A maldição

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Em seu isolado palácio, o garotinho de treze anos finalmente foi chamado e mal conseguia conter o sorriso que surgia em seus lábios, de felicidade por ter sido lembrado ao menos uma vez.

Abel sempre sonhou em descobrir o rosto de seu pai, saber como ele era, mas nunca possuiu oportunidade para isso. Imaginava então que finalmente tal coisa fosse possível, porém, ao chegar, uma mucana lacônica apenas segura pelo braço o pequeno e frágil garotinho, o levando contra sua vontade até um cômodo com duas imensas portas que se abriam em conjunto.

Era um lugar luxuoso, repleto de riquezas e coisas que brilhavam, deixando o garoto assustado por ser tão diferente de sua realidade. Aquele era o quarto de seu meio-irmão, algo que ele somente soube ao ver um garotinho de aparente mesma idade imóvel na cama com uma aparência pálida e depois uma mulher de grossos fios loiros o analisando com os braços cruzados, dando-o um arrepio na espinha.

— Senhora? — ele estava assustado...assustado, cansado e despreparado.

— Venha — vendo a coroa pontuda em sua cabeça, ele se dá conta da identidade da mulher e ela fala com tanta delicadeza, mesmo fingida, que Abel vê um pedaço de esperança, de que finalmente seria aceito, e a devora com toda fome de espírito.

Porém nada mais era do que pura atuação, a velha bruxa sabia que se mostrasse todo seu desprezo o garoto não colaboraria com seus planos, então usou sua expressão de negócios e escondeu suas garras.

Com seu sorriso mais falso ela fez com que o menino se aproximasse, quando ele chegou perto suficiente o feiticeiro o puxou pela mão e segurou a mão do príncipe herdeiro também, fazendo com que o feitiço se iniciasse.

Todo quarto foi coberto por uma fumaça negra e densa, em poucos minutos a dor de Caim se passava para Abel, as marcas de seu corpo e a agonia de sua alma iam desaparecendo enquanto o próprio amaldiçoava seu irmão mais velho por alguns minutos.

O pobre garoto tentava puxar a mão e se livrar de tamanho tormento, mas até que o feitiço terminasse nada ele conseguiu fazer, pois uma criança não era mais forte do que um adulto, então toda sua energia foi usada em vão.

— Rainha mãe? — o garoto que estava acamado pelas últimas oito horas levanta de seu sono, enquanto o outro príncipe cai no chão duro, deixando a rainha satisfeita que manda para um dos guardas chamar uma mucana.

— Senhora? — fala a jovem mucana que entra, tentando não olhar muito para o local

— Leve esse garoto para o antigo quarto daquela meretriz — ela fala se referindo a mãe do jovem príncipe, a mucana parecia querer contestar tal ordem, por aquele quarto estar em péssimas condições e além disso, a criança caída no chão parecia estar morta, sendo desnecessário tal ação...mas ela não o faz e simplesmente obedece, puxando a criança de mal jeito.

— Dará minha recompensa agora? — fala o feiticeiro já impaciente, se referindo a jpia prometida.

— Claro — um sorriso maldoso se forma nos lábios da rainha e seus dedos tocam o colar de rubi, uma pedra com grande potencial mágico, levantando seu olhar aos guardas na porta — Guardas! — ela grita e antes que o ancião pudesse reagir, os dois homens o pegam pelo braço colocando algemas que impediam que um usuário de magia usasse seu poder e assim  o arrastaram para o calabouço, onde alí ele apodreceria.

O Príncipe Cruel {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora