Aquele pesadelo estava acontecendo de novo. Eu estava trancada no meu quarto, com as braços abraçados ao meu joelho, o rosto encostado no mesmo e tentava tapar os ouvidos com as mãos. Mesmo com a tentativa de não ouvir nada que vinha da sala, era inevitável. Eu podia ouvir os gritos da minha mãe, pedindo para aquele monstro parasse de machuca-la e ele só a batia, como se ele não ouvisse absolutamente nada dos pedidos de socorro dela.
Foi então que, criei coragem, abri a porta do meu quarto com um pedaço de madeira a tira colo que deixei escondido no meu quarto. Gritei: – Se você não parar de bater na minha mãe agora, eu acabo com você.
Meu coração estava acelerado. Eu estava morrendo de medo. Não sabia o que meu pai tinha se tornado. Ou melhor, o que a bebida tinha feito com ele. Era aterrorizante ter que falar com ele naquele tom.
Jorge: Ah, é!? Jura, Manuela? – Ele virou-se de frente para mim e o tom de ironia em sua voz era perceptível. O cheiro de bebida era forte. Olhei para minha mãe, deitava no canto da sala, com o olho direito roxo e a testa sangrando. Foi o fim para mim. – O que você pretende fazer? Me acertar com esse pedaço ridículo de madeira? E depois? – Ele fez uma pausa, olhou para minha mãe e depois volto a me olhar. – Você sabe muito bem que o que está por vir, vai ser muito pior... Então, vai. Siga em frente.
Eu tremia e lágrimas escorriam dos meus olhos. Ele tinha se tornado um monstro, um doente. Como alguém muda tanto? Como alguém que era totalmente entregue a família e ao trabalho se entra pro álcool assim? Eu demorei aproximadamente 20 segundos depois do discurso do meu pai e então dei uma paulada em sua cabeça.
Ajudei a minha mãe se levantar. Ela estava completamente apavorada.
Manuela: Vou arrumar um jeito de te levar pro hospital ou então, vou chamar uma ambulância.
Carla: Não. Não, Manu. Não faz isso. – Ela gemeu de dor após ter dito isso e colocou a mão na barriga, no intuito de amenizar a dor.
Manuela: Olha o seu estado, mãe. Por favor. Ele não pode continuar fazendo isso com você. Comigo. Com a gente. Por todos os santos que a senhora ora, vamos ao hospital.
Carla: Chegando lá, eu vou falar o que? Como vou explicar como me machuquei tanto? Eu não posso, filha.
Manuela: Mãe, pelo amor de Deus. A senhora vai permitir mesmo que ele continue fazendo o que faz? – Levantei a blusa dela e pude ver como estava roxo e haviam outras marcas de outras brigas. – Olha pra você. Olha esses machucados. Olha pra mim. – Foi então que eu virei de costas e levantei a minha camiseta. Haviam marcas de espancamento por toda parte. Virei de frente e mostrei também os ferimentos nas coxas. – Chega, mãe. Chega desse inferno. Eu não aguento mais... – Eu comecei a chorar e a abracei.
Carla: Eu não posso, meu amor. – Ela levou a mão direita pro meu cabelo e fez carinho enquanto falava. – Ele é seu pai e meu marido. Eu não posso entregá-lo assim para a polícia. Ele vai mudar. Eu acredito. Você também deve acreditar. Pela família.
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Puta Profissional
Teen FictionSinopse: Manuela estava cansada de levar tantos murros de seu pai. O pior de tudo, era ver sua mãe numa situação pior do que a dela. Ela já havia implorado para que sua mãe denunciasse seu pai, mas a mãe se recusava. A mistura de medo e amor que ela...