Capítulo 12

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No inverno, meu jardim esteve feio. A chuva chegou e o sol da primavera também, mas claro que quase nada cresceu ainda, nem mesmo as ervas daninhas.

Então eu não estava muito feliz quando entrei no salon esta manhã.

— Ah, Lady Beardley, bonjour — disse Monsieur Lambert, o pintor, seus olhos astutos me observando enquanto eu atravessava a sala.

Entrei na sala, inclinando minha cabeça graciosamente em direção ao homem leonino com um bigode impressionante.

Desejei que pudéssemos fazer isso outro dia, mas ele disse ao barão, que por sua vez me disse, que ele estava pronto para começar. Eu não estava ansiosa para posar por horas só para que o meu retrato pudesse se juntar às outras Lady Beardleys no longo corredor, coletando poeira.

Se a sua conversa animada era uma indicação de suas habilidades, eu estava preocupada como seria o meu retrato. Eu adorava falar com ele, especialmente porque o fazíamos em francês, mas o homem ria muito. Embora eu não possa reclamar disso, eu não estava ansiosa para me ver transformada em uma caricatura.

Ele era surpreendentemente bonito, com cabelos longos caindo sobre os ombros. Com olhos azuis impressionantes, luminosos, sobre uma pele morena, seu rosto atraía imediatamente a atenção.

E eu me vi prendendo a respiração enquanto ele se curvava sobre a minha mão, um brilho de riso refletindo em seus olhos.

— O que você gostaria que eu fizesse, monsieur? — Perguntei.

Ele andou ao meu redor por um momento antes de parar na minha frente. — O que você gostaria de fazer, madame?

Eu arqueei uma sobrancelha, surpresa. Pensei que ele tivesse recebido ordens do barão de como eu posaria. — Perdão?

Ele deu uma risadinha. — Você é uma mulher inteligente e bonita. Certamente você gostaria de escolher como sua pintura vai parecer.

Eu gostei de seus elogios. — Je vous remercie. É muito gentil de sua parte dizer isso.

Je vous en prie — ele respondeu. — Devo dar algumas sugestões?

Assentindo, observei enquanto ele me olhava com aqueles lindos olhos azul-claros. — Primeiramente, você está, digamos, muito rígida. Vamos dançar um pouco para te soltar, madame?

Eu ri. Isso estava longe do que eu pensava que aconteceria hoje. — Se você quiser, monsieur.

Ele começou a cantarolar uma melodia animada enquanto girava em círculos, agarrando meu braço e me fazendo girar também. Eu inclinei minha cabeça para trás e ri enquanto nós combinávamos nossos passos.

Quase esqueci o quanto gosto de dançar.

Finalmente, ele parou, respirando pesadamente. — Você dança divinamente, madame.

— Obrigada — disse, sem fôlego. — Estou pronta para ser pintada agora?

Ele balançou a cabeça, seus dedos chegando até tocar minha bochecha. — Tão bonita. Uma pena que você esteja presa nessa mansão como uma flor de estufa.

Eu dei-lhe um sorriso. Havia dias em que não me sentia tão presa, mas livre, livre para ser eu mesma e aproveitar esta vida que me foi dada, mas sem Salvatore, fiquei um pouco triste, sim. Mas eu não lhe contei nada disso.

— Tenho uma casa maravilhosa, roupas de luxo, e não preciso de nada.

Exceto o carinho do meu marido. E o amor do meu ex-amante.

Do Diário da Baronesa 2Onde histórias criam vida. Descubra agora