Capítulo 4

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Meu corpo estava em chamas internamente, o ardor é agoniante impedindo o prosseguir de meu sono. Meus dedos estavam dormentes e minhas pernas puxavam com dificuldade o restante de meu corpo, como se pesasse uma tonelada.


inda assim resolvi ir até o jardim em busca de um pouco de ar puro para que meus pulmões pudesse funcionar corretamente e os pensamentos de um rapaz no fim de sua adolescência vieram a tona em sua crise existencial.

Uma coisa que nunca saia de minha mente era imaginar como seria minha mãe...nunca me foi dito muito sobre ela, o máximo fora de que morrera em meu parto.

Será que eu me parecia com ela? Será que ela me amava? Será que...ela se arrependeu de ter me dado a luz?

Meus pensamentos são interrompidas quando ouço um barulho vindo de fora dos negros portões e sem entender muito observo aquela cena imóvel. Uma garota salta por cima do portão caindo em meu território.

— Droga... — ela se levanta resmungando e eu dou um passo para trás assustado.

— Quem é você e o que está fazendo aqui...? — sinto minha respiração falhar. Eu estava com medo.

Ela só nota minha presença quando eu falo, era uma mulher de cabelo prata e olhos cor de framboesa, com um vestido revelador um pouco rasgado, a boca sangrando e um corte em seu braço, me deixando ainda mais assustado com sua fisionomia e o sangue em sua roupa.

A mulher saca uma adaga escondida em sua coxa e a aponta para minha pessoa em um reflexo, considerando-me uma ameaça, até que ao me olhar ela se assusta deixando a adaga cair.

— Que tipo de monstro é você?...

Eu estava tremendo — agora não apenas pelo livro. Desde meus treze anos não tive ninguém além de minha irmã e meu primo, estão não estava acostumado com outras pessoas, principalmente uma pessoa com uma arma. Uma vez que todos os estranhos armados de minha lembrança tentaram tirar-me a vida.

— Vá embora daqui...saia daqui — eu grito tropecando em meus próprios pés e caindo no chão.

A garota demonstra medo de que meus gritos chamem atenção dos que a perseguiam, então se aproxima bruscamente tentando fazer com que eu me cale.

— Por favor pare de gritar!

— Não chegue muito perto — me levanto seu jeito. — Você também veio tentar me matar?

Ser atacado por assassinos já fazia parte do meu dia a dia, mas ainda assim era algo assustador de se vivenciar. A maldição — que ao mesmo tempo o causava absurda dor, o protegia de um assassinato — se acionava quando o assassino conseguia realizar um toque direto com o príncipe, matando o violador brutalmente, mas aquele não seria o caso.

— O que? Por que eu mataria você? Você é bizarro, com certeza, mas não mataria você por isto, criança.

Com a maldição dada aos treze anos, meu corpo parou de crescer. Sendo assim, mesmo com dezoito anos de idade recém completos, eu ainda parecia uma criança de apenas treze anos.

— Quem é você? — a lanço uma mirada rígida, não típico de uma criança como aparentava ser.

— Angel, sou da resistência contra a coroa — ela fala em uma postura, como se estivesse orgulhosa de suas palavras e logo me olha com uma sobrancelha levantada — E quem é você?

Como ela se mostrava contra a monarquia, resolvi não revelar minha identidade, pois acredito que meu nome sequer era citado e poucos sabiam qualquer coisa a meu respeito, a respeito do príncipe bastardo que foi amaldiçoado por "meus pecados".

— Abel. Meu nome é Abel.

— Que nome diferente — a prateada sorri e meu medo diminui um pouco. — Tem mais alguém aqui além de você? — fala olhando ao redor como se quisesse conferir.

— Eu vivo sozinho — sabia que era arriscado dar tais informações, mas se ela quisesse me matar, não conseguiria mesmo se tentasse.

— Que? Uma criança sozinha neste casarão? — ela falava com uma camponesa, era engraçado de ouvir, mas não poderia ficar muito perto dela.

— Peço que por favor retire-se, não sei quem a perseguia, mas não tem como alguém vir por aqui.

Estas palavras não deixavam de ser uma verdade, afinal, ninguém sequer sonharia que alguém entrou por vontade própria no palácio amaldiçoado.

— Vá embora! — reforça seu pedido.

O Príncipe Cruel {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora