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•Mary vision•

-Por favor, Mary, eu preciso saber se ela está disposta a me ouvir, vá na casa dela, veja como ela está.-Ruel insisti pela décima vez que eu vá na casa da Brandy.

-Ela deve estar destruída, Ruel. E afinal, você vem na minha casa, a essa hora da tarde, depois de ter escondido de mim algo tão ridículo como isso e ainda me pede para ir na casa da garota que você praticamente pisou? Ruel, eu disse que não te perdoaria, e não sei se vou, mesmo você sendo meu melhor amigo.

-Mary, eu imploro, me perdoe, e por favor, vá a casa da Brandy, é a única coisa que te peço, eu não vou te decepcionar, nem decepcioná-la novamente, eu farei de tudo para me redimir, de tudo.

-Não sei se devo confiar em você.

-Te dou minha palavra que não estou mentindo, mesmo que minha palavra no momento não valha nada para você.

Respiro fundo e encaro o Ruel, ele está desesperado e isso é visível.

-Tudo bem.-Digo e ele comemora.-Mas, se ela não quiser falar com você, eu não irei obrigá-la.

-Tudo bem, te espero lá em casa com as notícias.-Ele beija meu rosto e sai de casa todo nervoso e ansioso.

Bom, lá vou eu tentar ajudar o Ruel, mesmo que ele não mereça.

Pego meu celular na mesa de centro e me levanto do sofá. Saio de casa e então sigo para a casa dos Lodge.

Ao chegar, toco a campainha e o Millard atende.

-Oi.-Te dou um selinho.-Vim ver a sua irmã.

-Entre.

Entro e ele fecha a porta.

-Onde ela está?

-No quarto, pode subir.

Subo as escadas cautelosamente para não fazer barulho, paro a porta do quarto da Brandy, respiro fundo e só então bato na porta.

Bran atende, ela estava acabada, rosto inchado, olheiras, nariz vermelho e pálida, como ficou assim da noite pro dia?

-Posso entrar?-Pergunto receosa.

-Pode.

Entro e fecho a porta. Brandy andava de um lado para o outro como se algo estivesse a incomodando e ela não conseguisse ficar parada.

-Como você está?-Pergunto mesmo sabendo o óbvio.

-Melhor que ontem, pior que amanhã.

-Bran, você deve odiar o Ruel agora, não é?

-Não, na verdade...-Ela deixa escapar algumas lágrimas.-Eu odeio o fato de não conseguir odiá-lo tanto quanto o amo.

-Você o ama?

-Infelizmente sim, eu o amo.

-Eu sinto muito.

-Não sinta, eu deveria ter te escutado e ter me mantido longe dele.

-Você não acha que deveria ouvi-lo? Saber o que ele tem a dizer sobre isso tudo?

Ela rir com ironia, mesmo estando chorando...

-Eu não quero ver o Ruel na minha frente de jeito nenhum.

-É, te entendo.

-Eu achei que o Ruel seria a minha tinha amarela, talvez ele tenha sido mesmo. Sabia que mesmo que Van Gogh achasse que ficaria feliz tomando tinta amarela porque a considerava uma cor alegre, ele nunca ficaria pois a tinta tinha chumbo e o chumbo no sistema nervoso provoca depressão? Então, Ruel foi a minha tinta amarela, e eu odeio admitir isso.

Eu fiquei sem saber o que dizer, foi uma metáfora forte, isso me fez refletir.

-Bran, eu acho que você merece mesmo alguém melhor que o Ruel. Se quiser ajuda, eu estarei aqui, sempre disponível.

-Eu agradeço, Mary.-Ela força uma sorriso.-Mas sem querer ser mau educada, eu quero ficar sozinha.

-Claro.

Antes de sair do quarto, vou até ela e a abraço.

-Obrigada pela visita, você é uma amiga incrível.

-Por nada. Fica bem.-Digo por fim.

Saio do quarto e desço para o andar de baixo. Millard estava assistindo TV, ele vem até a mim e eu me despeço dele com um beijo.

Saio da casa e vou direto para a residência dos Van Dijk. Ao chegar, avistei o Ruel na varanda, o mesmo se levantou da cadeira que estava sentado, assim que me viu.

-E ai?-Ele pergunta, apreensivo, assim que chego na varanda.

-Ela está muito mal e disse que não quer te ver de jeito nenhum.

-Ah merda. Bom, eu vou dar meu jeito, eu falarei com ela, mesmo ela não querendo.

-Ruel, dê um tempo a ela, tente falar com ela amanhã, ela ainda está realmente muito mal, hoje seria péssimo você tentar algo, e aliás, já está anoitecendo, aparecer na casa dos outros agora, perante essa situação, não seria nada delicado.

-É, você tem razão.-Ele concorda.-Obrigado Mary.

-Por nada. Bom, vou para casa.

-Quer que eu te leve?

-Não é necessário.

-Okay.

Me despeço dele e vou para casa, não fica tão longe.

Eu espero mesmo que o Ruel não procure a Brandy na intenção de piorar toda a situação, eu não consigo duvidar mais de nada que possa vim do mesmo.

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~Quem é a sua tinta amarela?~

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