- Você é um garotinho muito levado.
Sehun não conseguia evitar o pequeno sorriso em seus lábios enquanto acariciava os pelos de seu cachorro.
- Colin? - repetiu o nome que Mi So dera à ele, zombando. - De onde ela tirou esse nome ridículo.
A lembrança dos olhos arregalados dela quando o viu o fizeram sorrir ainda mais. Ela ainda mais linda. De que forma isso era possível? Ele não sabia. Tudo o que ele queria ter feito era abraçá-la e nunca mais deixar ela sair de perto dele de novo. Ao invés disso, ficou parado observando-a sair quase correndo.
Quando ele deixou Apolo preso na grade da sorveteria, jamais imaginou que a coleira se soltaria e que ele acabaria na casa de Mi So. Tanto que procurou por todos os lugares possíveis, ligou para todas as pessoas que conhecia e nenhum deles soubera nada sobre o cão. Parecia obra do destino que ele tivesse ido parar na casa da mulher que passara o dia todo rondando os pensamentos de Sehun.
Ele não sabia exatamente o motivo de ter pensado tanto nela. Talvez fosse apenas saudade, ou talvez tivesse algo a ver com o fato de que o Natal estava se aproximando, e seria a primeira vez que passaria o feriado sem ela em muito tempo.
Distraído, Sehun não percebeu quando Apolo saiu de seu colo para recepcionar os visitantes que invadiam sua casa.
- Ei cara, - Jongdae o cumprimentou. - que cara é essa?
Sehun revirou os olhos e olhou para o trio parado na porta de seu apartamento com sacolas de comida e bebida.
- Vocês não sabem ligar e informar que estão vindo? - perguntou mal humorado. - Ou então, quem sabe, tocar o interfone ou bater na porta?
- Parece que o mosquitinho do mal humor passou por aqui. - Jongin disse rindo e se jogando no sofá ao lado de Sehun, passando o braço ao redor dos ombros do amigo. - Viemos porque achamos que você precisaria de um ombro amigo. Já consolamos Minseok antes de virmos para cá.
Sehun arregalou os olhos em direção ao Kim, que apenas deu de ombros. Ele não culpava o hacker por ainda ser apaixonado pela promotora, ele mesmo ainda caia de joelhos por ela. Mas também não podia dizer que gostava da ideia.
- Como souberam? - a curiosidade falou mais alto do que a vontade de fazer algum comentário sobre isso.
Jongdae virou o rosto, e isso bastou para que Sehun entendesse. Min-ah.
- O que ela disse? - cochichou para Jongin.
- Eu não li a mensagem. Ele não deixou. - o Kim respondeu, dando uma golada na cerveja. - O que sei é que ela disse que vocês tiveram um encontro hoje.
"Garota fofoqueira e enxerida" Sehun pensou.
O cheiro de frango frito e macarrão apimentado encheu o apartamento, e logo o convite de Xiumin foi atendido e todos eles se sentaram na pequena mesa da cozinha. Fazia algum tempo que não se sentavam todos juntos para conversar qualquer coisa que não fosse sobre missões e prisões e crimes.
Era engraçado que, depois de tanto tempo, eles continuavam a mesma coisa. Exceto, talvez, por Xiumin, que ficava sempre mais retraído quando estavam juntos, mesmo tendo sido aceito completamente no "squad" como gostava Jongin de chamar.
- Sook vai passar o Natal com Chanyeol na casa dele. - Jongdae informou. - Acho que ela vai morar com ele no fim das contas.
- Deve ser horrível para ela sair pelas ruas onde viveu tantas coisas com Dong-sun, sem ter ele do lado. - Sehun comentou, sem se dar conta do que dizia.
Os outros três o encararam e ele sentiu como se estivesse vestindo a fantasia mais ridícula do mundo.
- O que foi?
Foi Minseok que respondeu.
- Você ainda ama ela.
Não precisava ser um gênio para saber do que ele estava falando. A quem ele se referia.
- Nunca neguei isso. - Sehun deu de ombros, sentindo-se extremamente cansado de repente. - Mas nós não terminamos de um jeito legal.
- Por sua culpa. - a voz de Jongin saiu abafada por conta da garrafa que estava presa em meio aos seus lábios, e Sehun lançou um olhar feroz para o amigo, que apenas se defendeu. - Sabe que não estou mentindo.
Sehun ficou calado, pois sabia que Jongin estava certo. Nos primeiros dias, ele se odiou por ter dito o que disse à Mi So. Depois, se conformou por tê-la perdido. Mi So não atendia suas ligações, ou respondia suas mensagens. Sua mãe estava decepcionada com ele, mas sabia que não o odiava. Não como a filha.
E então, quando ela conseguiu voltar ao trabalho, e ele estava no país, ele a visitava no tribunal. Vendo-a de frente para o juiz, toda imponente e segura, ele sentia a raiva crescer dentro do peito e queria balança-la pelos ombros até ela derramar a última lágrima que ele sabia que ela guardava.
Mas ela estava bem. Ia ao médico regularmente, caminhava quase todas as manhãs. Mas estava sempre atolada de trabalho e tinha dificuldades para dormir. Ele sabia disso, ela lhe dizia isso quando piscava mais que o normal ou suspirava demais e ficava sempre massageando os próprios ombros.
Mas estava viva.
E seguindo a vida sem ele. Sehun quase riu do próprio drama.
- Ela está ótima. - Jongdae cortou seus pensamentos, como se adivinhasse o que se passava em sua mente. - Mas não ficou assim da noite pro dia. E não foi fácil para ela passar por tudo aquilo e ainda ter que superar sua ausência porque você simplesmente achou que não era capaz de lidar com aquela confusão toda.
Sehun franziu o cenho tentando não ficar com raiva das palavras do amigo. Jongin e Minseok olhavam de um para o outro com os olhos arregalados, tentando decidir se deveriam se preparar para uma possível briga ou se seria melhor para todos que eles saíssem dali o mais rápido possível.
Quando Sehun abriu a boca para se defender e dizer que ele não fizera aquilo por vontade própria, Jongdae tornou a falar.
- Eu sei o que a mãe dela disse. - o Kim disse, e Sehun deduziu que era melhor ficar calado e ouvir o que o amigo tinha a dizer. O tom dele era tranquilo e perturbador. - Ela não tinha esse direito. A filha dela tinha. E Mi So pediu para você ficar. Mas você não ficou. E eu sei que isso acabou com ela, e ela pode dizer que superou, mas não é verdade. E você sabe que também não a superou. Não vou dizer para ir lá e pedir para voltarem e fazer tudo ficar bem, porque você não tem esse poder. Mas eu vou pedir para que, se você ainda tem o mínimo de amor por ela, esclareça as coisas. Porque ela acha que você a odeia. E isso está acabando com ela mais do que qualquer outra coisa.
O silêncio que seguiu a fala de Jongdae foi a coisa mais horrível que os meninos conseguiam se lembrar.
A cabeça de Sehun rodava e a respiração estava rápida demais para alguém que estava sentado.
Com a voz baixa e fraca, ele perguntou.
- Como você sabe de tudo isso?
Jongdae bebeu um gole de sua cerveja antes de responder.
- Min-ah não segura a língua quando está com raiva.
- A mensagem... ela disse tudo isso na mensagem? - indagou Sehun, recuperando um pouco mais da voz.
Jongdae assentiu.
- Ela sente sua falta Sehun. - disse ele. - E você também.
Então, depois de um outro momento de silêncio, Minseok disse:
- Volta para casa, Sehun.
Sem pensar duas vezes, Sehun se levantou e saiu sem nem pegar seu casaco. O céu estava limpo, apesar de o vento estar fresco. As luzes eram borrões ao seu redor e as coisas pareciam tão fáceis e escancaradas como eram antes de tudo acontecer. Tudo parecia certo de novo.
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Angel. 》Oh Sehun 《
Romance"Eu vi um anjo Quando vi você pela primeira vez Você brilhou como um anjo do céu Fiquei curioso Você se parece com quem pra ser tão linda? Eu serei sua estrela do amanhecer e você será meu anjo Você é meu anjo Eu serei sua estrela do amanhecer E voc...