— Irmão... — sua face preocupada já se trnasformava em algo normal para meus olhos verem, juntamente do sorriso gentil de Philippe que o acompanhava quase de imediato.
Fomos até o interior de meu descuidado palácio. A imagem de uma princesa com um vestido de tecido caro e jóias preciosas com um espanador de pó não era algo previsto por outrem, porém minha amada irmã sempre dedicava de seu tempo para cuidar de mim, já que minha visão impossibilitava tais cuidados.
Philippe preparava um alimento adequado enquanto Santiana deixava meu lar habitável. Mesmo que eles não conseguissem vir muitas vezes, apenas alguns momentos de contato humano já me deixava feliz.
Desde que me foi dada esta maldição apenas ouvi as vozes de minha irmã e primo. Sinto como se o mundo estivesse fechado para mim, é doloroso, é vazio, é solitário, mas este tipo de vida é a única que conheço e a única que me é permitida viver.
— Não esqueça que você tem seu baile de debut mais tarde — posso ouvir a voz de Philippe um tanto rígida. Mesmo também pertencendo a família real ainda se limitava a cuidador de minha irmã, por algum motivo que eu não conseguia indentificar.
— Ah... — fala triste segurando seu chá enquanto balançava os pés — Por que você sempre me lembra de coisas desagradáveis?! — ela resmunga e eu fico pensando na palavra dita, em minha cabeça.
— O que é debut? — percebo que eles ficam surpresos com a minha pergunta por seus olhares, mas não demostram mais do que isso de seu espanto para não me deixarem desconfortável.
— É algo muito chato! Você tem que falar com um monte de velhos chatos, dançar com filhos de homens ruins — enquanto ela falava Philippe a interrompe tocando seu ombro.
— Não é algo muito agradável, mas você não precisa saber disso — ele fala com o sorriso gentil típico dele e Santiana o fita sem entender muito sua reação.
penas faço um gesto de cabeça por entender o motivo de uma resposta tão fria. Ele nunca gostava que eu soubesse muito sobre o mundo exterior, talvez por saber que eu nunca sairia daqui, para que minha angústia não se aumentasse. Uma maneira de me poupar.
Mudando de assunto ele nos serve o que ele havia preparado para animar os ânimos. A comida de Philippe sempre arrancava algumas lágrimas de felicidade de mim e minha pequena irmã sempre ria por conta disso.
Conversamos por um bom tempo até que eles foram aos portões, ouvir a movimentação antes de pularem o muro para que ninguém percebesse seu vandalismo indigno de um membro da família real.
— Irmão...cuide-se. Nós voltaremos assim que possível — sempre na despedida ela me olha com um olhar de dor e eu apenas sorrio de lado sem saber como reagir.
— Preparei um banho medicinal para você, vá banhar-se assim que possível. — Philippe fala gentilmente e leva Santiana fora de meu campo de visão.
Em meu quarto me jogo na cama observando o teto que antes me fazia espirrar tanto. Fico perdido em pensamentos, do quão as coisas ficaram difíceis depois que a velha mucana que tanto me cuidou faleceu e os homens adultos tão atenciosos que eram amigos de minha mãe foram levados para fora sem nenhuma razão, até lembrar-me sobre o banho.
Pego uma outra camisola no velho armário, os únicos tipos de roupas que eu possuía, a deixo sobre a pia observando a água verde daquela banheira...aos poucos tiro a roupa de dormir que estava sobre meu corpo, de forma inevitável vejo meu reflexo no espelho.
Toco o lado direito de meu próprio rosto, coberto de marcas que mais pareciam kanji ou desenhos pré-históricos — sempre me perguntei se eram apenas marcas ou se possuíam alguma escrita importante e um idioma desconhecido.
Em meus ombros, queimaduras de segundo a terceiro grau. Em meu peito, cortes de facas e meus lábios já estavam roxos das tantas vezes que fui envenenado.
Sempre me perguntei do motivo da rainha ter tanto ódio por uma pessoa tão insignificante como eu ao ponto de mandar assassinos tão constantemente.
Ela pensou que uma vez que meu corpo aceitasse a maldição ela poderia simplesmente matar-me e se livrar de mim, mas ao mesmo tempo que a maldição me causa dor agonizante, ela me protege de qualquer intervenção externa que tente tirar-me a vida, somente por isso ainda sobrevivo a tantos atentados.
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O Príncipe Cruel {Concluído}
Fiksi SejarahEssa é a Primeira história de T.M, a escrevi quando ainda era criança e por isso não é uma de minhas obras favoritas, mas espero que vocês possam desfrutar na medida do possível. Os convido a ler as histórias atuais, garanto que será divertido.💛 In...