O meu sono foi péssimo. Minha cabeça permanecia embaralhada e dolorida, talvez pela luta, talvez pelo impacto causado por palavras que não me dizem respeito.
Amanheci com o olhar inchado e caído, o próprio rosto da derrota.
É compreensível que as seguintes palavras pronunciadas de Marinette dessa época não foram propositais, eu não sou filha querida aqui e ela não é minha mãe. Não é culpa dela, mas por que me importo tanto? Por que dói tanto?
Meu avô destruía tudo e todos que cruzavam seu caminho por amor. E agora, parando para pensar, eu não sou tão diferente disso.
Os kwamis ficaram no sofá da interface mágica enquanto fui para escola. Eu necessitava de espaço, ficar sozinha, pensar sozinha, um pouco mais.
Pare de tentar modificar o passado, preste atenção no presente e esqueça o futuro. Essa frase faz tanto sentido agora, eu estou vivendo um pesadelo que não sei consertar, porém estava disposta à isso.
O sentimento de culpa me consumia. Eu interferi com um ato heróico, mas um herói não pode salvar todo mundo. Alguns dos meus pagaram o preço, e por egoísmo, preciso acertar essas alternativas de uma vez.
A sala de aula estava quieta pela primeira vez na semana, os buzinas dos carros e o aglomerado de pessoas passando por àquela avenida era perceptível.
Entrei tão silenciosamente porém, mesmo assim, os olhos frios e insistentes notaram a minha presença e se prenderam de uma vez em mim.
Me sentei vagamente no meu lugar. Debreucei a cabeça na mesa antes de uma ouvir uma batida nela.
- O que? - Virei a cabeça estranhamente pesada observando a figurinha loura com um óculos de sol no topo da cabeça.
- O que pensa que está fazendo? - perguntou ela com impaciência enquanto sua amiga, ruiva, observava a cena atrás dela.
- Chloé o que houve? - ergui a cabeça me esticando, apesar da noite ruim, concentrei minha total atenção á ela.
- Como o que? Você quase mata aula e finge como se nada tivesse acontecido? Quem voce pensa que é? - cruzou os braços acima do peito.
- Desculpe mas do que está falando? - perguntei extremamente confusa. Será que ela finalmente enlouqueceu?
- Seus pais vieram na nossa sala há alguns minutos perguntado onde você estava, eles entraram pela janela da escola! Onde está a educação?
Levantei da cadeira rapidamente de forma bruta, percebendo que Marinette e Adrien não estavam na sala também.
O som da cadeira sendo empurrada estremeceu a sala silenciosa, olhos amigos permaneciam fixos e sem disfarce em nossa conversa.
- Eles estavam aqui? - chaqualhei a cabeça para ter certeza do que ouvira.
- Não banque a especial só por que seus pais salvam a nossa cidade. - foi a última coisa dita antes de sair para seu lugar com um pouco de raiva nos olhos, sendo ouvindo apenas o barulho de seus sapatos batendo no chão.
O momento foi de adrenalina, nada mais importava. Corri para fora da sala e dela para fora da escola. Estava totalmente preparada para descer as escadas da entrada quando ouvi o som do aglomerado de pessoas que, coincidentemente, ouvi tambem dentro da sala de aula há pouco.
- Olha se não é a minha garotinha!- olhei para cima e vi Chat Noir descer com seu bastão telhado abaixo. - Sua mãe e eu viemos te buscar mais cedo, você tem dentista. - sorriu e piscou.
- Minha mãe? - perguntei, ele apontou para o outro lado do prédio e me virei para olha-lo.
Ladybug enlaçou seu io-io de joaninha no bastão do parceiro ainda estendido, descendo em nossa direção como se tivesse feito uma espécie de tirolesa.
- Emma, precisamos conversar. - disse ela com seu olhar recuado de culpa.
Agora compreendi a bagunça na entrada do Colégio. Quanto mais tempos ficávamos alí, mais pessoas se reuniam pedindo fotos, autógrafos e faziam dezenas de perguntas. As típicas.
Sussurrei no ouvido dos dois heróis para irmos dar a volta por cima da escola, assim não seríamos seguidos e teríamos paz para finalmente conversar.
Assim o fizeram. Me pegaram no colo e fomos para a entrada mágica, dibrando cidadãos curiosos.
Minha mão envolveu o brilho, que já havia me acostumado, na fechadura por impressão digital de super-herói.
Entramos. A dupla dinâmica observava tudo e sorria com os artefatos e o ambiente confortável e moderno. Não era isso que eles esperavam, acredito eu.
Os fiz sentarem no sofá em que estavam os kwamis quando saí.
Me sentei na poltrona de frente para os dois. Plagg e Tikki flutuaram em seguida pousando um em casa lado da poltrona. Suspirei.- O que quer conversar? - pronunciei.
Ela olhou o parceiro e respondeu:
- É mais um pedido de desculpas. Não deveria ter te dito nada que não quisesse ter ouvido. Não foi intencional, mas isso é novo para nós também. Me perdoe, Emma. - suas palavras soaram como um vento, me coração ficou mais leve.
- Deveria ter entendido o seu lado naquela hora. Eu pensei só apenas em eu mesma e quero pedir minhas sinceras desculpas por isso. O futuro é diferente disso...tudo. - respirei fundo sentindo uma gota d'água deslizar pelo meu rosto. - É que, - funguei- Só me resta medo.
Eles me olharam em silêncio me esperando prosseguir.
- Deveríamos sofrer juntos ou encontrar um novo mundo? Eu pensei nisso durante muito tempo, se naquela vasto momento eu deveria ter o mesmo destino que meus atuais pais e irmãos ou se deveria mesmo fazer o que ando fazendo nesses últimos dias, tentando consertar tudo. Agora que eu sou o temido poder absoluto, Mystery nao passa de um codinome sem sentido por que quem eu queria que visse isso não está ao meu redor. Não posso prever quando um bomba vai explodir, quais obstáculos po voltar no tempo eu irei enfrentar, eu penso nas possibilidades todos os dias. Quando estamos aqui, juntos, - olhei para o dupla e para os kwamis- sinto, percebo que a situação perdeu o brilho. Não por que eu sou menos esperançosa, é por que vocês não são eles. E eu tentei idealizados em vocês por que eu sinto muita falta da minha família. - terminei de dizer com os olhos completamente marejados.
Ladybug se levantou e se ajoelhou na minha frente, enxugando minhas lágrimas com os dedos.
- Ei, se acalme. - Chat noir ainda sentado disse com sua voz recorfotante - Não se pode aprender uma lição que não venha com dor, já que não se pode ter nada sem pagar um preço. Mas, quando suportamos essa dor e a superamos, nós ganhamos um coração forte e que não se perde para nada. Um coração forte como aço.
O choro ficou ainda mais corrente. Mesmo com pouca idade ele me tratava como pai, e sabia o que fazer.
- Não chore. - Mamãe segurou minhas mãos. - Apesar de não poder acabar com a sensação de inutilidade que te assombra agora, eu posso te dizer que voce vai aprender a conviver com ela assim como eu e...seu pai. - percebi um sorriso vindo de meu pai logo no fundo. O que me fez soltar um riso. - Sabe, aquilo que voce considera menos valioso importa mais do que tudo. Existe beleza na coragem do guerreiro frágil, naqueles perseveram apesar dos problemas. Naqueles que ainda acreditam que há bondade no mundo. Nós sabemos a dor que voce carrega, e acredite, você faz diferença. pra nós, seus pais e para todos. tenho certeza disso.
Impulsivamente, pulei em seus braços a abraçando com ternura e carinho.
- É uma pena não poder se destransformar aqui, você nao sabe o que está te aguardando. - sussurrei com a voz cálida e baixa.
Estendi a mão para Chat Noir, que a pegou na mesma e o puxei para o abraço. Estalei os dedos e chamei os kwamis, eles estavam com tanta saudade quanto eu disso eu tinha certeza.
Eles sabiam que eu precisava daquilo, então não hesitaram em me deixar alí o tempo necessário até que eu decidisse me soltar deles.
Ficamos presos na corrente de sentimentos e emoções, tentando entender um aos outros apesar das dificuldades de agora.
O passado pode doer, você pode fugir dele ou aprender com ele, antes de voltar para o futuro. Antes de voltar para a casa.
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INYL- From The Future To The Past
FanfictionA vida da jovem Emma, uma garota de 16 anos se altera completamente por causa de um desejo que a leva para outro mundo. Agora ela precisa arrumar o que bagunçou e voltar para casa o mais rápido possível, pois alguém muito importante pode estar em pe...