me beijou de modo longo e intenso, parou de repente e disse: — Vou sentir sua falta.
— Não, você não vai. Eles foram embora. Todos eles. É a nossa hora agora — disse, sem perceber que ele não havia dito que tinha sentido minha falta. Ele disse que iria senti-la.
— Esse é o problema. Não temos mais tempo. Eu devo ir, Cara.
Um punho de gelo se apertou ao redor do meu coração e de repente eu não consegui respirar. Meus olhos imediatamente começaram a lacrimejar. Eu ainda não entendia o que ele estava dizendo, mas podia sentir tudo uma vez; meu mundo desmoronando, minha alegria partindo e meu jardim dourado ficando preto e azedando.
Minha respiração voltou de supetão e eu disse a única palavra que pude — Non!
Ele estendeu a mão para mim e eu recuei.
— Meu amor... Por favor.
— Non! Não me chame assim e me atormente ao mesmo tempo. Você não pode me deixar! — gritei desesperada.
Ele caminhou até uma pilha de sacos de fertilizante e sentou-se sobre eles, olhando para o chão.
— Sinto muito, mas devo. Você quer ouvir por que, ou quer gritar comigo um pouco mais?
Eu caí no chão com o peso de sua rejeição, era muito para suportar.
— Por quê? — Choraminguei. — Como? Como você pode me deixar, Salvatore? Eu te amo. E eu sei que você também me ama, mesmo que você não diga ou admita.
— Amor ou não amor, não importa. Eu perdi um dia de trabalho na semana passada.
— Eu sei. Vim procurá-lo.
— Mio padre teve um ataque cardíaco. Eu fiquei no hospital naquele dia.
Comecei a desejar melhoras para o pai dele, mas ele me calou.
— O médico disse que ele estava bem. Que eu poderia voltar ao trabalho e visita-lo na minha próxima folga. Tudo estava bem.
— Que bom...
— Shh. Me deixe terminar. Ele morreu ontem à noite. La mia madre deseja voltar a Itália, e eu devo levá-la. — Ele respirou fundo e olhou para mim. — Agora você pode falar.
— Salvatore! — Eu me arrastei até ele e me apertei entre suas pernas. — Sinto muito pelo seu pai. E eu entendo que você precisa levar sua mãe para casa, mas você vai voltar, não vai?
Ele nunca respondeu a minha pergunta. Ele nunca disse outra palavra para mim naquela estufa estúpida e sufocante.
Ele se inclinou e me beijou de leve com uma mão gentilmente segurando a parte de trás da minha cabeça. Não sei se foram as minhas lágrimas ou as dele que provei quando ele interrompeu o beijo, levantou-se e foi embora.
Para nunca mais voltar.
Eu corri de volta para a mansão, com lágrimas caindo...
Quando entrei no meu quarto, encontrei um buquê de rosas brancas e um cartão de Joseph, agradecendo-me por ser uma anfitriã gentil e dizendo que ele estaria ausente em Paris por um bom tempo. Ah, a cruel ironia. Tanto tempo que tenho agora, livre para estar com Salvatore. Mas ele também me deixou.
Abri as portas francesas do meu quarto e joguei longe as flores junto com o vaso de cristal.
As flores se espalharam pela grama, como a minha alma, e no vento veio uma advertência: o toque frio do inverno está chegando.
Me sinto uma folha que o vento frio sopra, quando na verdade preciso ser mais uma árvore com raízes profundas, aterrada e enraizada no amor.
Mas como posso fazer isso, se moro nessa prisão dourada?
A queda de temperatura neste lugar abandonado vai congelar meu coração sem o riso e o corpo de Salvatore para aquecê-lo.
Meu marido homossexual está fora e não vai me incomodar por algum tempo, mas não sinto nenhum alívio nessa boa notícia. O amor e a luz se foram da minha vida e tudo o que tenho agora pela frente é a baronesa-mãe e suas amigas. Esse pensamento é muito deprimente.
Vou chamar minha empregada e fazer com que ela me traga uma garrafa de vinho na qual eu vou afogar minhas mágoas e lembrar quão bom meu Salvatore foi para mim enquanto durou.
Nunca haverá outro como ele.
Nunca.
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Do Diário da Baronesa 2
RomanceLady Chloé descobriu que, no Solar Beardley, flertes inocentes podem se transformar em escapadas sexuais eróticas. Mas ela ainda precisa descobrir por que seu marido precisa de um herdeiro tão desesperadamente. E, é claro, ela quer mais do que um en...