16º Capítulo.

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Ajeitamos umas coisas na boate e voltamos pra casa meio tarde. As meninas pararam em uma lanchonete pra buscar algo pra comer. Eu não estava com a fome, então resolvi ir pra casa a pé.
Ia caminhando pelas ruas e em uma delas, tinha uma sorveteria. O que me fez parar e ficar, aproximadamente, um minuto olhando, foi a presença de Guilherme e uma outra garota lá dentro. Eles estavam sentados em uma mesa, de costas pra saída da sorveteria. Eles riam e a menina chegou a dar uma colher cheia de sorvete na boca do Guilherme. A garota era morena e ao virar de perfil, me pareceu realmente muito bonita. Meu estomago embrulhou. Sai dali assim que minha mente me permitiu. Continuei andando pela rua, mas acelerei o passo. Droga, Manuela. Por que você está assim? Você não tinha nada com o Guilherme. Dois beijos e só. Ele jamais ia querer uma garota de programa. Uma futura garota de programa, mas dá no mesmo. Qual é o seu problema, Manuela? Você não o quer. Ou melhor, não pode querer. Me fez muito mal ter visto aquela cena.
Cheguei em casa, corri pro quarto e afoguei o rosto no travesseiro logo após me jogar da cama. Apesar de não ter gostado de ver a cena romântica que Guilherme estava, foi bom pra mim. Sim, bom. Bom pra eu desencanar e nem me iludir. Guilherme não é pra mim. Acorda, Manuela. Sua realidade é outra agora. Conforme-se. Tentei enganar a mim mesma.

Manuela: Imbecil –Gritei o mais alto que pude.
Lembrei-me do que a gente tinha feito no metrô. O beijo do metrô. E do beijo do terraço... Ah, o beijo do terraço. Lembrei de como o Guilherme me fazia rir e me fazia bem. Ele era um garoto incrível. Um garoto incrível que merecia uma garota incrível... Como a menina da sorveteria. Ah, a menina da sorveteria... Linda e totalmente livre pra ficar com ele. Sem pressão da mãe dele. Uma garota normal, não de programa. Merda! Por que não o conheci antes? Por que aquele dia que ele esbarrou em mim, eu não o puxei pelo braço e disse: "Faça-me feliz."? Por que? Exageros a parte, devia, pelo menos, ter dito meu nome. Pego o telefone ele. Alguma coisa eu devia ter feito, não sair correndo. Merda. Merda. Merda. Nessa lamentação toda, eu acabei dormindo.
Os outros dias foram normais. Eu queria encostar o Guilherme na parede, literalmente falando. Perguntar quem era aquela menina e porque ela deu sorvete na boca dele. Mas eu não tinha esse direito. Aliás, me proibi de ter qualquer relação a mais com ele. Não podia me dar a esse luxo. Ele vinha sempre puxar papo, mas eu o evitei o máximo que consegui. Conversava só o que era necessário para que ele não me chamasse de mal educada.
Um dia desses, eu e as meninas organizávamos umas coisas a sala. Ele passou pela mesma, colocou a mão em meu braço, fez um sinal discreto para eu ir a cozinha. Foi o que eu fiz.

Guilherme: Por que esse gelo todo, Manu? Eu beijo tão mal assim? –Seu beijo é perf... Não me permiti terminar o pensamento e me obriguei a não pensar mais sobre isso. Não naquele momento.

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